segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Te Contei, não ? - Educação sexual : reprovadas

Levantamento do GLOBO nas redes pública e privada do Rio mostra que poucas Escolas têm projetos específicos de Educação sexual. Especialistas dizem que tabu e falta de diálogo em casa expõem jovens a informações errôneas na internet. Sexo não se aprende na Escola. Ou, pelo menos, o debate sobre sexualidade continua um tabu em sala de aula, fazendo com que jovens busquem respostas na internet. Isso, dizem especialistas, frequentemente leva a informações equivocadas. Enquanto Educadores e sexólogos falam em vácuo na Educação sexual, um levantamento do GLOBO em 20 colégios particulares do Rio, entre eles os 10 melhores do ranking fluminense do Enem 2012, mostrou que só quatro apresentaram projetos específicos para discutir o tema. Na rede pública, as iniciativas são pontuais e tampouco correspondem às diretrizes do Ministério da Educação (MEC).

Artigo de Opinião - Justiça injusta - J.R.Guzzo

São duas fotos quase iguais, tiradas em lugares que ficam a pouco mais de 11.000 quilômetros um do outro, a primeira num cafundó do Maranhão e a segunda no cenário de terror do Iraque em guerra civil. Ambas foram publicadas no mesmo dia, no mesmo jornal, retratando fatos ocorridos em momentos diferentes - um no começo de agosto, outro em junho deste ano.

domingo, 28 de setembro de 2014

Crônica do Dia - A xacina do testo

ROBERTO POMPEU DE TOLEDO

Publicado na edição impressa de VEJA

Apezar da xuva, muita jente esteve prezente ao ezersisio de jinastica qe teve lugar no colejio. Omens, mulheres e criansas no fim cantaram o Ino Nasional. Ouve pesoas qe ate xoraram de emosão cuando a festa terminou. Oje qem qiser pode asistir a nova aprezentasão.

sábado, 27 de setembro de 2014

Crônica do Dia - Aranha ! Aranha !

Todos nós conhecemos direitinho como funciona nosso racismo, não somos inocentes

Estive recentemente no Rio Grande do Sul e me surpreendi com comentários de parte da imprensa gaúcha, que, de certa forma, tentavam minimizar a gravidade das ofensas racistas da torcedora gremista Patrícia Moreira ao goleiro Aranha, do Santos. Após a torcedora, em prantos, ter declarado à imprensa que chamar o goleiro de macaco não foi uma ofensa racista, e de ter publicamente invocado seu perdão, vários jornalistas em solidariedade começaram a sugerir que Aranha tivesse a “grandeza” de perdoar Patrícia pelas injúrias.

Se chamar um homem negro de macaco não é uma ofensa racista, é o quê?

Uma demonstração carinhosa de admiração e respeito?

É admissível que alguém numa conversa declare: “Realmente aquele macaco do Joaquim Barbosa fez um trabalho excelente no STF”?

Ou: “O macaco do Obama é de fato um orador notável”?

“Mas como é veloz esse macaco do Usain Bolt!”

“A macaca da minha cozinheira prepara uma feijoada inigualável!”

Façam-me o favor!

Chamar um negro de macaco é das piores ofensas racistas que há, ponto final. Entendo que Patrícia esteja morrendo de medo de ser presa e tope qualquer negócio para evitar uma descida às masmorras medievais brasileiras, que, aliás, estão cheias de negros e negras. Compreendo também que Patrícia sinceramente não se considere racista. Muita gente no Brasil acha que chamar um negro de macaco não é racismo. Assim como, para muitos, ofender um homossexual não constitui preconceito ou homofobia. Homens que espancam mulheres também não se consideram misóginos. Isso prova, claro, que além de racistas, preconceituosas e estúpidas, essas pessoas são ignorantes. E não é porque são ignorantes que não devem responder por seus atos.

Sabemos muito bem como funciona o dissimulado racismo brasileiro. Quantas vezes não somos obrigados a ouvir contra a vontade as constrangedoras piadas sobre negros, as abjetas expressões como “preto quando não caga na entrada caga na saída” e as deploráveis insinuações de que a ineficiência de algum servidor negro se explica pela cor de sua pele: “também... olha a cor... esperava o quê?”.

E tudo isso dito por pessoas comuns, gente de “bem” que não se considera racista. Até mesmo negros às vezes se referem a outros de forma preconceituosa, demonstrando uma subserviência patológica e deprimente.

Todos nós conhecemos direitinho como funciona nosso racismo, não somos inocentes.

Há os que dizem que não somos racistas, que nosso preconceito é social, que o que existe é o preconceito do rico contra o pobre, que o preconceito racial não tem como subsistir num país como o Brasil, o “caldeirão de raças” em que todos se misturam com sensualidade, amor, alegria, respeito mútuo, muito samba e muita ginga. Ôlelê!

Será?

Isso me soa como mais uma dessas balelas ufanistas com as quais gostamos de nos iludir, como aquela que diz que somos um povo pacífico.

Negros ofendidos, homossexuais agredidos e mulheres espancadas estão aí para provar que as coisas não são bem assim.

Alguns jornalistas chegaram a citar o fato de Mandela ter perdoado seus carcereiros ao sair da prisão para reforçar a necessidade de Aranha perdoar a torcedora que o chamou de “macaco”. Além de despropositada e ridícula, a comparação é capciosa. Parecem estar querendo culpar o Aranha por insensibilidade e acabam reforçando a ideia racista de que, se ele é negro, com certeza deve ter alguma culpa nessa história.

Muitos alegam que é injusto que Patrícia Moreira responda sozinha por um crime que foi cometido também por outros torcedores no estádio do Grêmio e que não puderam ser identificados pelas câmeras de TV. Discordam de que a moça seja a única responsabilizada por um crime que é praticado diariamente por milhares de pessoas em nossas cidades. Nada disso justifica que Patrícia não seja julgada pela Justiça, e que seu ato, e os dos outros torcedores que ofenderam Aranha, seja repudiado com veemência e que isso sirva de alerta e desestímulo às odiosas manifestações de racismo em estádios de futebol e em toda a sociedade.

