Fissurados nas redes sociais, muitos reduzem a linguagem aos seus signos elementares e preferem ver o turbilhão de imagens a ler a cadência narrativa
O DIA
Rio - No meu tempo de Ensino Fundamental, a redação tinha o belo nome de ‘composição’. Ainda hoje, ao escrever, me sinto ‘compondo’, imprimo ao texto uma musicalidade que os entendidos chamam de ‘sotaque literário’.
As novas tecnologias ameaçam o prazeroso ato de ler e escrever. Fissurados nas redes sociais, muitos reduzem a linguagem aos seus signos elementares e preferem ver o turbilhão de imagens a ler a cadência narrativa.
Ler e escrever exige educação, aprendizado, amor à palavra lida e escrita, para que ela nos ofereça seus múltiplos significados e nos revele a beleza que encerra.
A presidente Dilma, ao ser reempossada, a 1º de janeiro último, cunhou o lema: “Brasil, pátria educadora.” Prometeu que a Educação, afinal, será prioridade de governo (embora já tenha sofrido um corte, este ano, de R$ 7 bilhões em seu orçamento).
Tomara que o governo ponha fim às escolas sucateadas, à má remuneração dos professores, à carência de tempo integral. As escolas públicas, excetuando universidades, fingem que ensinam, e os alunos fingem que aprendem. Qual será o futuro de uma pátria cujos cidadãos e cidadãs não sabem escrever uma simples redação escolar?
Há pouco saiu o resultado do Enem 2014. Prestaram os exames 5,9 milhões de jovens brasileiros. O estudante aprovado no Enem tem o direito de se inscrever para ocupar uma das 205.514 vagas oferecidas, em 2015, por 59 universidades federais; 38 institutos federais de Educação, Ciência e Tecnologia; e dois centros federais de Educação Tecnológica.
Dos quase seis milhões inscritos, 529.374 ganharam nota zero em Redação, cujo tema proposto foi ‘Publicidade infantil’, questão em debate na sociedade, suscitada pelo Instituto Alana. Entregaram a prova em branco 280.903 alunos. São os analfabetos funcionais, aqueles que não cultivam o hábito de leitura. Sabem ler, mas não compreendem o que leem. Redigiram um texto alheio ao tema 217,3 mil. Treze mil copiaram o texto motivador; 7,8 mil escreveram menos de sete linhas; 3,3 mil embutiram na redação trechos do texto motivador de forma desconectada; e 955 escreveram ofensas aos direitos humanos. E apenas 250 mereceram a nota mais alta!
Os que mereceram nota máxima em redação revelaram a razão do êxito: o hábito de leitura de livros e redação de textos. Hábito que começa na infância, quando pais e professores contam e leem histórias, ajudando a criança a desenvolver a síntese cognitiva.
Frei Betto é autor de ‘Alfabetto – Autobiografia Escolar’ (Ática)
Quando li este texto, pude constatar a importância da leitura, assim como a prática de escrever sobre o que se lê.Digo isso, em função da avaliação do Enem, que apresentou o triste resultado da redação dos alunos que participaram neste processo.
ResponderExcluirÉ impressionante como existem milhões de pessoas nesse mundo que não têm o hábito de ler e nem escrever, creio eu, uma boa parcela até por falta de oportunidade . Na minha opinião, é uma tragédia social viver a margem do conhecimento. A presidente Dilma falou que a situação da educação no Brasil, irá melhorar.Infelizmente não tenho visto mudanças. O próprio resultado do Enem prova o contrário. O governo fala que os professores terão melhores condições de trabalho e menos escolas carentes de recursos. Enfim, continua tudo igual.
É fato que Os jovens de hoje trocam o tempo prazeroso da leitura e da escrita, para usufruir cada vez mais dos recursos que a tecnologia oferece. Eu sei disso, pois vivo nesse mundo, e sei como desvia a minha atenção, assim como, em muito consome o meu tempo.
Com esse resultado do Enem de 2014, fiquei chocado, pois de quase 7 milhões inscritos, somente 250 passaram! Em minha opinião o tempo que os jovens passam nas redes sociais é um dos grandes responsáveis por esse resultado. Os erros foram gritantes, a grande maioria errou pois não entendeu a proposta que foi dada, copiaram o texto inspirador, entre várias outras ações erradas.
A respeito das pessoas que passaram, elas tiveram esse êxito porque leram livros, entendiam o que liam e escreviam sobre eles. Esta é a atitude correta a ser seguida. Já venho praticando, pois tenho um bom incentivo na escola, assim como no lar. Quanto aos demais que não foram bem sucedidos no exame, que façam o mesmo. Ainda dá tempo.
Davi Amaral Pereira
802
22-02-15
A educação é um dos meios mais importantes para o avanço da sociedade. A educação e a base da vida e ajudará cada pessoa a contribuir, de acordo com sua capacidade, para um mundo melhor. Esse também é o modo mais eficaz de formar adultos que respeitem seus direitos e os dos outros. O Brasil já conseguiu reduzir bastante a quantidade de pessoas analfabeta, mas ainda está longe dos países desenvolvidos. Não haverá novidade na solução do problema, haja visto o sistema político perverso e descompromissado com o tema educação no Brasil. E perfeitamente explicavel. Ele manda os alunos para escola em troca de bolsa disso e daquilo. A melhoria na educação, fica restrita à alguns indivíduos na escola e/ou na formação familiar. Se o ensino público fosse de qualidade, muitos pais não se sacrificariam para pagar escolas particulares para seus filhos. Para reduzir a desigualdade social é também preciso reduzir a desigualdade educacional.
ResponderExcluirLuísa Soares França 701