sábado, 28 de novembro de 2015

Te Contei, não ? - Crise hídrica desafia o Rio a buscar novas soluções

Rio - Para que o Rio de Janeiro não enfrente problemas ainda mais sérios de abastecimento de água, o relatório final da CPI da Crise Hídrica da Assembleia Legislativa (Alerj), que vai a plenário nos próximos dias, sugere uma série de medidas, como estudos referentes à dessalinização da água do mar para tornar essa tecnologia viável do ponto de vista técnico, econômico e financeiro.


Aberta em março, a CPI conclui ainda que deve-se proteger os mananciais como forma de aumentar a vida útil das fontes de abastecimento. Esta ação envolve as nascentes, preservando a vegetação e garantindo a alimentação dos lençóis freáticos. Outra medida recomendada pela CPI é em relação às comunidades ribeirinhas de Cachoeiras de Macacu, já que devem ser levadas em consideração na discussão da construção da Barragem do Rio Guapiaçu, caso o projeto seja implantado para abastecer parte da Região Metropolitana.

O presidente da CPI, Luiz Paulo (PSDB), criticou o desperdício de água, já na distribuição. “Não faz o menor sentido as concessionárias estarem com perdas acima de 30 pontos percentuais que acabam indo para a conta dos usuários”. Ele também defendeu medidas opunitivas: “Você pode premiar quem gasta menos e multar quem gasta mais, você tem que trabalhar na diminuição de consumo”.

Especialista em desenvolvimento urbano, Sérgio Besserman se diz preocupado com a situação hídrica no Rio de Janeiro e afirma que o carioca demonstra falta de capacidade e de planejamento ao ser surpreendido com a estiagem. “As pessoas deveriam mudar seus hábitos.Plantar nas margens de rios, como o Guandu e o Paraíba do Sul, seria importante. O que parecia coisa de um 'ecochato', é hoje, uma solução”, ressaltou Besserman, durante o Fórum das Águas, realizado na última semana em Inhotim (MG).

O governador Luiz Fernando Pezão anunciou que prevê investir R$ 210 milhões para restaurar 22 mil hectares de áreas até 2022, através do programa ‘Pacto das Águas’ para enfrentar a maior crise hídrica dos últimos 84 anos no estado.

1,17 milhão podem ficar sem água

Estudos da consultoria Cohidro, responsável pelo projeto da barragem de Guapiaçu, mostram que, se nenhuma medida for tomada para suprir o déficit hídrico da região atendida pelo Sistema Imunana-Laranjal (Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Maricá, Ilha de Paquetá e Tanguá), em 2035 haverá um déficit de 5m³/s, suficiente para abastecer cerca 1,17 milhão de habitantes.

A CPI evidenciou a importância e a dependência que o estado têm em relação à Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul, que abrange 62% do território e abastece de água potável cerca de 11 milhões de pessoas, 8,5 milhões na Região Metropolitana.

A indústria pecuária é apontada como forte poluidora. “Cerca de 70% das terras estão cobertos por campos/pastagens, em sua maioria maltratadas pelas reiteradas queimadas e pelo pisoteio do gado”, diz o relatório. A agricultura, embora ocupe área bem menor (10%), também preocupa pelo uso descontrolado de fertilizantes e agrotóxicos.

O Dia

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