sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Te Contei, não ? - O mestre do labirinto

RIO — O labirinto que Jerónimo Pizarro percorre não é feito de paredes, mas de papéis. Trinta mil documentos, para ser mais exato. Há mais de dez anos, o pesquisador colombiano começou uma tarefa interminável: investigar os documentos deixados por Fernando Pessoa em seu espólio, guardado pela Biblioteca Nacional de Portugal. Hoje, Pizarro lidera uma equipe de jovens pesquisadores que é a principal responsável pelas novas descobertas nos arquivos do poeta. E o colombiano, que se consolida como uma das maiores autoridades da atualidade na obra do autor, é o mestre desse labirinto.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Entrevista - Gro Brundtland - "Estimular a compra de carros a gasolina é um erro"

A médica norueguesa Gro Brundtland, de 75 anos, é uma das mais respeitadas autoridades em meio ambiente e saúde pública do mundo. Ex-primeira-ministra da Noruega, ex-presidente da Comissão sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas e ex-diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), ela foi a criadora do termo “desenvolvimento sustentável”, nos anos 1980. No final de setembro, ao passar por São Paulo para dar uma palestra sobre o tema – a convite do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso –, Brundtland falou a ÉPOCA. Na entrevista, defendeu a tributação das emissões de gás carbônico, para conter o aquecimento global, e criticou a política brasileira de estímulo à compra de carros a gasolina.

domingo, 26 de outubro de 2014

Crônica do Dia - Significados de Malala

A heroína paquistanesa ganhou a liberdade e a fama mundiais e perdeu o convívio com sua terra natal. O preço da liberdade foi o exílio

Te Contei, não ? - Caça aos negócios do petróleo agira Norte e Região dos lagos

De olho na alta arrecadação de ISS de Macaé, cidades vizinhas oferecem incentivos

EDUARDO FERREIRA

Rio - O título de “capital nacional do petróleo” continua sendo dela. Afinal, apesar do nome Bacia de Campos, é em Macaé que estão mais de 80% das atividades ligadas ao setor no Estado do Rio. Mas municípios vizinhos do Norte Fluminense e da Região dos Lagos estão de olho em uma fatia da gorda arrecadação em Imposto sobre Serviços (ISS) que a indústria de óleo e gás proporciona ao município.

Te Contei, não ? - O tesouro de Colombo

RIO - Noite de Natal, litoral do Haiti, 1492. Em meio a uma forte tempestade típica da região do Caribe naquela época do ano, a esquadra de três navios do navegador Cristóvão Colombo luta contra as ondas para cruzar o que hoje é conhecido como Cabo Haitiano. Uma das ondulações, no entanto, joga a nau capitânia Santa Maria, onde viajava o próprio genovês, contra rochedos próximos à costa. Em questão de minutos, o principal navio da expedição vai a pique.

Crônica do Dia - O resto é golpe - Arnaldo Bloch

Quando nasci, em 1965, ninguém votava, e aquele V rabiscado para preencher cédula só se usava em loteria, prova de múltipla escolha e exame médico

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Tá na Hora do Poeta - Insônia - José Henrique da Silva



I N S Ô N I A



I     nsônia , vil amiga,
N   ão sei 
S    e sabes mas
O   sono precisa vir
N   a hora boa
I    nda mais que
A   manhã a rotina não perdoa ....


José Henrique Silva, em 20 de outubro

Tá na Hora do Poeta - O amar é difícil - Nikolas Brandão Figueiredo



O amar é difícil


Ah, mar! 
Leva pra longe com sua maré
Essa dor no peito causada pelo olhar
Essa angústia boa causada pelo amor

Enquanto as ondas leves batem em meus pés
O castanho delas é viciante
Sua cor da pupila é apaixonante
E o por do sol perante a isso é irrelevante

E o castelo de areia se desfez
Quando a onda que pedi veio do mar

E nossos olhos tornaram a se reencontrar
É claro que isso não aconteceu

Foi só um doce imaginar 


Nikolas Brandão Figueiredo
Turma 801 / 2014 

Crônica do Dia - Aborto, o alto preço da ilegalidade

Em 1997, 80 brasileiras ousaram declarar ter feito aborto em condições inseguras, desumanas e clandestinas. Aceitaram expor aquilo que se julga poder tornar inexistente por força da lei do silêncio. Foram capa da revista “Veja” e suas histórias estamparam uma sina feminina: a gravidez involuntária e os riscos de sua interrupção num contexto de ilegalidade e criminalização.