Mário Lúcio Duarte da Costa, o Aranha — que aliás ganhou o apelido por suas defesas remeterem às de Lev Yashin, o mítico goleiro russo conhecido como Aranha Negra —, tem demonstrado muita personalidade nesse episódio todo. Expresso aqui minha solidariedade ao goleiro do Santos, que foi enfático e corajoso ao interromper o jogo no momento em que era ofendido pelos torcedores e demonstrou depois magnanimidade nas entrevistas que se seguiram ao evento, afirmando que como cristão ele perdoa Patrícia, mas mantém a convicção de que ela deve responder à Justiça por suas ofensas.

Mais que pedir perdão, os torcedores gremistas dariam um grande exemplo de cidadania se, na próxima vez em que o Grêmio enfrentasse o Santos, eles recepcionassem o goleiro adversário não com gritos de “macaco”, mas de “Aranha! Aranha!”



Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/cultura/aranha-aranha-13929541#ixzz3EZbceSbl

Resenhando - Que país é esse ?

RIO -


"Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós, e que a voz da igualdade seja sempre a nossa voz...", cantou a Imperatriz Leopoldinense em 1989, levando o caneco daquele carnaval. Para quem não se lembra, o refrão-libelo dos compositores Niltinho Tristeza, Preto Joia, Vicentinho e Jurandir, um clássico de qualquer roda de samba, celebrava a República, então uma vetusta senhora comemorando cem anos.

Te Contei, não ? - "Eu apanhei mesmo"

Documentário baseado no drama de Amarildo tem cenas realistas de tortura
Assistente de pedreiro desapareceu após abordagem policial, no ano passado, na Rocinha

PATRÍCIA TEIXEIRA

Crônica do Dia - A Lapa e a Elza - Luiz Pimental

Rio - Ganhei um disco muito bacana, que estou ouvindo com prazer especial. Chama­se ‘Estação Lapa’, uma antologia em torno de canções sobre o bairro, de compositores que cantaram o bairro ou de artistas que fizeram ali suas carreiras ou parte delas.

Crônicas do Dia - A Independência e o idioma - Deonísio da Silva

Foi de Pombal o discernimento de dotar o Brasil de uma língua comum, uma vez que os padres ensinavam outras, de acordo com a nacionalidade das ordens religiosas

Crônicas do Dia - 'As familia' - Veríssimo

No meu tempo de torcedor de arquibancada, o futebol já não era mais um esporte fino, assistido por moças de chapéu. Tinha se transformado em coisa para homem

Crônica do Dia - Por que só Rafael ? - Thiago Melo e Carlos Eduardo Martins

Judiciário não relativizou o depoimento dos PMs

Rafael Braga Vieira, de 26 anos, morador de rua, catador de latinhas, foi condenado a quatro anos e oito meses de prisão por porte de aparato incendiário ou explosivo. Trazia uma garrafa plástica de desinfetante e outra de água sanitária. Foi preso em flagrante por policiais militares na maior manifestação da história do Rio, em 20 de junho de 2013, denunciado pelo Ministério Público, e condenado em primeira instância. Teve negado o recurso da defesa. Não houve falha no sistema. Pelo contrário, tudo funcionou de forma linear e coerente, com o resultado esperado: mais um preto pobre atrás das grades.

Crônica do Dia - Pelas barbas do profeta - Mario Sergio Conti

A maioria do país pode ser cristã. Mas o Estado não é

Crônica do Dia - Intolerante a intolerância - Karla Rondon Prado

Rio - Eu me preservo por não te dizer o que penso.

Crônicas do Dia - O que é imoral ? - Ruth de Aquino

É imoral trazer ao mundo um filho com síndrome de Down, se você tem a escolha. A mulher deveria abortar e tentar novamente. Quem deu essas declarações incendiárias na semana passada foi o biólogo britânico Richard Dawkins, ateu assumido e um dos maiores estudiosos da evolução das espécies. Produziu um “big bang” de ressentimentos, ódios e mágoas. Compreensível.

Crônica do Dia - Elevador de serviço e banheiro de empregada - Walcyr Carrasco

Todo mundo adora dizer que o Brasil é um país sem preconceito. Enquanto, nos Estados Unidos, a luta contra o preconceito racial tomou proporções épicas, aqui sempre se disse que não existia esse tipo de coisa, ou, talvez, só muito pouco. Seria caso de rir, não fosse sério. Se você for afrodescendente, já deve saber como é. Entrar num prédio de classe média alta é uma aventura. Em geral, indicam a entrada de serviço. Porque, aí, se acumulam dois preconceitos: um contra a cor da pele, o outro contra a pobreza. O preconceito contra os pobres também é tremendo. Ninguém manda um médico subir pelo elevador de serviço, mas o encanador sim. Ambos não prestarão um serviço? Pela lógica, deveriam ser tratados de maneira igual.

Crônica do Dia - O amor é interesseiro - Walcyr Carrasco

Amar é difícil. Principalmente, porque a gente costuma se apaixonar por alguém que não existe e coloca todas as expectativas na primeira pessoa que aparece pela frente. Bastam alguns miados e pronto – já se fala em amor, em compromisso e relação. Você e eu somos românticos, apesar de todos os ossos que tivemos de roer na vida. Acreditamos naquele amor puro, translúcido como um cristal. Ah, meu Deus, será que algum dia existiu? Só se for na imaginação dos escritores românticos. Mesmo um grande autor de livros românticos como Machado de Assis a certa altura mudou de gênero. Tornou-se realista e criou uma suspeita Capitu, que ninguém nunca saberá ao certo se traiu – nem mesmo seu sofrido marido, Bentinho. O que terá feito Machado de Assis tornar-se realista? Talvez tenha descoberto que o amor não é um sentimento único como um vaso de alabastro, mas um conjunto de sensações e, sim, interesses.

Estou aqui, com mais de 60, há alguns anos sozinho e me considero, enfim, na roda. Sempre ouço perguntas, se tento um novo relacionamento.

Te Contei, não ? - Machado de Assis - Geografia e obra

RIO — A primeira teoria diz que, quando escreveu seu último livro, o “Memorial de Aires”, Machado de Assis tinha absoluta certeza de que iria morrer em breve. A segunda, sustenta que o protagonista da obra seria uma espécie de alter ego do próprio escritor, nesse caso, um flâneur, cuja principal diversão era andar pelo Rio de Janeiro, experimentando suas ruas e vielas. Pois se as duas hipóteses anteriores forem verdadeiras, o desejo derradeiro de Machado de Assis está próximo de ser realizado. Na primeira semana de outubro, será lançado um aplicativo que cruza pontos da cidade com a biografia e com trechos das obras do escritor, ou seja, será possível levar o romancista, ainda que de maneira figurada, para passear por aí.

domingo, 21 de setembro de 2014

Entrevista - Kabengele Munanga

O antropólogo Kabengele Munanga fala sobre o mito da democracia racial brasileira, a polêmica com Demétrio Magnoli e o papel da mídia e da educação no combate ao preconceito no país

Por Camila Souza Ramos e Glauco Faria

Fórum – O senhor veio do antigo Zaire que, apesar de ter alguns pontos de contato com a cultura brasileira e a cultura do Congo, é um país bem diferente. O senhor sentiu, quando veio pra cá, a questão racial? Como foi essa mudança para o senhor?

Artigo de Opinião - Seja racista e ganhe fama !

Por: Djamila Ribeiro

Costumo dizer que o Brasil é o país da piada pronta sem graça. Com os últimos acontecimentos envolvendo as ofensas racistas que o goleiro Aranha sofreu e a minissérie “Sexo e as nega”, essa constatação só se reafirma. Patrícia Moreira, a moça que ofendeu Aranha ganha um enorme espaço na mídia que a quer transformar em vítima. Quando nesse país programas de TV e jornais deu espaço para alguém se defender e tentar justificar seu crime? Quem ficou com pena e deu espaço para Angélica Aparecida Souza que em 16 de novembro de 2005 foi presa por roubar um pote de margarina? Quem fez moção de apoio a ela, quantas apresentadoras a levaram aos seus programas? Angélica passou 128 dias na cadeia de Pinheiros e por quatro vezes teve o pedido de liberdade provisório negado. Foi condenada a quatro anos de prisão em regime semi-aberto. Por roubar um pote de margarina porque não agüentava mais ver seu filho com então dois anos passar necessidade.

Artigo de Opinião - Não há racismo em terra de brancos

por Pablo Vilhaça em Diario de Bordo


As mãos, todas brancas, empurram os microfones diante do rosto do homem negro, alto e coberto de suor. Durante os últimos 90 minutos, enquanto desempenhava seu trabalho de maneira eficiente em campo, salvando seu time em ao menos duas ocasiões de particular perigo oferecido pelo time adversário, ele fora atormentado por vaias contínuas partindo da torcida rival. Estava acostumado a vaias, que faziam parte do esporte – mas aquelas obviamente atravessavam a fronteira da provocação de partida, já que se mostravam contínuas e endereçadas não aos companheiros, mas a ele.

Crônica do Dia - A força do Mito

Paulo Guedes, O Globo

O novo mito Marina Silva é mais forte do que pensava o establishment. Suas intenções de voto resistem ao desesperado bombardeio dos candidatos ameaçados pelas urnas por sua complacência com as práticas da “velha política”.

sábado, 20 de setembro de 2014

Artigo de Opinião - O voto negro - Frei David Santos

O povo afrodescendente, com seu crescente ingresso nas universidades e nos altos postos do mercado através das cotas nos concursos, terá grande papel na construção do país

Artigo de Opinião - Religião na política - Carlos Alberto Rabaça

Acrescente força da questão religiosa em diferentes países foi avaliada pelo Ipsos Public Affairs, instituto de pesquisa internacional. Entre 20 países pesquisados, de todos os continentes, o Brasil é o mais religioso e um dos mais intolerantes a homossexuais. A moral conservadora equipara nosso país à Turquia, de predominância muçulmana, e à África do Sul.

Crônica do Dia - Lupi e Maria - Joaquim Ferreira dos Santos

Os dois andam sempre juntos. Lupicínio Rodrigues faz centenário neste 16 de setembro. Antonio Maria se foi desta para melhor há 50 anos, num dia 15 de outubro, às três e cinco da madrugada. Por coincidência, a hora que tinha servido de título a uma canção onde ele narrava mais uma cena de ciúme, mais uma briga e mais um arrependimento. O de sempre em suas músicas. “A verdade da vida é ruim”, disse numa delas, como quase todas as outras, de profunda infelicidade. Ele não se iludia com alegrias vãs. O universo conspirava contra.

Lupi e Maria, os reis da dor de cotovelo, sofreram o diabo nas mãos desse tal de amor. Machos sensíveis, não escondiam a decepção. Contavam para todo mundo. O amor não presta. Tinham sofrido, tinham sido outra vez enganados por uma mulher qualquer que se mandou com outro ou simplesmente com ninguém, sozinha, entediada com o que ela também não sabia explicar. Ninguém sabe. O amor trata a todos com a mesma ignorância e falta de consideração. Simplesmente vira as costas. Cai fora. Vai tratar da vida.

