sábado, 21 de fevereiro de 2015

Crônica do Dia - O poço é mais fundo - Merval Pereira


No momento em que o impeachment da presidente Dilma tornou-se tema central do debate político brasileiro, com a própria presidente falando em ter forças para “reagir ao golpismo” e o ex-presidente Lula afirmando que os adversários querem impedir que Dilma cumpra seu mandato, uma pesquisa do Datafolha refletindo o sentimento predominante entre os cidadãos brasileiros coloca mais lenha na fogueira.


A presidente Dilma Rousseff, segundo o Datafolha, teve a maior queda de popularidade de um presidente entre uma pesquisa e outra desde o plano econômico do então presidente Fernando Collor, em 1990. Naquela ocasião, entre março, antes da posse, e junho, a queda foi de 35 pontos (71% para 36%).
Em dezembro passado, já reeleita, Dilma tinha 42% de ótimo/bom e 24% de ruim/péssimo. Agora, os números praticamente se inverteram: tem 23% de ótimo e bom e 44% de ruim e péssimo. Após as manifestações em 2013, depois de uma queda espetacular de 57% de bom e ótimo para apenas 30%, parecia que a presidente tinha chegado ao fundo do poço. A pesquisa de hoje mostra que o poço é mais fundo. 
Seis de cada dez entrevistados consideram que Dilma mentiu na campanha eleitoral. Para 46%, falou mais mentiras que verdades, e esse índice é alto (25%) mesmo entre os petista. Para 14%, Dilma disse só mentiras na campanha presidencial. O Datafolha registra que esses são as piores marcas de seu governo, e a mais baixa avaliação de um presidente da República desde Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em dezembro de 1999 (46% de ruim/péssimo).
As duas ocasiões históricas guardam semelhança com o momento que o país vive. Fernando Collor teve sua popularidade derrubada pelo confisco da poupança, que acusava Lula de pretender fazer na campanha presidencial, e continuou em crise com as denúncias de corrupção no seu governo. E Fernando Henrique viu sua popularidade despencar devido à desvalorização do Real logo depois de ter sido reeleito. Ele prometera na campanha que não faria a desvalorização, e a partir daí nunca mais recuperou suas melhores condições políticas. 
O PT na ocasião fez uma campanha pelo impeachment de Fernando Henrique, baseado justamente na acusação de ter cometido um estelionato eleitoral, e José Dirceu, o principal líder do partido então, argumentou contra os que acusavam os petistas de golpistas: "Qualquer deputado pode pedir à Mesa da Câmara a abertura de processo [de impeachment] contra o presidente da República. Dizer que isso é golpe é falta de assunto." 
No caso de Collor, foi o ex-presidente Lula quem comentou o impeachment, anos depois, no programa de Sérgio Grossman na Rede Globo. Sua fala está novamente espalhada pela internet diante da acusação do PT de que quem defende o impeachment de Dilma quer o golpe na democracia.
Disse Lula: “O que foi gratificante é que tudo aquilo que nós denunciávamos se provou verdadeiro. Não apenas nós, mas uma parte da imprensa denunciava, intelectuais denunciavam, artistas denunciavam, todo mundo sabia por que o passado político do Collor era um passado político tenebroso. Foi uma pena que precisou 3 anos para provar, mas foi uma coisa importante por que o povo brasileiro, pela primeira vez na América Latina, deu a demonstração de que é possível o mesmo povo que elege o político, destituir esse político. Peço a Deus que o povo brasileiro não esqueça essa lição”.
A crise econômica misturou-se à crise política e armou-se o quadro propício ao impeachment de Collor. No caso de Fernando Henrique, não houve condições políticas para o PT viabilizar o impeachment, e não se caracterizou uma crise na economia, apesar de seu baixo crescimento. Em 2005, o escândalo do mensalão só não resultou no impeachment de Lula por que a economia melhorou no processo e sua popularidade, mesmo atingida pelo escândalo, fazia temer embates sociais nas ruas.

Como se vê pelos fatos e pelos comentários do próprio Lula, o impeachment é um processo mais político que jurídico, e por isso mesmo de longa duração. Depende de que condições extraordinárias sejam estabelecidas, tanto no campo político quanto no econômico, para ser utilizado.
Mas nunca pode ser tido como um instrumento antidemocrático.

3 comentários:

  1. De tudo que eu li neste texto, eu pude entender que a política e honestidade têm dificuldades de caminharem juntas. Fica difícil para mim ao ler esse texto, acreditar que existem políticos honestos. Todos aqui mencionados estão envolvidos com alguma coisa que não foi boa para o país.
    Eu aprendi que as consequências para o Brasil, quando se tem um politico desonesto no comando, são várias, não só para o país, mas também, para o próprio governante. Ele perde popularidade, as pessoas começam a gostar menos dele, entre outros motivos, o que no futuro o levará a um processo de impeachment. Hoje, temos como exemplo a presidente Dilma, que pelo que eu sei, no começo ela era considerada uma boa governante, mas pelo visto, ela simplesmente “caiu no poço”, de acordo com o texto. As consequências do governo dela para a população tem sido inúmeras, entre elas: desemprego, aumento do preço de comida, passagens de ônibus, corrupção, saúde precária, mentiras, suspeita de roubo, educação de má qualidade, etc.
    Já para políticos honestos, caso existam, creio que estes poderiam nos levar a ter um país em ordem e próspero. De acordo com a postagem, os três casos mostram pessoas que não são bons exemplos de governantes. No caso de Collor e do FHC, eles deixaram uma imagem ruim na história do Brasil. No caso da presidente Dilma, ela simplesmente tem demonstrado não saber governar o nosso país de forma decente. Pelo jeito é mais uma candidata a ter uma péssima imagem como líder.
    Com isso eu concluo o seguinte, a honestidade é o melhor caminho, enquanto que a mentira tem perna curta. Não importa o tempo, a verdade, acaba sempre se revelando.

    Davi Amaral Pereira
    802
    04-03-15

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  2. Na política pode haver honestos e não honestos , pois não conhecemos as pessoas e no mundo de hoje não podemos confiar em ninguém.
    Para falar a verdade eu não acredito em reeleição mesmo que a Dilma fez um trabalho bom no passado , não quer dizer ela vai fazer o mesmo. Então as pessoas vão e votam nele e depois querem tira-la , isso quer dizer para mim que as pessoas não pensam em suas atitudes , não sabe pensar e não tem opinião própria pois se tivessem não ira muda-la.
    No Brasil existem honestos mais também existem corruptos e a Dilma é um deles , ela está nos roubando cada vez mais aumentando a gasolina , a luz e muitos outros.
    Brasil? A Dilma e o PT sai ou fica? Você vão conseguir?




    Jullya M. Almeida Coutinho 702

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  3. O momento é de guardar todos os nomes dos políticos em quem votamos e elegemos para esse Congresso. Fazer como a grande maioria dos eleitores do RS, não votar nos mesmos políticos que votaram nas eleições anteriores, não eixar esquentar as cadeiras, até que entendam que devem se preocupar com o POVO. Se o povo elegeu, tem o direito e o poder de requerer sua retirada do poder. Principalmente um (p)residente que enganou a todos, no que "prometeu" em sua campanha. Guardem: "lamentavelmente o Levi não fica mai três meses no Ministério, não tem nada a ver com o (executivo)". Em tempo: não vejo nada de "direita" nos comentários do Merval, vejo alguém com visão e querendo urgência de mudanças (demonstração clara do POVO), em um país que só tende a piorar, ou alguém consegue ver qualquer melhora para o país? Ruim com "ela", melhor com outro que nos dê esperança. Quem? Acho que até eu mesmo!

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