Te Contei, não ? - Crise da água: TCU investiga responsabilidade federal

Tribunal vai averiguar medidas adotadas por ANA e ministério



Um dia após a Agência de Águas atacar o governo de SP, o TCU anunciou que órgãos federais também têm responsabilidade na crise. 

-BRASÍLIA- 

A responsabilidade de órgãos federais na crise da água será investigada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), conforme aprovado ontem pelos ministros do tribunal. Uma auditoria vai apurar como atuaram a Agência Nacional de Águas (ANA) e o Ministério do Meio Ambiente (MMA) nos episódios de seca e falta de água em diferentes estados. A proposta de fiscalização foi apresentada pelo ministro-substituto André Luís de Carvalho.

O entendimento inicial do ministro, que motivou a apresentação da proposta, é de que a falta de água não é culpa exclusiva dos estados. Como o problema não se resume a São Paulo, com situações de seca também em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, a responsabilidade pelo problema também caberia à União.

O objetivo da auditoria é averiguar as medidas preventivas e os planos de contingência eventualmente adotados pela agência reguladora de recursos hídricos e pelo ministério.

O ministro citou no requerimento a baixa do sistema Cantareira, em São Paulo, para 3,2% de sua capacidade; a forte redução do volume d'água do Rio Paraíba do Sul, no Rio de Janeiro; e a situação de emergência decretada em 159 cidades de Minas Gerais por conta da estiagem.

 Também foi citado o fato de a principal nascente do Rio São Francisco, na Serra da Canastra, em Minas Gerais, ter secado.

“O interesse predominantemente nacional, pautado pela ocorrência da seca e do esgotamento dos recursos hídricos em mais de uma unidade da federação, fixa a competência da União, como ator principal, para a solução dessa crise hídrica, notadamente, as competências do MMA e da ANA”, escreveu o ministro André Luís no requerimento lido em plenário. “Faz-se necessária a atuação do TCU no sentido de fiscalizar a atuação dos órgãos federais responsáveis pelas medidas preventivas e até mesmo pelos planos de contingência que foram ou que já deveriam ter sido adotados para evitar ou mesmo para reduzir os efeitos perversos dessa lamentável crise hídrica.”

SECA CONTAMINA DISPUTA PRESIDENCIAL

A falta de água em São Paulo contaminou a disputa pela Presidência da República. A campanha da presidente Dilma Rousseff, que disputa a reeleição pelo PT, passou a explorar o assunto e a culpar o modelo de gestão tucano em São Paulo pelo problema. Apesar da crise de desabastecimento, com níveis críticos do sistema Cantareira, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) foi reeleito em primeiro turno. O candidato tucano, Aécio Neves, atribuiu a uma “falta de parceria da União” a situação crítica de falta de água em São Paulo. Ele também criticou o aparelhamento político da ANA.
Em audiência ontem na Assembleia Legislativa do estado, o presidente da ANA, Vicente Andreu, filiado ao PT, alimentou o debate político-eleitoral com declarações fortes sobre a crise da água. Segundo Andreu, a Sabesp precisará retirar “água do lodo” caso não chova nos próximos meses a quantidade média de precipitação no estado. Ele afirmou ainda que o uso da segunda cota do volume morto de Cantareira é uma “pré-tragédia”.
As declarações tiveram reação imediata dos tucanos paulistas. Ex-secretário do governo Alckmin, o deputado José Aníbal (PSDB-SP) chamou o presidente da agência reguladora de vagabundo no twitter.
— Este vagabundo, Vicente Andreu, que deveria estar trabalhando em Brasília, disse que segunda cota do volume morto é “pré-tragédia” — postou Aníbal, para quem o “terrorismo petista foi massacrado pela população de SP nas eleições”. Aníbal acrescentou que o presidente da ANA torce contra São Paulo e “vai
dar com os burros n’água/lodo

domingo, 19 de outubro de 2014

Te Contei, não ? - Noite na Taverna

Noite na Taverna
é uma coletânea de narrativas construída em sete partes. Traz epígrafes e usa os nomes de cada um dos narradores como subtítulos, antecedendo as histórias.

