segunda-feira, 21 de novembro de 2011

GENTE QUE VOCÊ NÃO CONHECE, MAS VALE A PENA CONHECER .... Leila Diniz


Leila Diniz, um biquíni a colocou à frente de seu tempo

A atriz expressava-se sem medo da repressão da ditadura. A exibição de sua gravidez sem pudores fez dela um símbolo das mulheres atuais.

Karina Costa
Não tem como falar sobre moda praia sem lembrar da figura irreverente de Leila Diniz, carioca de Niterói que marcou a Ditadura Militar com atitudes que romperam tabus. Entre elas, a que a tornou símbolo da revolução feminina quando escandalizou a sociedade ao deixar o barrigão à mostra na praia, durante sua gravidez, exibindo-o num biquíni.

Considerada vulgar na década de 1960, hoje a atitude passaria despercebida, afinal, é comum mulheres desfilarem com modelos cada vez menores, sem vergonha de suas formas. É reflexo do comportamento da atriz a troca do corpo coberto pelo maiô por looks de duas peças como os biquínis asa delta, cortininha, fio dental. E a convivência democrática entre magrinhas, gordinhas, saradas e, claro, mulheres exibindo com muito orgulho que esperam um bebê.

Leila estava à frente de sua época também quanto aos seus discursos: dizia palavrões sem o menor pudor e não escondia de ninguém suas vontades e preferências sexuais. Em uma entrevista ao jornal alternativo Pasquim, disparou mais de 70 palavras de baixo calão e falou abertamente de sua vida sexual, o que motivou a lei da censura prévia à imprensa, o "Decreto Leila Diniz".

Formada professora, mas tendo seguido a carreira de atriz, Leila começou no teatro e dali para a TV e o cinema. Teve uma trajetória expressiva, mas curta, por ter falecido muito jovem. Aos 27 anos, o avião que a trazia de uma viagem a um festival na Austrália caiu. A bordo estavam mais de 80 passageiros, todos vítimas fatais. Deixou Janaína com menos de um ano, filha que teve com o cineasta Ruy Guerra.
Entre marcantes papéis, Leila contracenou com Cacilda Becker em O Preço do Homem. Na TV atuou em 12 novelas, entre elas Eu compro essa mulher, O Sheik de Agadir, Vidas em Conflito e E Nós, Aonde Vamos?. No cinema participou de mais de dez filmes, como Fome de Amor, Os Paqueras e Mãos vazias, que lhe rendeu o prêmio de melhor atriz pelo International Film Festival da Austrália.

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