Maria, existencialista pernambucano, chorava baixinho, de fracasso em fracasso, o samba canção que na vida lhe era destino. “Ninguém me ama, ninguém me quer” — e ficava por isso mesmo. Maldizia-se solitário num balcão de bar em Copacabana, estimulando a cardiopatia que naquela madrugada, às mesmas três e cinco da canção, o levaria para longe desse inferno.

Estava cansado de saber que o amor era uma maldição a se enfrentar com cuidado, mas vira e mexe lá estava ele atrás de um bem que nunca vinha, como dizia outra de suas letras elegantemente perdedoras. Todo mundo se engana muito, Maria também. Tentou ser feliz. Vedetes do Carlos Machado, moças da sociedade, dançarinas de cabaré, balconistas da Praça do Lido. Todas lhe deram o implacável pé na bunda. No dia seguinte, Maria, romântico incorrigível, fazia uma canção perguntando gentilmente: “As suas mãos, onde estão? Onde está o seu carinho?”.

Já Lupicínio Rodrigues, mulato gaúcho, tinha menos cuidado com as trapaceiras. Era um chifre atrás do outro. A cada traição, ao contrário do gentleman Maria, queria que a infeliz amargasse todo o sofrimento previsto nas escrituras do amor. Corno, sim, manso, jamais. Quase toda a sua obra é devotada a ir à forra dessas rameiras, vagabundas, piranhas e demais ordinárias. Um dia, elas lhe fingiam bom sentimento, logo depois, cachorras num cio eterno, se mandavam com um novo otário.

Lupi queria vingança. Queria mais é que essas canalhas da desventura amorosa rolassem na beira da estrada, sem ter nunca um cantinho para poder descansar. Tinham nascido com o destino da lua, pra todos que vivem na rua. O homem reagia à altura. Guardava rancor. Passava recibo.

As últimas palavras escritas por Antonio Maria, numa crônica sobre um almoço solitário no restaurante Westfalia, na Rua México, foram “só, só, só”, e evidentemente falavam de si próprio. Era amante de bons modos, reprimia o instinto assassino a quem lhe fazia mal. Não à toa, enfartou. Lupicínio preferia palavras como “covardia”, “judiaria” e “ingratidão” para descrever o que sofria nas mãos das vadias. Numa de suas músicas mais típicas, descreveu ter no peito uma caixa de ódio, um coração que não quer perdoar. Era pão-pão, queijo-queijo. “Eu estou lhe mostrando a porta da rua, pra que você saia sem eu lhe bater” — disse em outra canção. Zero de romance, zero de beneplácito com quem lhe bagunçava o coreto. Ao pé na bunda reagia com a porta na cara. Danem-se todas.

Esses dois gênios da canção amorosa estão sendo lembrados agora, centenário de nascimento de um, cinquentinha da morte do outro, num momento em que quase não há mais canção amorosa brasileira — e, quando há, ninguém mais perde no jogo da paixão. Somos todos funkeiros comedores das cachorras mais suculentas, príncipes vitoriosos que sustentam suas coroas sem a galhofa pública dos chifres. Ninguém abandona ninguém. Troca-se de status no perfil do Facebook, compartilha-se a existência, e vida que segue — todos imbuídos da certeza de que o amor deixa muito a desejar. Acho que Lupi gostaria.

Ele não tinha nada contra quem conseguisse ser feliz. Mas, coitado, viveu o amor antigo, a armadilha de um lotação dirigido por pessoas com nervos de aço, sem sangue nas veias e sem coração. Foi atropelado várias vezes pela frieza de suas motoristas. Numa outra letra, uma mulher o trocou pelo médico contratado para lhe tirar os bichos-de-pé.

Definitivamente, amor e bicho-de-pé são doenças de um país rural. Passaram. Ficaram as músicas, das quais, graças a Deus, jamais nos curamos. Ficou também a lição do cadáver de Antonio Maria exposto na calçada suja de Copacabana, quatro meses depois de o compositor ser abandonado pela grande mulher da sua vida. O amor é um samba-canção que deixa muito a soluçar.



Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/cultura/lupi-maria-13934161#ixzz3DthrWJP7

sábado, 13 de setembro de 2014

Artigo de Opinião - Itinerário Literário

Rio - Entrei neste mês de agosto com dois novos livros na praça: ‘Reinventar a vida’, pela editora Vozes, e o infantil ‘Começo, meio e fim’, pela Rocco.

