quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Tá na Hora do Poeta - Revide II ou Queimando a falta de Respeito de um ciclo que se finda



Revide II
ou 
Queimando a falta de Respeito de um ciclo que se finda



Há muitas e muitas luas
Que, silenciosamente, 
Isto em mim está a se desenrodilhar.
Se processa,
Me amua.
E como não sou e nem jamais serei de me calar
E para que  também o novo ciclo isso não polua 
Cá vim hoje só pra vadiar,
Só pra a você alertar,
Pois como sou do bem, 
Me sinto no dever fraternal de te acautelar
O que comigo se processa
Desde que gerado fui 
Para neste planeta caminhar ... 

E longe, longe de mim  te acossar querer,
Pois não sou , de forma alguma, acurado,
Porém, indubitavelmente,  sou feito de outra matéria
Bem mais  diferente de você.

Você que, dissimulado,  com tua Verdade
Tentou me abater,
Subjugar, 
Reduzir,
Vencer,
Derruir,
Esboroar.

Te advirto que sim, 
Creio em todos os Mitos, 
E por isso venho a te precatar
Que sou concebido de matéria rara
Que a nada se compara,
Pois trago de outras viagens
A força de um jequitibá,
O ritmo suave de um Ijexá,
A solidez de um baobá,
Estou a caminho de usar laguidibá,
Tenho a certeza da flecha que a caça chama,
Tenho a acolhimento da luz que vem de Oxalá, 
E a matéria com que brinca a senhora da lama,
O axé de uma lua cheia,
O carinho  de uma linda sereia.

Trago cravado, em minha alma, dos ancestrais
As mil adversidades sofridas no escuro tumbeiro,
Todas as dores que se sofreu numa senzala,
A força do trovão que a tudo abala,
O brilho do raio que avassala.

Não, não adianta ideias de morte 
Das minhas convicções processar 
E ordenar para eu me calar,
Pois trago comigo do homem das palhas o amuleto de sorte.
Não, não, você não arranca o meu norte.
Não adianta,
Tua empáfia não me aparvalha,
Pois tenho impregnado em minha alma,
Em minha palma
O gingado do jongo, 
Do Maracatu, 
Do Caxambu
A calma que abranda meu coração
Gritando para se derrubar qualquer intolerância, qualquer tabu.

Por mais que ao seu jeito você pense em fazer rituais
Não, você não derruba meus ideais,
Pois trago  inerente  a energia de Moçambique, 
Congo, 
Benim , 
Nigéria,
De todos os guetos
De Angola e Keto. 

Não, nem adianta fazer fuzuê
E hoje do meu silêncio explico o porquê
Flores limpam qualquer má energia 
Que de você se processa,
Me dão força, encantamento, magia,
Luz contra todo esse mal que te rodopia.
Digo, reafirmo, repito
Creio em todos os Mitos
E das chamas da Senhora do Fogo
Crepito, 
Portanto, não temo atrito. 

E a despeito 
De intolerâncias,
Preconceitos,
De qualquer pleito
Só te aviso que não te quero mal,
Seria ser pequeno feito você.
Quero o que é de direito,
Respeito. 

E você outro que nem me conhece direito
E que supõe - se  superior, perfeito
Desta lírica aproveito
Para te alvorotar  que das tuas reais intenções suspeito
E que com tuas idiossincráticas atitudes apenas em mim 
Você atiça, nobre sujeito, 
Uma insubmissa sede de justiça,
Uma louca ânsia de Respeito.

E agora que o tempo deste capítulo 
Que nem sou eu que encerro,
Ao fim chega flamejante,
Aproveito a força do homem do ferro
Que o novo parágrafo  vai escrever vibrante,
E tudo isso, num passado
Que de mim quero bem distante,
Enterro !


José Henrique da Silva
Tarde de 31 de dezembro de 2014 

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