Um dos pontos da gênese do nosso samba e, sem sombra de dúvida, o Jongo. Para os africanos de origem bantu, era muito mais que um ritmo: o Jongo era uma liturgia, um momento de profundo respeito aos mais velhos e mais sábios. Com algo de mágico, os cantos eram diálogos que podiam "amaldiçoar" a quem não soubesse respondê-los. Com o sequestro em massa de negros para o Brasil, essa tradição cruzou o Atlântico. Só não morreu porque os rituais, permitidos em alguns dias santos na então Colônia, reduziam o sofrimento da escravidão e da saudade da terra natal.
O tempo passou. Os pontos, como as cantigas são chamadas, incorporaram traços da cultura brasileira e inspiraram, com os batuques vigorosos, gente bamba que construiu o legado do samba. Na Serrinha, em Madureira, nasceu o Império, que bebeu da força do Jongo e foi acolhido por sua generosidade. O sentimento de amor ao próximo dura até hoje, graças à dedicação de Tia Maria. Aos 91 anos, a jongueira recebe a medalha do Orgulho do Rio pelo trabalho que mantém na comunidade.
Mais de mil jovens passaram pela ONG que Tia Maria coordena há 12 anos. Destaca-se, entre as atividades oferecidas sempre no contraturno escolar, o ensino da cultura brasileira, além das bases do Jongo. É uma iniciativa que valoriza e perpetua o que nós temos de melhor.
O Jongo veio ao Brasil encolhido. Foi apenas tolerado no início, malvisto por muitos, e só recentemente reconhecido. Contudo, sempre foi generoso. E o trabalho de Tia Maria merece, sim, ser motivo de orgulho de todos os cariocas.
Jornal O Dia
me emociona a luta e resistência... e tão qto generoso é e foi o jongo por ser um mecanismo de articulação de fuga pois nas suas umbigadas combinavam varias coisas ao pé do ouvido já q eram vigiados o tempo todo. tudo isso é emocionante!!!
ResponderExcluirparabéns professor e alunos!!!
Kátia Valéria Magalhaes