Te Contei, não ? - Cultura Indígena

Introdução 

Historiadores afirmam que antes da chegada dos europeus à América havia aproximadamente 100 milhões de índios no continente. Só em território brasileiro, esse número chegava 5 milhões de nativos, aproximadamente. Estes índios brasileiros estavam divididos em tribos, de acordo com o tronco lingüístico ao qual pertenciam: tupi-guaranis (região do litoral), macro-jê ou tapuias (região do Planalto Central), aruaques (Amazônia) e caraíbas (Amazônia).
Atualmente, calcula-se que apenas 400 mil índios ocupam o território brasileiro, principalmente em reservas indígenas demarcadas e protegidas pelo governo. São cerca de 200etnias indígenas e 170 línguas. Porém, muitas delas não vivem mais como antes da chegada dos portugueses. O contato com o homem branco fez com que muitas tribos perdessem sua identidade cultural.
A sociedade indígena na época da chegada dos portugueses. 
O primeiro contato entre índios e portugueses em 1500 foi de muita estranheza para ambas as partes. As duas culturas eram muito diferentes e pertenciam a mundos completamente distintos. Sabemos muito sobre os índios que viviam naquela época, graças a Carta de Pero Vaz de Caminha (escrivão da expedição de Pedro Álvares Cabral ) e também aos documentos deixados pelos padres jesuítas.
Os indígenas que habitavam o Brasil em 1500 viviam da caça, da pesca e da agricultura de milho, amendoim, feijão, abóbora, bata-doce e principalmente mandioca. Esta agricultura era praticada de forma bem rudimentar, pois utilizavam a técnica da coivara (derrubada de mata e queimada para limpar o solo para o plantio).
Os índios domesticavam animais de pequeno porte como, por exemplo, porco do mato e capivara. Não conheciam o cavalo, o boi e a galinha. Na Carta de Caminha é relatado que os índios se espantaram ao entrar em contato pela primeira vez com uma galinha.
As tribos indígenas possuíam uma relação baseada em regras sociais, políticas e religiosas. O contato entre as tribos acontecia em momentos de guerras, casamentos, cerimônias de enterro e também no momento de estabelecer alianças contra um inimigo comum.
Os índios faziam objetos utilizando as matérias-primas da natureza. Vale lembrar que índio respeita muito o meio ambiente, retirando dele somente o necessário para a sua sobrevivência. Desta madeira, construíam canoas, arcos e flechas e suas habitações (oca). A palha era utilizada para fazer cestos, esteiras, redes e outros objetos. A cerâmica também era muito utilizada para fazer potes, panelas e utensílios domésticos em geral. Penas e peles de animais serviam para fazer roupas ou enfeites para as cerimônias das tribos. O urucum era muito usado para fazer pinturas no corpo.
A organização social dos índios
Entre os indígenas não há classes sociais como a do homem branco. Todos têm os mesmo direitos e recebem o mesmo tratamento. A terra, por exemplo, pertence a todos e quando um índio caça, costuma dividir com os habitantes de sua tribo. Apenas os instrumentos de trabalho (machado, arcos, flechas, arpões) são de propriedade individual. O trabalho na tribo é realizado por todos, porém possui uma divisão por sexo e idade. As mulheres são responsáveis pela comida, crianças, colheita e plantio. Já os homens da tribo ficam encarregados do trabalho mais pesado: caça, pesca, guerra e derrubada das árvores.
Duas figuras importantes na organização das tribos são o pajé e o cacique. O pajé é o sacerdote da tribo, pois conhece todos os rituais e recebe as mensagens dos deuses. Ele também é o curandeiro, pois conhece todos os chás e ervas para curar doenças. Ele que faz o ritual da pajelança, onde evoca os deuses da floresta e dos ancestrais para ajudar na cura. O cacique, também importante na vida tribal, faz o papel de chefe, pois organiza e orienta os índios. 
educação indígena é bem interessante. Os pequenos índios, conhecidos como curumins, aprender desde pequenos e de forma prática. Costumam observar o que os adultos fazem e vão treinando desde cedo. Quando o pai vai caçar, costuma levar o indiozinho junto para que este aprender. Portanto a educação indígena é bem pratica e vinculada a realidade da vida da tribo indígena. Quando atinge os 13 os 14 anos, o jovem passa por um teste e uma cerimônia para ingressar na vida adulta.
Os contatos entre indígenas e portugueses
Como dissemos, os primeiros contatos foram de estranheza e de certa admiração e respeito. Caminha relata a troca de sinais, presentes e informações. Quando os portugueses começam a explorar o pau-brasil das matas, começam a escravizar muitos indígenas ou a utilizar o escambo. Davam espelhos, apitos, colares e chocalhos para os indígenas em troca de seu trabalho. 
O canto que se segue foi muito prejudicial aos povos indígenas. Interessados nas terras, os portugueses usaram a violência contra os índios. Para tomar as terras, chegavam a matar os nativos ou até mesmo transmitir doenças a eles para dizimar tribos e tomar as terras. Esse comportamento violento seguiu-se por séculos, resultando no pequenos número de índios que temos hoje.
A visão que o europeu tinha a respeito dos índios era eurocêntrica. Os portugueses achavam-se superiores aos indígenas e, portanto, deveriam dominá-los e colocá-los ao seu serviço. A cultura indígena era considera pelo europeu como sendo inferior e grosseira. Dentro desta visão, acreditavam que sua função era convertê-los ao cristianismo e fazer os índios seguirem a cultura europeia. Foi assim, que aos poucos, os índios foram perdendo sua cultura e também sua identidade.

CanibalismoAlgumas tribos eram canibais como, por exemplo, os tupinambás que habitavam o litoral da região sudeste do Brasil. A antropofagia era praticada, pois acreditavam que ao comerem carne humana do inimigo estariam incorporando a sabedoria, valentia e conhecimentos. Desta forma, não se alimentavam da carne de pessoas fracas ou covardes. A prática do canibalismoera feira em rituais simbólicos. 

Religião Indígena

Cada nação indígena possuía crenças e rituais religiosos diferenciados. Porém, todas as tribos acreditavam nas forças da natureza e nos espíritos dos antepassados. Para estes deuses e espíritos, faziam rituais, cerimônias e festas. O pajé era o responsável por transmitir estes conhecimentos aos habitantes da tribo. Algumas tribos chegavam a enterrar o corpo dos índios em grandes vasos de cerâmica, onde além do cadáver ficavam os objetos pessoais. Isto mostra que estas tribos acreditavam numa vida após a morte.

Principais etnias indígenas brasileiras na atualidade e população estimada 

- Ticuna (35.000), Guarani (30.000), Caiagangue (25.000), Macuxi (20.000), Terena (16.000), Guajajara (14.000), Xavante (12.000), Ianomâmi (12.000), Pataxó (9.700), Potiguara (7.700). 
Fonte: Funai (Fundação Nacional do Índio).

- De acordo com dados do Censo 2010 (IBGE), o Brasil possuía, em 2010, 896.917 indígenas. Este número correspondia a 0,47% da população do Brasil.

Te Contei, não ? - Bota - abaixo ameaça tesouro de Dercy

Tombamento pelo Iphan enfrenta dificuldades por conta da derrubada de casario antigo para construção de prédios

AZIZ FILHO


Rio - Sabe nada quem só pensa em Dercy Gonçalves quando ouve falar em Santa Maria Madalena. A pequena cidade tem tantos atrativos que poderia ser, para o norte do estado, o que Paraty é no sul. Poderia, se houvesse mais consciência local sobre o potencial da preservação. Perambular pelas ruas madalenenses proporciona um misto de admiração – pelas belas construções do ciclo do café – e de tristeza, pela destruição incessante.

