terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Te Contei, não ? - Análise do Conto - O Enfermeiro de Machado de Assis



Você seria capaz de dizer o nome de um maquiador de qualquer emissora de televisão? E o nome do roupeiro do Clube de Regatas do Flamengo, saberia você dizer? Está difícil? Então, responda qual é o compositor da música "Cidade Maravilhosa", hino da Cidade do Rio de Janeiro? Não sabe? Bem, se você foi capaz de responder a pelo menos uma dessas perguntas, pode se considerar um verdadeiro campeão. As respostas a essas perguntas se referem à pessoas que trabalham nos "bastidores"; pessoas que, apesar de toda a dedicação e talento, não têm, na maioria das vezes, o reconhecimento devido. 

Aproxima-se o dia 12 de maio, data em que se comemora o Dia do Enfermeiro. Mas, você deve estar fazendo a seguinte pergunta: o que tem a ver o Dia do Enfermeiro com aquilo que foi dito no parágrafo anterior? Ora, respondendo a tal indagação, nós diríamos que tem tudo a ver. Na maioria das vezes, o trabalho desempenhado por tal profissional não é muito reconhecido e valorizado. A enfermagem é uma profissão que exige daquele que a escolhe muito mais do que competência e profissionalismo. Requer uma extrema dedicação, compreensão e, acima de tudo, muito amor ao próximo. 

 Dessa forma, em homenagem a esse profissional da saúde, nós temos o prazer de apresentar o ensaio elaborado pelos alunos Maurício Mendes Lacerda e Elizabeth C. V. Negreiros sobre o conto O Enfermeiro, de Machado de Assis. 

 Esse ensaio tem por propósito analisar o conto O Enfermeiro, de Machado de Assis, abordando os traços característicos desse escritor, presentes na referida obra. Entretanto, antes de iniciarmos a análise em questão, faremos algumas considerações sobre esse grande nome da Literatura Brasileira e sua íntima relação com os contos. 

 Machado de Assis é a maior expressão do conto literário brasileiro do século passado. Machado não só legitimou o valor do gênero, novo no Brasil de então, uma vez que a forma "conto" surge para nós apenas na segunda metade do século XIX. Ele foi também o primeiro grande escritor nacional a explorar ao máximo suas possibilidades estéticas. Em seu famoso ensaio Instinto de Nacionalidade, publicado em 1873, Machado de Assis atribui uma grande importância aos contos. Vejamos no extrato a seguir o que tal escritor pensa sobe esse gênero: "É gênero difícil, a despeito da aparente facilidade, e creio que essa mesma aparência lhe faz mal, afastando-se dele os escritores, e não lhe dando, penso eu, o público toda a atenção de que ele é muitas vezes credor". 

 Nessas narrativas curtas, descobriremos os mesmos temas e os procedimentos literários, ainda mais apurados, que fazem dos romances de Machado de Assis pontos cardeais de nossa Literatura. 

 Machado se mostra cético quanto à sociedade brasileira e quanto à natureza humana. Mas esse ceticismo é velado, insinuado em frases curtas e de longo alcance, que dão ao leitor o prazer da descoberta. Ele representa o sorriso do narrador que conta a história, como quem não leva muito a sério as misérias que vai constatando passo-a-passo. 

 Portanto, Machado de Assis, através de seus contos e romances, consegue ir além dos limites da sociedade carioca, uma vez que seus escritos conseguem se mover no amplo cenário da História e da Literatura. 

 Abordaremos, a partir desse momento, algumas questões ligadas ao conto O Enfermeiro, como proposto no início desta exposição. Nesse conto, Procópio, o protagonista-narrador, é convidado a cuidar de um velho enfermo, o coronel Felisberto, homem muito rude, o qual acaba sendo morto "acidentalmente" por Procópio. Essa obra literária começa com Procópio, já velho e à beira da morte, narrando a sua história sobre os meses infernais que passara ao lado do coronel, como se pode verificar no trecho que segue: 

 "PARECE-LHE ENTÃO que o que se deu comigo em 1860, pode entrar numa página de livro? Vá que seja, com a condição única de que não há de divulgar nada antes da minha morte. Não esperará muito, pode ser que oito dias, se não for menos; estou desenganado. Olhe, eu podia mesmo contar-lhes minha vida inteira, em que há outras cousas interessantes, mas para isso era preciso tempo, ânimo e papel, e eu só tenho papel; o ânimo é frouxo, e o tempo assemelha-se à lamparina de madrugada (...) Não tarde o sol do outro dia, um sol dos diabos, impenetrável como a vida. Pediu-me um documento humano, ei-lo aqui". 

 O Enfermeiro é um típico relato machadiano. Humano, porém irônico e distanciado, trabalha com a imperfeição ética das personagens que são, claro, representantes típicos da espécie. O ceticismo de Machado levava-o a avaliar objetivamente a condição moral de seus semelhantes. 

