O aviso foi dado através dos resultados. Quem tiver “olhos para ver” que vejam e “ouvidos para escutar”, que escutem
O DIA
Rio - A impressão que temos é que em todos os anos as dúvidas são as mesmas: algum vazamento, escolas que competem, onde umas cedem lugar às outras, Ministério da Educação tentando evitar que haja ranking das escolas. Mas, neste último Enem, algo diferente teve início: algumas escolas tradicionais, mantendo ensino tradicional, cederam lugar a outras que vêm se modernizando e, sobretudo, atuando pedagogicamente em função dos descritores do exame fornecidos pelo próprio Ministério da Educação.
Creio ser lamentável, algumas pessoas dizendo-se doutas em pedagogia, afirmarem que as escolas sob sua responsabilidade não “treinam” para o Enem. Seria interessante que verificassem os descritores porque eles são modernos e se adaptam à vida que a sociedade necessita de um profissional, sobretudo no tocante a uma visão mais abrangente e menos segmentada da sociedade. Não se trata de “treinamento” e, sim, de novo enfoque.
Quando uma escola adota livros e, não material apostilado, ela supõe que seu corpo docente e sua equipe pedagógica elaborem todo o trabalho de ajuste de textos e disciplinas, às propostas do Enem. Se isto não for feito ou se a equipe não reunir competência suficiente para fazê-lo, os alunos estarão sendo preparados para um exame que não existirá.
Se a vertente do debate for ideológica, negando alguns que este enfoque não atende às suas estruturas pedagógicas mais que experientes, a questão torna-se mais complexa porque há uma clara negação de que um modelo sistêmico e de complexidade proposto e ainda há esperança de um retorno ao modelo cartesiano que muitos conhecem, no entanto, marcadamente superado.
Creio que, se uma escola está instalada num território que é regido por determinada constituição e regras para o ingresso no Ensino Superior, qualquer mantenedor pode discordar, contanto que o debate fique na esfera político-pedagógica porque os alunos não sofrerão perdas com estas posturas.
Mas se as escolas que perdem espaço não percebem que os resultados deste ano de 2014 não trouxeram um alerta, devem reexaminar as práticas de imediato porque a sociedade, através das famílias, sempre fazem escolhas. Estas escolhas, na maioria das vezes, seguem os resultados, até porque muitos não têm condições de debater os métodos e processos.
O aviso foi dado através dos resultados. Quem tiver “olhos para ver” que vejam e “ouvidos para escutar”, que escutem. Ainda há tempo. O que é necessário pensar é que vivemos num século de instantaneidade, realidade bem difícil de ser mudada.
Hamilton Werneck é pedagogo, escritor e palestrante
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