Ouvindo a musiquinha da Rede Bobo, ops, perdoe - me, Rede Globo, vou na contramão do clima e concluo que não existe ano novo para a natureza.
É tudo um fluxo só. O mundo não sabe que o ano vai mudar. A gente é que o supõe para abastecer o farnel das esperanças combalidas. Para a natureza, o novo é cada estação, primavera, verão, outono, inverno. Aí tudo muda.
O único ente da natureza que comemora ...o ano novo é o homem. A vida é substantiva, nós é que somos adjetivos. Já viu flor comemorando ano novo?
Se você pensa que viver é horizontal, unitário, definitivo, monobloco; que o "ano novo" te ensine a aceitar o conflito como condição lúcida da existência. Tanto mais lúcida quanto mais complexa. Tanto mais complexa quanto mais consciente. Tanto mais consciente quanto mais dificil. Tanto mais dificil quanto mais grandiosa.
E já que é quase impossível fugir desta energia criada pelo homem ... Que no "ano novo", aquele garoto que nao come, coma. Que aquele cara que mata, nao mate. Que aquela "amiga" que é falsa, vil e traiçoeira recilce-se. Que a dor da perda se perca. Que aquela timidez do pobre, passe. Que o aluno esforçado, se forme. Que o jovem, jovie. Que o velho, velhe. Que a moça, moce. Que a luz, luza. Que a paz, paze. Que o som, soe. Que a mãe, manhe corretamente. Que o pai, paie corretamente. Que o sol, sole. Que o filho, filhe. Que a árvore, arvore. Que o ninho, ninhe. Que o mar, mare. Que a flor, flora. Que o coração, coraçõe. Que tudo, tudo vire verbo e verbe. Como a esperança. E se ano novo não existe, exceto na imaginação da gente e se nesta tudo é possivel, então que ele sirva para transformar tudo em Verbo. Como no princípio. Pois do jeito que o mundo vai, dá uma vontade danada de apagar tudo e começar tudo de novo .....
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