sábado, 9 de novembro de 2013

Te Contei, não ? - Pôquer na sala de aula

Pôquer na sala de aula

Jogo entra no currículo da Unicamp para ensinar estratégias aos estudantes e aprimorá-los em fundamentos da vida profissional

João Loes
Quem passa pela sala UL16 no prédio de ensino 2 da Faculdade de Ciências Aplicadas da Universidade Estadual de Campinas (FCA-Unicamp) pode se surpreender com o tema tratado em classe. Durante duas horas semanais, Cristiano Torezzan, 36 anos, pós-doutor em matemática aplicada e hoje professor do curso de ciências do esporte, trata exclusivamente de um assunto: o pôquer. Com ajuda de slides eletrônicos, ele destrincha partidas do jogo para 130 compenetrados alunos, todos matriculados na nova e disputada disciplina opcional, batizada por ele de “Fundamentos do Poker”. “O jogo, na verdade, funciona como um laboratório para refinar habilidades que podem ser usadas na vida, como análise de risco, leitura de pessoas e construção de estratégias”, afirma o professor, que garante não haver carteado em sala de aula. “Estudamos o pôquer para entender como as pessoas se comportam em cenários de estresse que exigem a tomada de decisões mesmo que as informações disponíveis para respaldá-las sejam incompletas.”
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O professor Cristiano Torezzan, pós-doutor em matemática aplicada,
e seus alunos: competições em sites da modalidade
Embora Torezzan seja o primeiro a propor um curso sobre o assunto em uma faculdade brasileira, renomadas instituições de ensino superior no Exterior, como a Universidade Harvard e o Massachusetts Institute of Technology (MIT), ambas nos Estados Unidos, já oferecem, há alguns anos, o pôquer como disciplina a seus alunos. Complexo a ponto de ser considerado um esporte da mente, como xadrez e bridge, ele atrai interessados por probabilidade e estatística, teoria de jogos e até psicologia. “Espero conseguir ler as pessoas um pouco melhor e, no futuro, usar essa habilidade em negociações comerciais”, diz Ellen Amstalden, 19 anos, aluna do curso de gestão de comércio internacional na FCA, matriculada na disciplina de Torezzan. Já Lucas Constantino Delago, 21 anos, aluno de engenharia de produção, quer entender melhor a matemática por trás do jogo e como ela pode complementar o raciocínio lógico dos jogadores envolvidos. “Não sei bem como vou usar essas habilidades na minha carreira, mas sei que elas me serão úteis”, diz.
Até lá, tanto Ellen quanto Delago, além dos outros 128 alunos, terão de mostrar pelo menos algum traquejo no jogo para receber os créditos da disciplina. É que para passar com média 7 todos os matriculados no “Fundamentos do Poker” devem, além de comparecer a 75% das aulas, se cadastrar em um site de pôquer virtual e acumular ao menos 15 pontos em disputas com colegas de sala. Os que liderarem o ranking terão nota 10. “Soube que também haverá desafios opcionais, do tipo tudo ou nada, durante a disputa”, diz Delago. O jogo da vida começou.
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