O Iphan abriu processo de tombamento do centro a partir de estudos da UFF. A exemplo de Búzios e Ouro Preto, o tombamento jogaria o casario antigo para valores inimagináveis. A ameaça ao sonho parte, no entanto, exatamente dos proprietários dos imóveis que seriam beneficiados. Muitos derrubam tudo para fazer prédios sem estilo, de olho no dinheiro ralo do turismo menos qualificado de eventos, como o Carnaval.



“O turismo é a única alternativa para um futuro rico, e uma cidade turística não pode ter prédios verticais. É assustador que prefiram destruir a preservar essas joias”, lamenta o ex-secretário de Educação, Nelson Saraiva.

A professora aposentada Celi Castro Elias morou em uma dessas joias: o casarão da foto ao lado, na Praça Coronel Braz. Ele começou a ser construído para hospedar Dom Pedro II, mas, com a queda do imperador, só foi concluído em 1891. “Nasci e vivi até os 25 anos neste casarão. Meu pai se orgulhava de nos mostrar que as telhas eram da França”, recorda Celi, hoje com 74.

O movimento contrário ao tombamento não é o único desafio de Madalena. Como é comum nas cidades do interior, a poluição visual da fiação aérea e de letreiros sem critério enfeia o que deveria ser lindo. Nem o poder público colabora. A Câmara Municipal fica na antiga Cadeia Pública. O belo prédio colonial foi restaurado, mas não escapou da instalação de um letreiro prateado de gosto para lá de duvidoso, digno de um palavrão de Dercy Gonçalves.



Te Contei, não ? - Um mar de lixo e lama

Houve um tempo em que a Praia de Tubiacanga, na Ilha do Governador, tinha areia limpa e era um bom local para um mergulho. Morador da área, Sebastião Batista dos Anjos, de 66 anos, se lembra dessa época. Hoje o cenário é bem diferente: a areia é um lamaçal, coberto de lixo de todo tipo. Já o mar está longe de ser próprio para qualquer um se refrescar: as águas, fétidas, estão repletas de esgoto. Sebastião, que era pescador, se aposentou. Hoje, a pesca é apenas um hobby para ele. E depende da maré — do contrário, não há como o barco vencer a barreira de detritos.

Artigo de Opinião - Bom começo

Um país como o nosso — com legítimas esperanças de crescimento, mas conhecidos e lamentáveis obstáculos à aceleração do esforço para atingir a meta — tem, obviamente, de ficar de olhos pregados nos dados e estatísticas que registram nossos progressos. E também, com igual empenho, na anotação das dificuldades para atingi-los.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Artigo de Opinião - Por que se cala, Pelé ?

“Sabe qual a diferença entre o chuchu e a Xuxa? É que chuchu é comida de preto pobre”. A piada fazia a alegria do público durante as apresentações de um comediante hoje cultuado e que agora vive às turras com a onda do politicamente correto. Foi, talvez, a piada que mais ouvi entre os adultos que frequentavam a minha casa no meio dos anos 1980. Estava em uma fita K7 dos melhores momentos da obra do piadista. Pelé, o “preto rico” implícito na brincadeira, era namorado da apresentadora Xuxa Meneghel, a “comida” da história. A gracinha era repetida por crianças e adultos sem o menor pudor.

Pelé estava aposentado havia cerca de dez anos. Tinha três Copas, dois mundiais interclubes e mais de mil gols na sacola. O currículo não o impedia de ser ridicularizado em apresentações para o grande público ou nas rodas privadas das melhores famílias.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Te Contei, não ? - Praça XI

RIO - Em 1917, na área da Praça Onze havia uma grande comunidade de estrangeiros. Surge então uma casa de mãe de santo que seria fundamental para a história do samba, o Centro Religioso da Tia Clata. O sobrado era frequentado por artistas, e ali nasceu o samba. Em 1941, a praça começa a ser destruída para a construção da nova via. Em 1940, o desfile das escolas de samba é transferido para a Presidente Vargas. Em 1974, passa para Avenida Antônio Carlos. Em 1976, volta à Presidente Vargas. No final dos anos 70, retorna à Praça Onze, na Avenida Marquês de Sapucaí, onde, em 1984, foi inaugurado o Sambódromo.

Te Contei, não ? - O bota - abaixo que deu origem a avenida Presidente Vargas

RIO - Ao visitar uma exposição em 1938 na Esplanada do Castelo e ver o projeto de construção de uma rua larga, com prédios altos, que cortaria o Centro em direção à zona norte, o presidente Getúlio Vargas não teve dúvida. A avenida grandiosa e moderna seria um dos marcos do Estado Novo na capital federal. Iniciadas em 1941, as obras foram concluídas em tempo recorde (três anos) e custaram 270 mil contos de réis, uma fortuna na época. Setenta anos depois, a Presidente Vargas é um retrato da cidade: concentra empresas e grandes lojas, instituições de ensino e órgãos públicos, além de ser palco de paradas militares e manifestações.

Te Contei, não ? - Escolas privadas já enfrentam dramas da rede pública

RIO — Especialistas em educação tentam explicar o mau desempenho das escolas privadas do Rio no último Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb): no ensino médio, ficaram em penúltimo lugar, à frente apenas de Alagoas. Entre as causas, citam desde a chegada às unidades particulares de alunos egressos de escolas públicas até o fato de a rede privada estar enfrentando problemas até então restritos a unidades municipais e estaduais, como salas superlotadas e falta de qualificação de profissionais. As notas de escolas particulares do estado pioraram em todos os segmentos em relação à última avaliação do Ideb, em 2011.

