quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Editorial - Sempre atrás do prejuízo

Sempre atrás do prejuízo


É notória a falta de proatividade no Brasil. Parecemos cultivar  o hábito de se estarmos sempre a um passo atrás de tudo. Em situações calamitosas, esse atraso invariavelmente é fatal. O Brasil chora, atônito, a morte de quase 300 jovens em Sant Maria e brada palavras de ordem clamando justiça, como se nos gritos saíssem gotas de sangue e de bile que surtissem esse efeito.
No último ano, este espaço expôs a carênciade proatividade em quatro situações. Duas se referiram a equívocos, duas, a méritos. Estão na lista negativa o desabamento do Edifício Liberdade, que completou um ano semana passada, e um caos no sistema de transportes sobre trilhos que parou a cidade - e que teve um bis ontem, ainda que em menor proporção. Nas benesses, contam - se a redução das mortes nas estradas no Carnaval pela PRF, em face do feriado de 2011, e o plano de contingência contra desastres da chuva, anunciado pelo governo em agosto.
Fiquemos com a questão do prédio da 13 de Mao. Em comum com o inferno na boate Kiss, uma legislação ignorada e lacunas inadmissíveis na fiscalização. Na casa noturna, as licenças estavam em renovação, e ninguém se preocupou com o fato de a banda costumeiramente soltar fogos em suas apresentações, mesmo num espaço exíguo e superlotado. No Centro do Rio, obras que desfiguravam e desestabilizaram um imóvel foram feitas na surdina - e escancararam uma cratera fiscalizatória.
Se o Brasil quer ser um país sério, tem de se reerguer das tragédias e virar a mesa, estando sempre um passo à frente. Isso se faz com que leis efetivas e fiscalização ativa.

Jornal O Dia - 29/01/13

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