Entrevista com o diretor da Coprof -
Cooperativa de Professores
Marcelo Salvini Fernandez
1-O que é uma cooperativa?
Primeiro eu vou falar sobre a diferença entre uma cooperativa e uma empresa. Em uma empresa você tem um dono, esse dono pode ou não trabalhar na empresa, e você contrata demais pessoas para trabalharem na empresa, ou seja, todos são seus empregados, já em uma cooperativa você não tem dono, quem é o presidente dessa cooperativa, neste caso sou eu, deve ser eleito de três em três anos pelos cooperados, o dono você nunca pode tirar, ele manda e a gente faz tudo que ele manda, do jeito que ele quer. Então, eu estou na presidência há 12 anos porque os cooperados me reelegem a cada três anos, o dia que eu não estiver agradando, eles podem eleger outro cooperado para ser o presidente. Na cooperativa, o presidente pode trazer ideias e o grupo de pessoas, chamados cooperados, decidem democraticamente como que essa cooperativa vai funcionar, então todos eles tem voz ativa, não é só uma pessoa decidindo, igual na empresa, onde o que o dono quer a gente faz.
2-Por que vocês decidiram formar uma cooperativa e não uma empresa privada?
Quando nós fundamos a cooperativa nós éramos 20, 20 é uma escola que tinha ido à falência, como a gente tinha ido à falência, todo mundo estava sem salários por 5/6 meses, então nós não tínhamos capital. Para você começar uma empresa você tem que ter capital, tem que ter dinheiro, bastante dinheiro pra você abrir uma empresa, então nós resolvemos, não só por isso, abrir uma cooperativa porque nós íamos ajudar nas duas partes, democraticamente, de como as coisas eram estabelecidas, e financeiramente, porque nós não tínhamos o dinheiro necessário. Na época que nós abrimos a cooperativa, lá pelo ano de 2000, a cooperativa pagava pouquíssimos impostos, já as empresas pagavam os impostos muito altos. Isso no decorrer do tempo foi trocando muito, hoje em dia a cooperativa paga vários impostos, mas naquela época a cooperativa pagava menos impostos. Então nós resolvemos abrir a cooperativa, como deu tão certo, até hoje nós estamos em regime de cooperativa.
3-O que o levou a seguir a profissão de diretor?
Bom, eu acho que em primeiro a liderança nata, eu já nasci com isso, eu sempre gostei de liderar. Tudo que eu gosto de fazer, eu gosto de estar à frente. Então quando eu decidi abrir a escola no ano de 2001, já me colocaram como diretor, continuei e gostei dessa posição. Eu acho que gosto muito da área de educação, fui professor durante 15 anos, desde meus 19 anos eu dava aula e gosto muito de ajudar as pessoas, de conversar e de lidar com o ser humano.
4-Em que consiste seu trabalho, o que ele abrange?
Bom, aqui no Ativo eu sou o diretor geral, o que significa isso? Nós temos o diretor geral, que sou eu e temos outras duas direções, a direção pedagógica, que hoje em dia é a Marlene, e a direção financeira, que é a Rosângela, na direção geral eu simplesmente tenho que ver todas as partes da escola. Então a parte pedagógica se ela vai ruim passa dos dois professores pro coordenador, do coordenador pra diretora pedagógica, e da diretora pedagógica pra mim. A mesma coisa na parte financeira, se a gente tiver algum problema financeiro, alguma inadimplência, alguns impostos atrasados, graças a Deus não temos nenhum, passa pela diretora financeira e a diretora financeira traz pra mim. Então o diretor geral ele está onde estão os problemas, o que tiver problema a gente vai. Então são nos três segmentos da parte pedagógica, na escola infantil, no segundo ao quinto e no sexto ao nono, essa é minha função aqui dentro, onde estiver o problema eu estou lá, além de representar a escola legalmente. O que significa isso? Todo o processo que a gente possa vir a ter eu que tenho que ir ao Fórum para representar a escola, assinar pela escola.
5-Em sua opinião qual é a importância dos alunos na escola?
Como eu disse, gosto muita da cooperativa, por ela ser democraticamente formada, assim como a cooperativa é formada eu gosto da escola que é democrática e o que é isso? É uma escola em que o aluno tem opinião, o aluno faz um projeto, pois ele acha que o projeto é importante e não porque ele é obrigado a fazer. Então tudo dá mais certo e tudo é mais prazeroso quando o aluno é parte dá proposta, ele quer fazer aquilo que ele está fazendo. E é uma aprendizagem muito maior, porque o aluno está participando da proposta.
6-Você já trabalhou em escola pública? Qual você acha que é a maior diferença entre uma escola pública e uma escola particular em geral?
Não, mas estudei durante minha vida toda. Nas escolas públicas os professores são concursados, eles fazem um concurso e eles entram, e depois eles não são mandados embora não, é muito difícil um professor da rede pública perder o emprego. Já na rede particular a concorrência é muita, nós temos várias escolas particulares inclusive com salários diferentes. Então o que acontece, infelizmente apesar de sermos todos professores há uma seriedade maior na escola particular, porque na escola particular se você não fizer um bom trabalho você é mandado embora. Já nas escolas públicas não, na minha época que eu era aluno, eu tinha um professor e estudava na escola pública, e tinha um amigo meu que estudava na escola particular. Na escola particular ele nunca faltava, na escola pública raramente ele ia. Então a seriedade com que o professor encara hoje as escolas públicas e as escolas particulares é que faz a grande diferença. Se você não tem professores comprometidos, você não tem um bom ensino. Então vocês não ouvem falar em greve e nem por melhores salários, às vezes as escolas públicas fazem uns dois, três meses de greve. Então chega ao final do ano, o que acontece, dá uma ou duas semanas a mais e acha que compensaram esse tempo, na verdade não compensou. Então a grande diferença está nisso aí, eu acho que depende mais da administração, se tivéssemos aulas iguais, dias iguais seria ótimo, mas como têm muita greve na parte pública hoje eu considero o ensino público bem inferior ao particular.
7-O que você acha que poderia melhorar tanto nas escolas particulares quanto nas escolas públicas?
Em minha opinião como eu disse antes das empresas, elas pagam grandes impostos, elas pagam impostos como a Petrobras, como qualquer outra empresa. Eu acho que se o governo colocasse um sistema em que os impostos seriam reduzidos, com isso você poderia ter salários melhores para os professores, eles poderiam se dedicar mais. Porque hoje em dia você tem professores, excelentes professores, mas pra eles terem um bom nível de vida na parte social, eles têm que trabalhar em quatro ou cinco escolas, se eles tivessem um salário melhor, eles poderiam dedicar o tempo deles para preparar melhores aulas, pra se dedicar mais em menos escolas. Hoje eles têm que trabalhar em muitas escolas pra poder compor o salário, então se o governo ajudasse não a isenção total, mas pelo menos uma redução de impostos a tudo que fosse escola, já ajudaria muito.
8-Você acha que o professor é muito desvalorizado hoje em dia?
Sem dúvida, desvalorizado em relação aos salários. Hoje em dia, você vê que um petroleiro ou qualquer técnico ganha mais que um professor. O que é isso? Um técnico hoje em dia, ele tem o ensino médio, o ensino técnico, um professor tem a faculdade. E como pode um salário na área petrolífera de um técnico nível médio ser maior que o nível superior que é o professor. Muitas vezes professores têm pós-graduação, mestrado e até doutorado, então é muito desvalorizado.
Contribuição dada pelo grupo de Aline, Ana Elisa, Paula, Luís Henrique e Larissa
Turma 801 / Ativo 2012
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