Você conhece ? - Álvares de Azevedo

Álvares de Azevedo (Manuel Antônio A. de A.), poeta, contista e ensaísta, nasceu em São Paulo em 12 de setembro de 1831, e faleceu o Rio de Janeiro, RJ, em 25 de abril de 1852. Patrono da Cadeira n. 2 da Academia Brasileira de Letras, por escolha de Coelho Neto. Era filho do então estudante de Direito Inácio Manuel Álvares de Azevedo e de Maria Luísa Mota Azevedo, ambos de famílias ilustres. Segundo afirmação de seus biógrafos, teria nascido na sala da biblioteca da Faculdade de Direito de São Paulo; averiguou-se, porém, ter sido na casa do avô materno, Severo Mota. Em 1833, em companhia dos pais, mudou-se para o Rio de Janeiro e, em 40, ingressou no colégio Stoll, onde consta ter sido excelente aluno. Em 44, retornou a São Paulo em companhia de seu tio. Regressa, novamente ao Rio de Janeiro no ano seguinte, entrando para o internato do Colégio Pedro II.


Você conhece ? - Manuel Antônio Álvares de Azevedo

Manuel Antônio Álvares de Azevedo,
filho do doutor Inácio Manuel Álvares de Azevedo e dona Luísa Azevedo, foi extremamente devotado à família, como se pode ver pelo início de um de seus mais célebres poemas:

"Se eu morresse amanhã, viria ao menos / Fechar meus olhos minha triste irmã; / Minha mãe de saudades morreria / Se eu morresse amanhã!"

Te Contei, não ? - Novo Código Florestal

É popularmente conhecido como Novo Código Florestal  a lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Os conflitos de diferentes pontos de vista fizeram com que a nova lei sofresse desde o início com vetos a dispositivos importantes em situações consolidadas. Além disso, o Poder Executivo encaminhou ao Congresso a Medida Provisória nº 571, de 2012, que altera tantas outras matérias.

Te Contei, não ? - Os candidatos e o futuro da floresta

Na última década, o Brasil foi o país que mais reduziu o desmatamento - mas outros problemas graves esperam solução na Amazônia

Alexandre Mansur e Juliana Arini

Crônica do Dia - O porteiro, a empregada, o cabeleireiro e a manicure - Ruth de Aquino

Eles não acham que “é dando que se recebe”. O povo trabalhador, que sobrevive de salário com carteira assinada ou na informalidade, parece ser bem mais crítico do Bolsa Família que eu. É curioso. Pobre que trabalha desconfia de pobre que vive de benefício do Estado.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Artigo de Opinião - Coisa de índio

Todo dia uma nova cópia é noticiada. É cópia de cordão, de sapato, de estampa, de layout. O autor tem todo o direito de se sentir ofendido, de reclamar, de impedir

Crônica do Dia - O jovem assaltante dignificado pelo roubo e o otário que escolheu trabalhar

É um tapa na cara do cidadão de bem esse discurso rasteiro de legitimação do crime, o qual transforma em otário o pobre que decide trabalhar para sustentar a si e a sua família

O DIA

Crônica do Dia - Obrigado, professor

Professor, queremos te agradecer neste dia especialmente reservado para você. Agradecer pelas lições aprendidas, pelas broncas necessárias e pelos sermões insistentes

O DIA

Editorial O Dia - Lei frouxa sustenta rede de aborteiros

O DIA
Rio - A megaoperação que desarticulou ontem quadrilha que realizava abortos no estado, com quase 60 presos, expôs a fragilidade da lei no combate a esse crime, o que acabou por tornar a atividade extremamente lucrativa. A despeito do necessário debate dentro das questões de saúde pública, sem as paixões de cunho religioso, é primordial rever os mecanismos penais para que se estanquem os “açougues humanos”, na definição do delegado Glaudiston Galeano.

Te Contei, não ? - Os novos Navios Negreiros

Como historiador e professor, sempre achei importante enfatizar a distinção entre trabalho assalariado e escravidão quando ouço ou leio pessoas tratando como a mesma coisa. Tipo “nada mudou com a Lei Áurea, a exploração continua a mesma!”. A isto, costumo responder: você faz ideia do que é a escravidão que existiu até 1888? Do que é uma pessoa ter seus filhos vendidos em leilões para quem pagar mais e você não poder sequer saber onde eles estão? Do que é uma pessoa viver trancada e acorrentada, do que é trabalhar sob a ameaça de armas, de troncos, chicotes e torturas como o pau-de-arara, usado na ditadura, mas cuja origem é escravista? Do que é seu patrão ter o direito legalmente garantido de fazer o que quiser com você (incluindo o estupro cotidiano, que era norma no Brasil), pois você não existe para o sistema jurídico a não ser como mercadoria?

