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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Te Contei, não - Jongo, ou como ser generoso


Um dos pontos da gênese do nosso samba e, sem sombra de dúvida, o Jongo. Para os africanos de origem bantu, era muito mais que um ritmo: o Jongo era uma liturgia, um momento de profundo respeito aos mais velhos e mais sábios. Com algo de mágico, os cantos eram diálogos que podiam "amaldiçoar" a quem não soubesse respondê-los. Com o sequestro em massa de negros para o Brasil, essa tradição cruzou o Atlântico. Só não morreu porque os rituais, permitidos em alguns dias santos na então Colônia, reduziam o sofrimento da escravidão e da saudade da terra natal. 

 O tempo passou. Os pontos, como as cantigas são chamadas, incorporaram traços da cultura brasileira e inspiraram, com os batuques vigorosos, gente bamba que construiu o legado do samba. Na Serrinha, em Madureira, nasceu o Império, que bebeu da força do Jongo e foi acolhido por sua generosidade. O sentimento de amor ao próximo dura até hoje, graças à dedicação de Tia Maria. Aos 91 anos, a jongueira recebe a medalha do Orgulho do Rio pelo trabalho que mantém na comunidade. 

 Mais de mil jovens passaram pela ONG que Tia Maria coordena há 12 anos. Destaca-se, entre as atividades oferecidas sempre no contraturno escolar, o ensino da cultura brasileira, além das bases do Jongo. É uma iniciativa que valoriza e perpetua o que nós temos de melhor. 

 O Jongo veio ao Brasil encolhido. Foi apenas tolerado no início, malvisto por muitos, e só recentemente reconhecido. Contudo, sempre foi generoso. E o trabalho de Tia Maria merece, sim, ser motivo de orgulho de todos os cariocas. 

Jornal O Dia

domingo, 19 de junho de 2011

PARA REFLETIR .............



Todo Camburão Tem Um Pouco De Navio Negreiro

O Rappa
Composição: Marcelo Yuka


Tudo começou quando a gente conversava
Naquela esquina alí
De frente àquela praça
Veio os homens
E nos pararam
Documento por favor
Então a gente apresentou
Mas eles não paravam
Qual é negão? qual é negão?
O que que tá pegando?
Qual é negão? qual é negão?
É mole de ver
Que em qualquer dura
O tempo passa mais lento pro negão
Quem segurava com força a chibata
Agora usa farda
Engatilha a macaca
Escolhe sempre o primeiro
Negro pra passar na revista
Pra passar na revista
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro
É mole de ver
Que para o negro
Mesmo a aids possui hierarquia
Na áfrica a doença corre solta
E a imprensa mundial
Dispensa poucas linhas
Comparado, comparado
Ao que faz com qualquer
Figurinha do cinema
Comparado, comparado
Ao que faz com qualquer
Figurinha do cinema
Ou das colunas sociais
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro