domingo, 20 de dezembro de 2015

Artigo de Opinião - Daqui a um ano - Frei Betto

Como evitar que tantos jovens muçulmanos cresçam sem ressentimento e ódio no coração?

O DIA


Rio - Todo fim de ano, a mídia faz o balanço das principais notícias dos 12 meses anteriores. A tragédia de Mariana e os massacres terroristas em Paris (‘Charlie Hebdo’ e Bataclan) sem dúvida merecerão destaque. Em novembro de 2016, daqui a um ano, os dois fatos voltarão a ser destaques. Não é preciso ter bola de cristal para adivinhar que seremos informados de que, em Mariana, as vítimas que sobreviveram ao mar de lama continuam desamparadas, à espera do cumprimento de promessas do governo e da Samarco.

De Paris, veremos de novo as fotos da mortandade causada pelo terrorismo. E, mais uma vez, as imagens dos aviões em choque com as Torres Gêmeas, em Nova York, em 2001, para enfatizar que ali se perpetrou o maior atentado terrorista da história.

Mentira. Os dois maiores atentados terroristas foram as bombas atômicas lançadas pelos EUA, em 1945, sobre a população civil de Hiroshima e de Nagasaki. Morreram 129 mil pessoas, segundo os EUA, ou 246 mil, de acordo com os japoneses.

Terão os aliados ocidentais derrotado o Estado Islâmico até novembro de 2016? Se analisarmos os precedentes, paira a dúvida. O Ocidente, frente ao inimigo, reage por uma única via: a lei do talião, olho por olho, dente por dente. Assim, derrotada a Al-Qaeda e morto Bin Laden, surgiu o Estado Islâmico com muito mais força, por dominar um território entre o Iraque e a Síria, e muito mais ousadia cruel.

Há 16 milhões de muçulmanos na Europa Ocidental, que não podem nem devem ser identificados como aliados do terrorismo. Porém, são discriminados e tratados como cidadãos de segunda classe. Como evitar que tantos jovens cresçam sem ressentimento e ódio no coração?

O Ocidente ainda não fez mea-culpa das atrocidades perpetradas no Oriente, movido pela cobiça do petróleo. Por que os EUA e seus aliados europeus apoiaram, por tantos anos, a família al-Assad, na Síria; Saddam Hussein, no Iraque; Kadafi, na Líbia; para depois atirar essa gente na lata de lixo da história?

O profeta Isaías proclamou, sete séculos antes de Cristo, que a paz só virá como fruto da justiça. Jamais do mero equilíbrio de forças. Enquanto a busca da paz for movida por ódio e discriminação, a espiral da violência crescerá. A tão apregoada democracia política, da qual o Ocidente tanto se gaba, só deixará de ser mera falácia capitalista quando houver de fato, para 7,3 bilhões de pessoas que habitam a Terra, a sonhada democracia econômica.

Frei Betto é autor de ‘Oito vias para ser feliz’ (Planeta)

Crônicas do Dia - Nunca Mais - Artur Xexéo

Nunca mais vi ninguém pegando jacaré. Nem caçando tatuí. Nunca mais vou ver o Rio Doce

Te Contei, não ? - Um Estado marginal e sem educação

Um Estado marginal e sem educação

Ao longo de 2015, vimos um Estado que é liberal e democrático no discurso, mas de exceção nas formas de conduzir as relações com a comunidade


por Pedro Estevam Serrano

O ano de 2015, marcado pelo avanço de frentes que jogam pelo retrocesso de direitos e contra a democracia, vai encerrando-se com cenas deploráveis de violência praticada pelo aparato policial do Estado contra estudantes que reagiram à proposta do governador paulista de fechar escolas, sob pretexto de reorganizar a gestão.

Em abril, professores paranaenses em greve foram tratados com a mesma truculência, sendo duramente reprimidos pela polícia militar, durante manifestações contrárias a um projeto do governo estadual decidido, a exemplo do que ocorreu em São Paulo, de cima para baixo, sem qualquer diálogo com a categoria. 

Mais do que episódios lamentáveis e emblemáticos do descaso para com a educação pública em nosso país, são situações que revelam uma vocação cada vez maior do Estado de se marginalizar em suas relações com a cidadania.