domingo, 12 de outubro de 2014

Crônica do Dia - Homofobia e mau humor na campanha

A repercussão das declarações de Levy Fidelix e a irrelevância do que foi dito pelos outros mostram que a fórmula dos debates eleitorais já está esgotada

Te Contei, não ? - Para unir pobre e rico na mesma escola

Jonatan tem 20 anos recém-completados. É negro, de família pobre da Baixada Fluminense, e estuda economia numa boa faculdade no centro do Rio de Janeiro. No verão passado, fez um intercâmbio em Oxford, para melhorar o inglês. Quem lida com educação superior no Brasil se acostumou, nos últimos anos, a ouvir histórias como a dele, bolsista do ProUni. Trata-se de um programa criado pelo governo federal em 2004. Distribuiu mais de 2 milhões de bolsas de estudos em instituições privadas de ensino superior, Brasil afora. Eis um belo exemplo de programa de parceria público-privada, custo baixo, burocracia zero, que deu resultado espetacular em pouco tempo.

O ProUni atendeu a uma mutação na sociedade brasileira. Nos anos 1990, o país tornou universal o acesso ao ensino fundamental. Na primeira década deste século, 40 milhões de pessoas ascenderam a uma faixa de renda com poder de consumo e planejamento de futuro. Havia necessidade de ampliar, e rápido, o acesso dos estudantes mais pobres ao ensino superior. A solução foi permitir que as universidades privadas convertessem parte de seu imposto ou cota de filantropia em bolsas aos estudantes de menor renda.
É um caso de bom-senso liberal. O vale-educação é uma ideia formulada nos anos 1950, pelo economista Milton Friedman, um dos mais influentes defensores da liberdade de mercado. No Brasil, a tese de Friedman jamais frequentou o debate público. O mantra nacional sempre foi a “defesa da escola pública” –  “pública” é a designação que aplicamos, às vezes erroneamente, ao que na verdade é “estatal”.

Te Contei, não ? - Um comprimido para prevenir a AIDS

O frasco com comprimidos azuis está sempre no caminho do auxiliar de enfermagem Fábio Paulo Santana, de 40 anos. Ele coloca a embalagem em cima de um aparador, na sala de jantar de sua casa, no Rio de Janeiro. É a garantia de que avistará o remédio quando passar por ali antes de sair. Ou quando se sentar para fazer as refeições. Mesmo que seus artifícios falhem, ele conta com outro tipo de ajuda: sua empregada e a avó, de 95 anos, são sua memória substituta. Como também tomam remédios, ajudam a lembrar quando chegou a hora do medicamento de Santana.

Crônica do Dia - O perigo do álcool em casa para o jovem - Jairo Bouer

Os pais são os principais fornecedores de bebida alcoólica para os jovens com menos de 18 anos de idade. Um em cada seis jovens de 12 a 13 anos já recebeu bebida dos pais e, na faixa etária entre os 15 e 16 anos, esse número aumenta para um em cada três.

Te Contei, não ? - Faltou fazer a lição de casa

Revista Veja, 24/9/2014




O Ideb mostrou que o ensino médio brasileiro é incapaz de formar jovens para competir no tabuleiro global, mas o problema parece para lá de periférico no debate presidencial

Crônica do Dia - Os candidatos e a educação - Gustavo Loschpe

Até a morte trágica de Eduardo Campos, esta campanha tinha um característica especial: os principais candidatos à Presidência podiam exibir experiências reais na administração de sistemas educacionais de grandes regiões, de forma que era possível não apenas julgar seus programas de governo como também os resultados de sua gestão. Com a entrada de Marina, perde-se essa dimensão da experiência, mas ganha-se com as informações anotadas no plano de governo mais detalhado entre os três principais postulantes. Combinando a análise do passado e os planos de futuro, faço a seguir a minha leitura sobre a relação dos candidatos à Presidência com a área da educação. Apenas duas ressalvas preliminares: minha opinião sobre as propostas educacionais de cada um deles não significa uma avaliação global sobre o candidato, muito menos uma declaração de voto. Há outras dimensões fundamentais para a decisão de voto, e não tenho nenhum vínculo, formal ou informal, com nenhuma das campanhas.