Artigo de Opinião - Saudade do futuro - Flávia Oliveira

A temporada de propaganda eleitoral no Rio de Janeiro chama atenção pelas seguidas referências a uma (nada embolorada) ideia do século passado. Candidatos a deputado e governador, incluindo o petista Lindberg Farias, vêm ancorando promessas de campanha no legado da dupla Leonel Brizola (1922-2004) e Darcy Ribeiro (1922-1997). Comprometem-se, agora, com o ensino básico em tempo integral, num modelo semelhante ao dos Centros Integrados de Educação Pública, propostos pelos então governador e vice, no início dos anos 1980. Três décadas atrás, o estado tinha o diagnóstico para dar o desejável salto em capital humano, o mesmo da invejada Coreia do Sul. Mas o projeto dos Cieps pereceu em gestões seguintes, que priorizaram a rivalidade política, em vez dos interesses da população. Hoje, o Rio se mostra saudoso do futuro que deixou escapar.

Te Contei, não ? - Ilê Aiyê ( Mundo, Planeta Terra )

Ilê Pérola Negra

Daniela Mercury

O canto do negro veio lá do alto
É belo como a íris dos olhos de Deus, de Deus
E no repique, no batuque, no choque do aço
Eu quero penetrar no laço afro que é meu, e seu
Vem cantar meu povo, vem cantar você
Bate os pés no chão moçada
E diz que é do ilê a yê
Lá vem a negrada que faz o astral da avenida
Mas que coisa tão linda, quando ela passa me faz chorar 
Tú és o mais belo dos belos, traz paz, riqueza
Tens o brilho tão forte por isso te chamo de pérola negra 
Êêê, pérola negra
Pérola negra ilê a yê, ilê a yê
Minha pérola negra 
Lá vem a negra que faz o astral da avenida...
Com sutileza cantando e encantando a nação
Batendo bem forte cada coração
Fazendo subir a minha adrenalina
Como dizia Buziga
É de mim
Em me pé nagô de ilê
É de mim
Em me pé nagô de ilê a yê
Êêê, pérola negra...


Ilê Aiyê: No fim dos anos de chumbo, nasce a esperança. Em 1974, em plena ditadura militar, nasce o bloco afro Ilê Aiyê, a formação que leva os sons e ritmos do bairro da Liberdade, Salvador, para o mundo. A fundação no meio da ditadura militar é prova da coragem, da inteligência e da força que emana da cultura baiana. O bloco Ilê Aiyê, mostrando a beleza da música negra, sempre seguiu o objetivo artístico-estético de superar o racismo e os preconceitos. Imediatamente depois do governo Médici, em 1974, projetos dessa natureza ainda corriam risco de serem censurados. A cultura, em 1974, era também uma expressão política. Embora o Ilê Aiyê seja um movimento artístico, musical e cultural negro, qualquer manifestação cultural, nesses anos, corria o risco de ser considerada agitação politica. Assim se entende a consciência política que o Ilê Aiyê vem cultivando desde o início.

Hoje, o bloco Ilê Aiyê conta com os melhores patrocinadores. Mais que 35 anos depois da fundação,  o Ilê Aiyê hoje conta com o apoio da Petrobras, da Eletrobras e do BNDES, através do patrocínio do centro "Senzala do Barro Preto" ou de turnês. Já receberam subsídios pela Lei Rouanet. O centro cultural é sede do grupo que desenvolve projetos de Carnaval, de Cultura e educação para preservar e elevar a cultura e a auto-estima dos negros brasileiros e de todos que apreciam esse trabalho artístico. No centro cultural "Senzala do Barro Preto" há uma escola, vários gabinetes médicos, salas de auditório, informática e gravação. O centro, de 2004, foi fundado na antiga sede do Ilê Aiyê. Hoje em dia, os eventos do Ilê Aiyê estão abertos para a população geral, independentemente da raça ou cor.  

O Ilê Aiyê, primeiro bloco afro da Brasil, nasceu no Curuzu, Liberdade, bairro de maior população negra do país, com aproximadamente 600 mil habitantes. Fundado em 1º de novembro de 1974, com o objetivo de preservar, valorizar e expandir a cultura afro-brasileira. O Ilê, ao longo de sua trajetória, vem homenageando países africanas e revoltas negras brasileiras, que contribuíram fortemente para o processo de identidade étnica e auto-estima do negro. O Mais Belo dos Belos apropriou-se popularmente da história africana para trabalhar a construção da história do negro no Brasil.

Com certeza o movimento rítmico musical inventado na década de 70 pelo Ilê Aiyê, foi responsável pela revolução do carnaval baiano. A partir desse movimento, a musicalidade do carnaval da Bahia ganha novos ritmos oriundos da tradição africana. Com seus 3 mil associados, o Ilê hoje é patrimônio da cultura baiana, um marco no processo de reafricanização do Carnaval da Bahia.

O espetáculo rítmico-musical e plástico que o bloco mostra no Carnaval arranca aplausos da população.

Propondo seu trabalho político-educacional consciente, o Ilê o faz através de seleção temática de dança, da gestualidade, de códigos de linguagem. Ele permeia a transmissão do passado da ancestralidade africana com o contexto histórico-social do negro em condição de escravo no Brasil, com o cotidiano presente do negro baiano, além de trabalhar o caráter universal da questão afrodescendente.

O Ilê retoma todas as formas expressadas na evolução dos movimentos de renascimento negro-africano, negro-americano ou afro-americano, as decodificações para o contexto específico da realidade baiana. Mas sem perder de vista a relação de identificação entre todos “os negros que se querem negros”, de qualquer parte do mundo, ressaltando sempre o caráter comum da origem ancestral.