 Esse conto está, certamente, entre os melhores de Machado de Assis. Ele é um dos dezesseis contos que compõem a coletânea Várias Histórias, publicada em 1896. Pertence à "segunda fase" do escritor, pois, podemos dividir a carreira literária de Machado de Assis em dois momentos bem distintos: as obras da juventude, com forte influência do Romantismo; e as suas obras ligadas à fase de maturidade, "a crise dos quarenta anos", mais realistas. 

 Os contos machadianos anteriores ao ano de 1880, ligados à primeira fase do escritor, apresentam características da literatura romântica. Tratam de casos de amor contrariado, conflitos abafados entre quatro paredes de um lar, que não poderiam abalar a ordem social e familiar dos leitores da época, todos membros da pacata e provinciana burguesia carioca. São histórias simples que abordam interesses conflitantes, como, por exemplo, orgulho versus amor, ambição versus piedade. No entanto, esses contos já apresentavam um algo mais machadiano, uma pitada de tempero acrescida à receita romântica: surgem personagens muito fortes que vivem as contradições da sociedade brasileira do seu tempo. 

 A partir de 1881, com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, romance este que, desprezando as idealizações românticas, representou verdadeira revolução ideológica e formal, Machado, já maduro, passa a escrever para um público também maduro. Inicia-se, então, a segunda fase da obra machadiana. Ele continua a cuidar de casos simples, aparentemente sem importância, vividos por pessoas comuns. Mas, existe algo que torna suas personagens especiais e extraordinárias – a forma pela qual Machado as constrói: lentamente, diante de nossos olhos, frisando um gesto, uma característica especial no falar, uma ação esboçada, mas não concluída. As personagens machadianas refletem o homem de sempre, por isso são imortais. Elas desnudam as mesquinharias; as indecisões; o oportunismo disfarçado; a falsa devoção, e a moral de fachada. Machado denuncia suas falsas virtudes, seus interesses escusos, a caridade ostensiva, enfim, tudo que constitui o avesso de uma vida socialmente digna e respeitável. 

 Cabe ressaltar, entretanto, que há pontos comuns e divergentes nas duas fases Machadianas. A abordagem psicológica das personagens, a inclinação em efetuar uma análise de costumes, o teor humorístico, bem como erotismo e sensualidade encontram-se presentes nas duas fases, com maior ou menor intensidade. Em contrapartida, a primeira fase é revestida de sentimentalismo romântico, o que já não mais ocorre na segunda fase. Contudo, vale lembrar que, entre as duas fases do autor, não houve uma violenta ruptura, mas sim um processo de continuidade, no qual, gradativamente, foi havendo um desenvolvimento da obra de Machado de Assis. 

 Podem ser claramente percebidas nas obras desse autor as influências de diferentes estéticas literárias, tais como: Romantismo, Realismo, Simbolismo, Naturalismo e Impressionismo. Assim, classificá-lo como pertencente a uma única corrente literária seria um verdadeiro equívoco. 

 Voltando à análise do conto em questão, podemos verificar que o mesmo é descrito em primeira pessoa, ou seja, é o mundo exposto segundo a impressão de quem escreve. Nesse caso, Machado de Assis se coloca dentro da ação, assumindo, dessa maneira, a personalidade do Enfermeiro, narrador da trama. 

 O homem é mais uma vez retratado por Machado como um ser corrompido, egoísta, ingrato, oportunista e preso às forças malignas. Tais características podem ser observadas tanto em Procópio quanto no Coronel Felisberto. Esse pessimismo Machadiano em retratar a humanidade evidencia uma certa "má vontade" do autor em julgar o ser humano e a vida de uma maneira geral. Isto pode ser bem percebido no trecho abaixo: 

 "(...) Era homem insuportável, estúrdio, exigente, ninguém o aturava, nem os próprios amigos. Gastava mais enfermeiros que remédios. A dous deles quebrou a cara. (...) Se fosse só rabugento, vá; mas ele era também mau, deleitava-se com a dor e a humilhação dos outros. (...) Já por esse tempo tinha eu perdido a escassa dose de piedade que me fazia esquecer os excessos do doente; trazia dentro de mim um fermento de ódio e aversão". 

 Outro dado importante a destacar é a tematização da morte, a qual está vinculada, ao mesmo tempo, à decomposição moral – se julgarmos que foi o enfermeiro o causador de tal fato – e a decomposição carnal – se considerarmos a doença como causadora do falecimento do coronel. 