O melhor candidato é Aécio Neves. Sua plataforma de propostas é aquela que denota maior preocupação com o problema mais urgente a ser combatido: a qualidade do ensino, especialmente nos primeiros anos do ensino fundamental. A primeira diretriz do candidato do PSDB já aponta para a necessidade de vincular a remuneração dos professores ao desenvolvimento da aprendizagem dos alunos. Nem é o ponto em si que me parece vital — a literatura mostra que programas que dão dinheiro diretamente ao professor não vão bem, e o ideal é que a escola como um todo se beneficie, até porque a obtenção do resultado é da coletividade de professores —, mas sim a sinalização de que esse é o eixo fundamental do programa. Na sequência das diretrizes (links para os programas estão em twitter.com/gioschpe), está toda uma série de iniciativas determinantes para o aprimoramento do nosso sistema educacional, a maioria das quais ignoradas pelas outras candidatas: criação de uma política nacional de formação de professores; estímulo federal à criação de acordos focados em resultados nos estados e municípios; definição de bases comuns para um currículo nacional, “estabelecendo com objetividade e clareza o que é básico e indispensável que todos os alunos brasileiros aprendam em cada ano”; reformulação das diretrizes do ensino médio, permitindo a escolha por ensino técnico já nesse nível; criação de um programa nacional que auxilie estados e municípios a traduzir os resultados das avaliações externas de qualidade educacional em práticas eficazes em sala de aula. Além desses aspectos qualitativos está lá o apoio ao gigantismo quantitativo, defendendo os 10% do PIB para a educação do PNE, expansão da matrícula em creches e pré-escolas, expansão da escola de tempo integral etc.

sábado, 4 de outubro de 2014

Personalidades - Alex Ferrer



Dei muito trabalho para minha família na escola desde cedo. Não parava quieto, conversava muito e ia mal em todas as matérias. Quando os professores chamavam minha atenção, meus colegas explicavam que isso ocorria porque eu era criado por macacos. Todos riam. Nos anos 1980, comparar negros a animais era comum. Um dia, brincava na rua de casa, e uma das vizinhas me contou que minhas irmãs valiam 400 réis cada uma. Nunca tinha me ocorrido que as pessoas podiam ter valor em dinheiro. Nem sabia o que eram réis. Será que era muito? Depois dos risos das meninas, a explicação: era o valor que pagavam por negras na novela A escrava Isaura, reprisada na TV. Fiquei espantado. Pode nem ter sido a coisa mais maldosa que ouvi em minha vida, mas foi a que mais me marcou. Talvez porque, naquela época, ainda fosse muito desarmado. Tinha 8 anos de idade.

Crônica do Dia - Má vontade com a saúde ? - Walcyr Carrasco

Faz pouco, tive de renovar meu passaporte. Fiquei encantado com a eficiência da Polícia Federal. Agendei minha ida pela internet, ao aeroporto de Viracopos. Fui atendido por moças simpáticas, 15 minutos antes do horário previsto. O prazo de entrega era de sete dias. No dia marcado, rapidamente recebi meu novo passaporte. Alguém pode imaginar que tudo caminhou tão bem porque sou um escritor conhecido. Coisa nenhuma. Todas as pessoas foram atendidas de forma igual. Lembrei com um arrepio na espinha quando tirei meu primeiro passaporte. Eu tinha 20 anos (faz tempo!). Tive de recorrer a um despachante, fiquei horas de pé numa fila. Atualmente, a eficiência da Polícia Federal eliminou até o despachante, um intermediário suspeito, para agilizar. Quando tirei nova carteira de identidade, o Poupatempo facilitou tudo. Sem  filas imensas, fui atendido rapidamente, e o documento saiu no prazo. Ah, nem preciso comentar a eficiência do Imposto de Renda. Se meu dentista tentar ocultar o que lhe paguei, um sistema de cruzamentos eletrônicos descobrirá. Hoje há até nota fiscal eletrônica, que facilita tudo!

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Tá na Hora do Poeta - Veja bem ... José Henrique da Silva




Veja bem ...




Saudade é algo que não se esvazia.
E haja acrobacia,
Com maestria,
Pro Nada não tornar-se asfixia,
Pois a quietude de tão medonha que é
À taciturnidade se alia
E a tudo auxilia
E parece que ali fica
De prontidão, de cortesia ...


Saudade clareia, rasga, estraçalha
Qualquer Utopia,
Fantasia.
Transmuta o que era inteiro
Em fatia.
Delata que viver não passa mesmo 
De uma grande ironia ...


Ontem, Alegoria
Hoje, Melancolia.


Mas há de se crer que sempre, sempre
Outro Sol se reinicia,
Irradia,
Novamente ludibria,
Com a mais perfeita supremacia,
Com a mais perfeita primazia,
Testemunhando que a Vida não é algo mais que uma solitária Travessia ....




José Henrique da Silva, em 03 de outubro de 2014