quarta-feira, 6 de julho de 2011

Nos Tempos da Literatura


O Trovadorismo, primeira manifestação literária portuguesa, desenvolveu-se entre os séculos 12 e 14, épocas marcadas pela profunda religiosidade. Os acontecimentos terrenos eram considerados expressões da vontade divina, e a Igreja exercia um verdadeiro monopólio cultural. A arte gótica refletia essa visão de mundo, sobretudo na arquitetura: as altas igrejas, com suas torres pontiagudas, projetavam-se em direção aos céus. A época histórica era a Baixa Idade Média, caracterizada pelo rígido sistema feudal, no qual a sociedade se organizava em torno das relações de vassalagem. Também foi a época das lutas da Reconquista, quando as forças cristãs trataram de retomar o território ocupado pelos árabes.
Portugal surgiu como Estado independente nesse período, em 1143. A primeira manifestação documentada da literatura portuguesa é a cantiga A Ribeirinha ( ou Cantiga de Guarvaia ), atribuída a Paio Soares de Taveirós e datada de 1189 ou 1198. Foi escrita em galego - português, língua que predominou na literatura até o século 14 e deu origem ao português e ao galego modernos.

AS CANTIGAS

O nome Trovadorismo veio das trovas ou cantigas, textos poéticos musicados. Memorizadas e transmitidas oralmente, foram muito populares entre os nobres e as pessoas comuns. Os trovadores eram quase sempre da corte, mas também havia os jograis e menestréis, de condição social inferior, que cantavam poesias escritas pelos trovadores para entreter a nobreza. As Cantigas foram reunidas em cancioneiros, livros com poemas de vários tipos, alguns preservados até hoje, como o Cancioneiro da Ajuda.
Há dois grupos de Cantigas, as Líricas e as Satíricas, que também se divivem em tipos:
Líricas :
- De Amor - o homem declara seu amor submisso por uma dama.
- De Amigo - a mulher sofre pelo amigo ( amante ) ausente.
Satíricas :
- De Escárneo - sátira indireta que usa ironia e ambiguidade.
- De Maldizer - sátira direta, citando o nome da pessoa ironizada.


Nas Cantigas de Amor, o poeta reproduz os padrões de vassalagem feudal ao cantar o amor cortês ( da corte ) submisso à mulher nobre, chamada de "dona" ou "senhor" ( que aqui, significa "senhora" ). O falante é um homem, ou seja, o eu - lírico da Cantiga de Amor é masculino. A "senhora amada é inatingível e lhe impõe a "coita do amor" ( o sofrimento amoroso ).
As Cantigas de Amigo têm um eu - lírico feminino. Elas refletem o patriarcalismo, pois a mulher, sempre uma camponesa, sofre com a ausência do amante ou namorado, que foi caçar ou lutar na guerra. Ela nem sabe se ele voltará, a abandonará ou a trocará por outra.
As Cantigas Satíricas, que podem ser de Escárneo ou de Maldizer, tratam dos costumes do clero e dos vilões ( camponeses livres ); da decadência dos nobres, que perdiam espaço para os burqueses em ascensão; e do adultério feminino.

PROSA

A Prosa sugiu em Portugal no século 13 e se desenvolveu durante a transiçao do Feudalismo para o Mercantilismo. O conhecimento se disseminava com a criação das primeiras universidades, enquanto permanecia o espirito guerreiro e aventureiro da era da Reconquista. Nesse contexto, foram escritas as Novelas de Cavalaria, traduzidas de línguas estrangeiras ou adaptadas de relatos sobre supostas façanhas guerreiras na Inglaterra e na França. Uma das mais célebres é a Demanda do Santo Graal, sobre a busca do cálice que guardaria o sangue de Cristo, empreendida pelo rei Artur e por seus cavaleiros da Távola Redonda.






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