Esse teor dramático dado ao contemporâneo está relacionado à tragédia, a qual Machado acreditava ser o tema central da vida. Para ele, os melhores momentos da arte concentram-se na visão trágica da existência humana, como se pode observar nessa passagem: "Quando percebi que o doente expirava, recuei aterrado, e dei um grito; mas ninguém me ouviu. Voltei à cama, agitei-o para chamá-lo à vida, era tarde; arrebentara o aneurisma, e o coronel morreu. Passei à sala contígua, e durante duas horas não ousei voltar ao quarto. Não posso mesmo dizer tudo o que passei, durante esse tempo. Era um atordoamento, um delírio vago e estúpido. (...) digo-lhe que eu ouvia distintamente umas vozes que me bradavam: assassino! Assassino!". 

 Esse conto Machadiano nos apresenta uma abordagem de aspectos característicos da gente dessa terra. Atitudes e comportamentos gananciosos, rudes, ingratos e outros de igual natureza são, infelizmente, não muito raros entre nós. 

 A preocupação em descrever a realidade que o cercava, conforme descrito no parágrafo anterior, somente vem a ratificar o sentimento de brasilidade presente em Machado de Assis. Contudo, o escritor acrescentou a esta realidade um "tempero" todo seu, transformando-a em matéria artística, o que nos remete à presença de um traço impressionista em sua obra, ou seja, a criação de uma nova realidade, segundo sua impressão pessoal. Diferentemente de outros escritores que realçavam em suas obras as belezas de nossa terra, Machado expôs a sua brasilidade de uma forma indireta. Ele tomou como matéria-prima a alma brasileira, retratando em seus escritos todos os elementos ligados ao seu povo, o que fez dele não um escritor nacionalista, mas sim um escritor nacional e popular. Ainda falando da brasilidade de Machado, vale constatar nesse conto que toda a sua estrutura estética foi cautelosamente elaborada, a fim de ser acessível ao povo, não sendo percebida a utilização de uma linguagem rebuscada, tampouco de uma estrutura estética complexa. Nesse ponto se manifesta o apuro estético da obra Machadiana, a qual era elaborada visando facilitar a comunicação, através do emprego de artifícios estéticos bem simples. Portanto, Machado criou um estilo brasileiro na língua literária, trazendo a linguagem corrente do povo para dentro da literatura. 

 No tocante à apresentação das personagens desse conto, Machado nos dá, logo no início, alguns indícios de seus perfis psicológicos. Contudo, como é característico no método dramático, estes somente irão ser realmente revelados por meio de uma análise progressiva e gradual sobre seus atos e palavras no decorrer da trama. 

 Durante a leitura, há uma mudança gigantesca não apenas nos perfis psicológicos das personagens como também em nossas próprias convicções iniciais. O enfermeiro passa de vítima da rudeza do Coronel à responsável pela morte do mesmo. O Coronel, de vilão e ingrato passa a ser visto como uma pessoa com um imenso sentimento de gratidão, ao deixar para o seu enfermeiro toda a sua fortuna. Logo, há um deslocamento de um esquema maniqueísta, onde se acredita que existam pessoas boas e pessoas ruins. Machado nos quer mostrar, portanto, que ninguém é tão bom ou tão mau quanto possa parecer. Os trechos que seguem ilustram bem esse fato, mostrando, na figura do enfermeiro, o modo como Machado representava esse conflito interior do ser humano entre o bem e o mal: 

"Queria ver no rosto dos outros se desconfiavam; mas não ousava fitar ninguém. Tudo me dava impaciências (...) Vindo a hora, fechei o caixão, com as mãos trêmulas, tão trêmulas que uma pessoa, que reparou nelas, disse a outra com piedade: - Coitado do Procópio! apesar do que padeceu está muito sentido. Pareceu-me ironia; estava ansioso por ver tudo acabado. (...) Assim, por uma ironia da sorte, os bens do coronel vinham parar às minhas mãos. Cogitei em recusar a herança. (...) No fim dos três dias, assentei num meio-termo; receberia a herança e dá-la-ia toda, aos bocados e às escondidas. Não era só escrúpulo; era também o modo de resgatar o crime por um ato de virtude; pareceu-me que ficava assim de contas saldas (...) na posse da herança, converti-a em títulos e dinheiro. Eram então passados muitos meses, e a idéia de distribui-la toda em esmolas e donativos pios não me dominou como da primeira vez; achei mesmo que era afetação (...)". 

Ao término desse conto, algumas dúvidas insistem em nos intrigar: Qual seria a real intenção de Procópio ao aceitar o serviço de enfermeiro? Será que ele foi o responsável pela morte de Felisberto, ou esta foi fruto da enfermidade? E quanto ao Coronel, será que ele era tão mau quanto parecia? Será que Felisberto não deixou a herança para o Enfermeiro somente porque não tinha para quem deixar, ou até mesmo por simples arrependimento? E Quanto ao relato inicial de Procópio, este não tinha um tom de arrependimento, como se ele dissesse "Perdoe o meu pecado" - no caso, a morte do Coronel? Observe essa passagem, extraída do relato inicial do enfermeiro: "Adeus, meu caro senhor, leia isto e queira-me bem; perdoe-me o que lhe parecer mau, e não maltrate muito a arruda, se lhe não cheira a rosas (...)". Será isto uma possível confissão de Procópio? Observe outra passagem, extraída dos momentos finais do texto: "Todos os médicos a quem contei as moléstias dele, foram acordes em que a morte era certa, e só se admiravam de ter resistido tanto tempo". Aí residiria a constatação da inocência de Procópio, ou seria apenas um álibi que ele se utilizava para provar sua inocência? Enfim, tais questionamentos são frutos de uma técnica Machadiana, a qual se baseia em instaurar as dúvidas, ou seja, é a arte da sugestão, onde se espera que o leitor seja co-participante do texto, completando-o. 

 Sendo assim, terminamos este ensaio sobre O Enfermeiro felizes por termos debruçado numa obra desse genial escritor brasileiro, apontando inúmeras características machadianas presentes nesse conto. Esperamos que tal trabalho contribua, de alguma maneira, na leitura de outras obras de Machado de Assis, as quais são imprescindíveis para quem deseja conhecer um pouco da alma do povo brasileiro.


4 comentários:

  1. É incrível parar pra pensar que como um homem que nasceu pobre, negro, que ficou órfãoe e doente consegue escrever histórias tão maravilhosas, surpreendentes, críticas e reais. Esse é o caso do Machado de Assis, todos os seus romances e contos fazem críticas ao governo, capitalismo, casamento, sociedade, corrupção, a tudo. Muitas pessoas não gostam do Machado, pois não conseguem enxergar suas ironias bem discretas e verdadeiras que nos ensinam a viver, abrem os nossos olhos pra vida.
    Machado de Assis consegue ultilizar bastante a ambiguidade deixando a nossa imaginação e interpretação fluírem e escolherem o final da história como é o caso do "O Enfermeiro", que cabe a nós decidir se o enfermeiro Procópio matou ou não o coronel Felisberto. Isso acontece na história de "Dom casmurro" também, fazendo-nos decidir se capitu traiu ou não Bentinho, como se nós fôssemos o juiz para julgar o acontecimento.
    Em histórias do Machado, conseguimos nos identificar com algumas personagens, viajamos para outras épocas, imaginamos reações da personagem, deduzimos o final mas sempre erramose nos divertimos e aprendemos.muitas de suas críticas contidas nas obras, ainda permanecem nos dias de hoje, como a questão do ciúme, por exemplo, que muito é existente em nossas vidas, por isso que suas histórias e contos continuam sendo precisas no mundo de hoje, é uma aula lê-las. Admiro bastante esse autor que denunciavaos podres da vida sutilmente, que sofreu, e lutou pela cultura brasileira. Foi, é, e sempre será o maior escritor do Brasil.

    Diego Duncan - Ativo 902

    ResponderExcluir
  2. Características machadianas
    No texto “Análise do Conto - O Enfermeiro de Machado de Assis” o principal destaque são as diversas características machadianas presentes no conto “O enfermeiro”. Os contos surgiram no Brasil por volta do século XIX, um gênero novo na época de Machado, porém, ninguém escreveu contos como o tal.
    O enredo é sobre Procópio, que é convidado para cuidar de Felisberto, um coronel muito rude que já estava velho e muito doente. Ao longo da história, então, se dá a entender que Procópio matou sem intenção o coronel. Mas não existe uma resposta certa. Machado, por sua vez, deixa os leitores curiosos quando terminam de ler tal obra (como de costume do autor): Procópio teria sido enfermeiro com intenção de matar Felisberto? O coronel deixou a herança para Procópio por arrependimento? Felisberto era realmente um homem mau? (Afinal, a história é narrada por Procópio em sua velhice). Esta é uma das características das obras do Machado de Assis: deixar perguntas sem respostas ao longo da leitura para que o leitor, de certa forma, participe da mesma e tenha suas próprias conclusões, onde já é visto em “Dom Casmurro” que a pergunta desenvolvida na obra foi: Capitu teria traído Bentinho?
    Outra das características machadianas é que o escritor acreditava que os melhores momentos da arte eram os de tragédia. Em “O enfermeiro” é possível ser notado quando o coronel acaba de morrer. Em “Dom Casmurro”, depois que Bento se separa de Capitu, só acontecem tragédias: José Dias morre, seu filho Ezequiel morre de uma febre tifoide, e, portanto, o nome do capítulo que se refere a essa cena na adaptação “Dona Casmurra e seu Tigrão, é “Machado matador”.

    Luíza Siqueira-902

    ResponderExcluir
  3. Baixar o Filme - O Enfermeiro - Adaptação do conto de Machado de Assis - http://mcaf.ee/rkn87

    ResponderExcluir