Os Óculos de Pedro Antão
"O amanhã já é hoje."
Machado de Assis na telona
O cinema e a literatura são expressões artísticas distintas, porém com profundas ligações entre si. Em ambas há vida, história, sub-histórias, personagens, espaço geográfico, tempo e um pouco mais. A relação entre ambas estreita-se quando a linguagem literária é adaptada para o cinema, e transformada neste outro universo.
E filmes baseados em romances, peças teatrais, contos, poesia ou letra de música, sempre dão o que falar: ou recebem críticas negativas, ou são exaltados aos extremos, um meio termo é quase impossível. O mundo do cinema envolve atores, direção, música, imagens, movimento, edição, produção, transpiração e inspiração, enquanto que o mundo da literatura abrange apenas a imaginação e retórica do escritor. Não se pode esquecer de que o ato de criar requer inspiração e estímulo em qualquer manifestação artística.
De qualquer modo, é uma via de mão dupla, um acaba contribuindo ou acrescentando à arte do outro; no caso de adaptação livre, pode radicalmente transformar em nova obra.
Há uma extensa lista de autores nacionais e estrangeiros adaptados para o cinema: O Processo, Fahrenheit 451, Vidas Secas, Anna Karenina, Dom Casmurro, Guerra e Paz, A Grande Arte, A Cartomante, são alguns exemplos deles.
Um dos filmes que assisti recentemente é adaptação do conto de *Machado de Assis "Os Óculos de Pedro Antão", um suspense formidável, e confesso que me causou ótima impressão. Cheio de pontos de virada, ótima pedida para aqueles que gostam de uma boa literatura e curtem cinema.
E eis o resumo dessa história: Pedro recebe uma carta do amigo Mendonça, solicitando sua companhia para uma missão, no mínimo curiosa: acompanhá-lo para abrir a casa que recebera de herança de seu tio Antão, falecido dez meses antes de forma misteriosa. À meia noite, os dois amigos entram no casarão de aspecto lúgubre. Pedro, munindo-se dos elementos que encontra no caminho, compõe, tal qual um detetive, a história do final da vida do finado. Aos poucos ele revela sua conclusão: um romance proibido com uma jovem e um final trágico. Uma escrivaninha trancada é a esperança de Pedro de comprovar sua história. * Mas qual não é a surpresa de ambos ao abrirem a tal escrivaninha?!
Trata-se de uma história instigante, um conto investigativo e a adaptação ficou bem contextualizada e arrematada, um suspense de tirar qualquer mortal do sério, prendendo a atenção do início ao fim, principlamente quando lemos a obra e depois vendo personagens ganhando forma, movimento, cores, expressões fisionômicas transmitindo ação e emoção.
A escolha do elenco e a direção não poderia ser melhor a esse thriller de mistério que só a genialidade e a criatividade de Machado de Assis para presentear seus leitores com muito bom gosto. Perfeitos! Quem não leu, ou não assistiu, não sabe o que está perdendo.
Essa correlação literatura / cinema é uma ótima forma de **incentivo à leitura. Faz surgir comentários do tipo: “Gostei do filme, agora vou ler o livro.” O clima de suspense prende a atenção, e o expectador-leitor ligam-se aos personagens, tornando-se únicos, investigado e investigador tentando decifrar cada objeto, pessoa e situação que compõe o cenário assustador. Às vezes a obra literária ofusca a cinematográfica e / ou vice-versa.
Em Os Óculos de Pedro Antão, elas se complementam. E a imaginação também ajuda, superando a realidade. Ótima pedida! * Sou fã do imortal, o maior nome da literatura brasileira, um artista da palavra completo. * Está neste conto a maior pegadinha da história da literatura brasileira. Tem que assistir para saber.
** Bom material como suporte à disciplina Literatura Brasileira. Karenina Rostov * Direção e Roteiro: Adolfo Rosenthal Elenco: Michel Bercovitch, Bruno Mello, Karen Marinho, Roberto Pirillo e Luiza Tom "Quero conjugar o verbo amar no presente do indicativo." "Eu aprendi a arte de interpretar as coisas insignificantes."
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