domingo, 9 de novembro de 2014

Artigo de Opinião - Papa ouve movimentos sociais


Em outubro, Francisco acolheu, no Vaticano, dirigentes de movimentos populares de vários países, entre os quais o Brasil


O DIA

Rio - Em outubro, Francisco acolheu, no Vaticano, dirigentes de movimentos populares de vários países, entre os quais o Brasil. Disse ao recebê-los: “Os pobres não só padecem a injustiça, mas também lutam contra ela! Não se contentam com promessas ilusórias, desculpas ou pretextos. Também não estão esperando de braços cruzados a ajuda de ONGs, planos assistenciais ou soluções que nunca chegam ou, se chegam, chegam de maneira que vão em uma direção ou de anestesiar ou de domesticar. Isso é meio perigoso. Vocês sentem que os pobres já não esperam e querem ser protagonistas, se organizam, estudam, trabalham, reivindicam e, sobretudo, praticam essa solidariedade tão especial que existe entre os que sofrem, entre os pobres.”

Em linguagem coloquial, Francisco frisou que solidariedade significa algo mais do que atos de generosidade esporádicos: “É pensar e agir em termos de comunidade, de prioridade de vida de todos sobre a apropriação dos bens por parte de alguns. Também é lutar contra as causas estruturais da pobreza, a desigualdade, a falta de trabalho, de terra e de moradia, a negação dos direitos sociais e trabalhistas. É enfrentar os destrutivos efeitos do Império do dinheiro.”

Francisco acentuou: “Não é possível abordar o escândalo da pobreza promovendo estratégias de contenção que, unicamente, tranquilizem e convertam os pobres em seres domesticados e inofensivos.” Ao lembrar que, hoje, a maioria dos seres humanos não dispõe de terra, teto e trabalho, o Papa ironizou: “É estranho, mas, se falo disso para alguns, significa que o Papa é comunista. Não se entende que o amor pelos pobres está no centro do Evangelho. Terra, teto e trabalho – isso pelo qual vocês lutam – são direitos sagrados.” 
Sobre terra, disse Francisco: “A apropriação de terras, o desmatamento, a apropriação da água, os agrotóxicos inadequados são alguns dos males que arrancam o homem da sua terra natal.” 
Quanto à fome, alertou o Papa: “Quando a especulação financeira condiciona o preço dos alimentos, tratando-os como qualquer mercadoria, milhões de pessoas sofrem e morrem de fome. (...) Sei que alguns de vocês reivindicam uma reforma agrária para solucionar alguns desses problemas, e deixem-me dizer-lhes que, em certos países, e aqui cito o Compêndio da Doutrina Social da Igreja, “a reforma agrária é, além de uma necessidade política, uma obrigação moral.”

Frei Betto é autor de ‘Fome de Deus’ (Paralela

3 comentários:

  1. O mundo está em crise, isso não é novidade. A maioria dos países vivem sofrendo vários problemas sócio, político e econômico. Sempre ouvimos que existem movimentos e campanhas para mudar essa situação, mas ao vermos os resultados, percebemos que as coisas apenas diminuem de gravidade.
    O papa usou de sua autoridade para ser ouvido, disse o que muitos já falam ou queriam falar. Assim como grande parte da população, ele vê todos os dias o estado de nosso planeta.
    Crescemos muito,e o ser humano evoluiu em diversas áreas. Mas eles não conseguem ver que o lugar em que vivem grita por urgência, por mudança, por ajuda. As pessoas podem fazer muito pela nossa nação, mas não fazem. Olham apenas para si mesmos, se concentram somente em suas vidas.
    Francisco acentua que isso precisa mudar, precisamos nos juntar e lutar pelo lugar em que vivemos.
    Seja por egoísmo ou por ignorância, muitos não se importam com o próximo. Acham que o estado em que vivemos é suportável, isso porque essas pessoas não passam dificuldade, não sentem fome e nem frio. Mas o pobre que vive nas ruas passa por essas coisas, clama por ajuda, e não é ouvido.
    Muitos lutam apenas por um pedaço de terra, um terreno em que eles possam cultivar e ganhar a vida. Mas nem isso lhes é dado. Esse é o problema, quando o cidadão quer trabalhar honestamente, esse direito não é concedido. Muitos se
    revoltam e entram no mundo do crime, e quando isso ocorre, ele é julgado sem que ouçam sua história, seu passado.
    Isso não justifica a marginalidade, digo apenas que muitos entram nesse mundo por falta de oportunidade, oportunidade essa que poderia lhe ser dada.
    Então, precisamos tira a venda de nossos olhos e ver o que está na nossa frente. Ver o mundo, nossa realidade.

    Amanda Monteiro - 801, Ativo

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  2. Sábias as palavras do papa Francisco, este tem se mostrado humilde e bondoso que procura de forma inteligente e simples buscar o bem. Moradia e trabalho dignos deveriam ser direitos assegurados a todos os cidadãos, falta aos políticos mostrar interesse em querer ajudar. Vivemos num país onde a desigualdade é visível, onde dinheiro normalmente esta à cima de tudo. É preciso ensinar ao homem a plantar para ter o que colher e isso se dá através de uma boa educação, o que infelizmente os nossos políticos não vem fazendo ultimamente. Usam meios paliativos na tentativa de diminuir a pobreza. Não concordo, porém, com a reforma agrária, pois muitos não têm o menor interesse em trabalhar a terra e muitas vezes a vendem depois de adquiri-la. Acho injusto o fato de desapropriar terras de pessoas que trabalharam e lutaram para tê-la. É com a educação se consegue diminuir tanta desigualdade. Acho que devemos tentar melhorar, mas de forma justa com todos.
    Júlia Sant'Ana - 801

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  3. O papa está certíssimo. O pobre sofre de muito preconceito nesse mundo capitalista, que não pensa em nada além de dinheiro, quando deveria se pensar no próximo, nas pessoas. Todos têm os mesmos direitos, independentemente de religião, opção sexual, modo de vida, condição financeira. Assuntos que em pleno século XXI são polêmicos. Entretanto, não é o que se faz na realidade. O pobre é excluído da sociedade, incapaz de participar socialmente, o que é totalmente errado. Cabe aos governos ajudarem essas pessoas, sem segundas intenções, e o esforço do povo para reivindicarem seus direitos e não se acomodarem.
    Luiza Xavier - 801

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