A Diretoria do Ilê ainda hoje afirma que o principal objetivo da organização é a “expansão da cultura de origem africana no Brasil” e tem perseguido este objetivo de formas variadas. Além da presença marcante no carnaval, onde a temática, fantasia, canção e danças têm como referência exclusiva o negro.

domingo, 7 de setembro de 2014

Te Contei, não ? - Mudanças climáticas afetam a saúde humana

Genebra - As mudanças climáticas podem afetar gravemente a saúde dos seres humanos. O alerta foi feito por Margaret Chan, diretora-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), em recente conferência sobre o tema, em Genebra. Segundo ela, “as soluções existem, mas o mundo precisa agir de forma decisiva para mudar a trajetória”.

sábado, 6 de setembro de 2014

Artigo de Opinião - Moços, superem - Flávia Oliveira

Cinco gerações se passaram desde a abolição e o Brasil ainda tem jovens racistas. Eles se mostram nos estádios e nas redes sociais

Te Contei,não ? - Trabalho de formiguinha contra o efeito estufa

Rio - Na natureza, tamanho não é documento. Novo estudo da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, mostrou como as formigas, embora pequeninas, têm uma importância gigantesca para o nosso planeta. O que Ronald Dorn, professor de Geografia da instituição, descobriu é que a interação de diversas espécies do inseto com rochas aumenta em mais de 300% a absorção natural de dióxido de carbono (CO2) pelos minerais.

Artigo de Opinião - Paz nas escolas

Cristovam Buarque


Recente estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico e nossos jornais no dia a dia mostram o Brasil como o país com maior violência na escola. O futuro de um país tem a cara de sua escola no presente. Por isso, é urgente entender as causas da violência e como corrigi-las.

Te Contei, não ? - Desfecho inesperado

RIO — Uma longa história de antagonismos entre seguidores da igreja Geração Jesus Cristo e o delegado Henrique Pessoa, encarregado de combater a intolerância religiosa no estado, terminou, nesta quarta-feira, com a prisão em flagrante do policial por tentativa de homicídio, após ele ter baleado um fiel. O incidente aconteceu por volta das 15h30m no 5º Juizado Especial Cível, na Rua Siqueira Campos, em Copacabana, onde o delegado move uma ação contra um integrante da igreja que o perseguia por meio de redes sociais. Em 2008, o delegado colaborou com um inquérito no qual seguidores da Geração Jesus Cristo foram acusados de terem depredado um centro espírita. Ao fim da audiência, houve confusão entre Pessoa e um grupo de 20 fiéis. Cercado, o delegado, que foi agredido por evangélicos, fez o disparo, ferindo na barriga Carlos Gomes, de 29 anos, que está internado no Hospital Miguel Couto e não corre risco de vida.

Te Contei, não ? - Colégios brasileiros se inspiram em projeto inovador de Portugal

Salas de aula sem paredes, carteiras enfileiras ou quadro-negro. E alunos que elaboram os seus próprios roteiros de estudo. Assim são as escolas que se inspiram num exemplo que vem de longe: a Escola da Ponte, instituição pública da cidade de Santo Tirso, em Portugal, criada há 38 anos pelo mundialmente respeitado educador José Pacheco. A Escola Municipal Desembargador Amorim Lima e a Escola Projeto Âncora, ambas em São Paulo, são exemplos de instituições que adotaram a inovadora proposta pedagógica idealizada por ele.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Te Contei, não ? - STJD decide excluir Grêmio da Copa do Brasil por racismo contra goleiro Aranha

O STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) decidiu excluir o Grêmio da disputa da Copa do Brasil de 2014, em julgamento que durou mais de três horas, realizado nesta quarta-feira à tarde, no Rio de Janeiro. A exclusão do Tricolor gaúcho aconteceu por causa dos atos racistas de torcedores do clube contra o goleiro Aranha, do Santos, durante jogo em Porto Alegre no dia 28 de agosto.

Te Contei, não ? - Seca ameaça 40 milhões de pessoas


A seca na Região Sudeste não esvazia apenas os reservatórios paulistas. Um levantamento feito pela Agência Nacional de Águas (ANA) a pedido do GLOBO mostra que seis das principais bacias hidrográficas brasileiras enfrentam problemas, ameaçando moradores de nove estados e do Distrito Federal. São cerca de 40 milhões de pessoas afetadas — o equivalente a 20% da população brasileira.

Te Contei, não ? - Cana-de-açúcar pode compensar falta de água

A crise de abastecimento de água no país vem se agravando e a demanda de água à população e à  produção de energia aumentou muito nos últimos anos. Com isso, o risco iminente de racionamento vem assustando os brasileiros. Levantamento da Agência Nacional de Águas (ANA) revela que seis das principais bacias hidrográficas do país sofrem com escassez de chuva, afetando cerca de 40 milhões de brasileiros – 20% da população do país – de nove estados mais o Distrito Federal

Te Contei, não ? - Prefeito pede desculpas


O prefeito do Rio, Eduardo Paes, recebeu, nesta quarta-feira (3), o estudante de 12 anos barrado pela diretora de uma escola municipal por usar bermudas brancas e guias do candomblé por baixo do uniforme. Em reunião de pouco mais de uma hora, o prefeito pediu desculpas ao menino.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Artigo de Opinião - A miséria está fora de moda - Arnaldo Jabor

A miséria armada está nos fazendo esquecer da miséria indefesa. Com a onda de violência, estamos perdendo a compaixão pelos pobres. E como ninguém sabe como resolver o drama da miséria, criamos um vago rancor contra ela, um certo tédio, porque ela não some, teima em reaparecer. Houve uma época em que a miséria nos tocava mais, ela era útil para nossa piedade, mesmo como tema para arte e literatura. A miséria sempre deu lucro. No Brasil, miséria é quase uma indústria. Quanto lucro uma igreja de charlatões tem com os dízimos? A miséria dá lucro político; falar na miséria denota preocupação humanitária, traz votos populistas.