Na prática, vimos funcionar ao longo deste ano, em diversas ocasiões, um Estado que é liberal e democrático no discurso, mas de exceção nas formas de conduzir as relações com a comunidade.

É estarrecedor que mais de 30 anos após o início da redemocratização, o Estado se mostre tão inapto na hora de lidar com manifestações contrárias àquilo que ele propõe. Ora, é natural, desejável e faz parte do jogo democrático que as pessoas protestem e reivindiquem direitos.

Ao ofender a garantia de manifestação desses cidadãos, reprimindo-os com violência, o Estado – que é quem primeiro deveria cumprir a ordem jurídica – a contraria, marginalizando-se, ou seja, agindo à margem da lei. 

Esse despreparo, sobretudo do aparato policial, que não é meramente acidental, se traduz em cenas impensáveis, como as que assistimos nas últimas semanas. É preciso que fique claro para a sociedade que policiais que apontam armas para estudantes ou aprisionam quem quer com eles dialogar não estão simplesmente “cumprindo seu dever”.

É preciso despi-los da qualidade de agentes do Estado e enxergar o que verdadeiramente são – marginais armados, usando da violência para coagir cidadãos que estão exercendo seus direitos.  Não devemos enxergar na farda a legitimidade para esse tipo de abordagem, pois ela não autoriza ninguém a cometer crime.

Se alguém cumpria deveres – e exercia cidadania – nas cenas descritas, eram os estudantes em luta por aquilo que, em qualquer sociedade minimamente civilizada, todos entendem como direito fundamental:  o acesso pleno à educação.

Aliás, a tática de ocupação usada por esses jovens para forçar o governo a dialogar e recuar foi alentadora, pois demonstra da parte deles não só uma disposição para lutar por esse direito, mas também coerência, já que o fechamento de escolas em um país tão carente de educação como o nosso é absolutamente injustificável. O que se espera é que as escolas melhorem, que a educação seja efetiva, e não mais sucateada. 

As repressões criminosas a trabalhadores da educação e a estudantes pelo aparato policial estatal figuram, sem nenhuma dúvida, como os episódios mais sombrios deste ano, pois escancaram a transmutação do Estado de Direito num Estado de exceção, criminoso, que exerce a soberania de forma bruta e que não enxerga o cidadão como detentor de direitos, mas apenas de deveres e obrigações. 

Por outro lado, a reação desses jovens, pertencentes a uma geração muitas vezes desacreditada, restabelece um equilíbrio muito bem-vindo, pois se de um lado estamos muito distantes de vivenciar a democracia de forma plena, de outro, essa juventude renova, com sua criatividade e espírito de luta, a esperança de que a truculência e o despotismo estatal não serão tolerados.

Como dizem esses mesmos jovens em suas interações nas redes sociais, #NãoPassarão. E que não passe mesmo, em 2016, nenhuma forma de discriminação, de intolerância, de desrespeito às garantias constitucionais e de perseguição.

sábado, 19 de dezembro de 2015

Entrevista - José Roberto Marinho - "Ele será sempre um museu do amanhã"


Idealizador do Museu do Amanhã, o presidente da Fundação Roberto Marinho diz que uma equipe de curadoria atualizará o conteúdo da exposição a cada dia

Crônicas do Dia - O bloco do sanatório geral - Ruth de Aquino

Esta é uma carta pessoal. Não entendo como o desabafo veio parar aqui no site de ÉPOCA, na última página da revista e nas redes sociais. Tudo vaza, as barragens se rompem, os responsáveis não são punidos nem presos e nós ficamos ao desabrigo, sem dinheiro para entrar em recesso. Quem vazou? Dididilma quis ver a lama chegar ao mar antes do Réveillon? Mimimichel decidiu rasgar a fantasia antes do Carnaval? A nossa pátria mãe, subtraída em tenebrosas transações, viu passar, neste fim de ano de 2015, o bloco do sanatório geral.

Tá na Hora do Poeta - No dia - José Henrique da Silva

No dia

No dia  em que se faz 54 anos
Está riscado
Que sem importar - se mais com perdas e danos
É pra se amanhecer do passado, alforriado.

Pois é  momento de pegar -se o remo da vida
Recarregar tua artilharia
E direcionar tua autobiografia,
Pois não adianta,
A história que de você irradia
E escreve
É sempre de tua autoria.

É dia de se reafirmar o que  acredito
Bendizer o que já foi dito,
E ter sonhos, desejos, anseios irrestritos.

É dia de muito agradecer o que estava sabiamente prescrito
Agradecer a força que recebo e transmito
Prostrar - me diante do que é bendito
Entender que para aqui estar inscrito,
Neste mundo de conflitos,
Mais do que nunca faz se necessário ritos.

José Henrique da Silva
19 de dezembro de 2015


quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Te Contei, não ? - Intolerância - Muçulmanos que vivem no Rio sofrem ataques virtuais após atentados na França e criam cartilha de comportamento

O temor é tamanho que os comentários na página oficial da Sociedade Beneficente Muçulmana do Rio de Janeiro (SBMRJ) foram desabilitados


NICOLÁS SATRIANO | 21/11/2015 


Te Contei, não ? - Raridades de Drummond

Rio - Um recente achado histórico deixou o mundo da literatura agitado e pode despertar novos estudos sobre outro estilo de Carlos Drummond de Andrade, que morreu em 1987, no Rio, e é tido por muitos como o mais influente poeta brasileiro do século 20. Três poemas desconhecidos dele, não publicados em livros, foram achados, por acaso, por Mayra de Souza Fontebasso, de 25 anos, aluna do penúltimo ano do curso de Letras da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), no interior paulista.

Crônicas do Dia - Darwin desmentido - Luiz Fernando Veríssimo

Richard Nixon, aquele incompreendido, certa vez defendeu a nomeação de um correligionário notoriamente medíocre para um cargo federal com o argumento de que a mediocridade também precisava ser representada no governo. Certo o Nixon.

Crônicas do Dia - Impunidade ambiental



No Brasil, não existe cultura de prevenção. Em países onde há ciclones e terremotos, há simulações e exercícios frequentes, até para crianças. Aqui, até há pouco, sirenes e Mapeamentos de Risco (MRs) inexistiam. A impunidade ambiental (e não só) é regra: empresas não pagam multas e protelam obrigações de reconstituir ecossistemas — artigo 225 da Constituição federal, que, independentemente de comprovação de culpa, é responsabilidade objetiva.

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Te Contei,não ? - Viagem ao coração quilombola



Fonte: Revista O Globo em 15 de novembro de 2015 
Por Chico Otavio

10/12/2015



Suor descendo pelo rosto, roupas cobertas de poeira e garganta seca. Assim o grupo de mulheres da Caititu do Meio rompia em Berilo, cidade do Médio Jequitinhonha a 550 quilômetros de Belo Horizonte, após duas horas de caminhada sob o sol abrasivo, muita gente torcia o nariz: “Ih, lá vêm as pretas feiticeiras do Caititu.” Uma delas, a jovem Maria Geralda Gomes Oliveira, corria para pedir um copo d’água à primeira janela. Quando o morador dava-lhe as costas sem responder, Geralda não sabia o que fazer: se esperava pela água ou saía de fininho , cabeça baixa, sem olhar para trás.

Três décadas depois, Geralda ergue a cabeça para evoluir ao ritmo do batuque. Não é mais “preta feiticeira”. É quilombola, condição já reconhecida oficialmente. E o Feitiço de caititu, razão do preconceito que as deixava de garganta seca, é agora o legado cultural que poderá livrá-las do ciclo de miséria que assola uma das regiões mais pobres do país. Para vencer o abandono histórico, a carência, a fome, os latifúndios, a grilagem de terras e, para agravar, uma seca recente nunca vista por ali, as comunidades quilombolas do Jequitinhonha, o “vale da miséria” mineiro, querem virar atração turística. Para isso, estão tirando do fundo do baú da memória uma tradição ironicamente preservada pelo isolamento imposto pelo descaso.

domingo, 6 de dezembro de 2015

Aconteceu, por aqui apareceu ....


06 de dezembro de 2015


Como tudo tem um ciclo que inicia - se, desenvolve - se e finda - se....

Começamos hoje - 06 de dezembro de 2015 -  uma outra formatação neste Blog, porém sempre com os meus ideais de trazer luz, conhecimentos, prazer no ato de ler, reflexão a quem por aqui visitar ....