Especialistas alertam para sentimento que, em níveis extremos, pode causar sintomas físicos, como sudorese e taquicardia. A proporção é de três homens enciumados para cada mulher.
Há quem garanta que, na medida certa, ajuda a ‘apimentar’ a relação. Segundo alguns casais, o ciúme estimularia os amantes a analisar o relacionamento, rever conceitos e valorizar mais o parceiro. Os especialistas discordam. Para eles, o melhor tempero é o zelo, sentimento altruísta de quem se dedica à pessoa amada. Não é à toa que as duas palavras, zelo e ciúme, derivam do mesmo radical latino: ‘zelumen’.
Segundo o psiquiatra Eduardo Ferreira-Santos, ciúme é tudo, menos “prova de amor”, como supõem alguns ciumentos. Para o autor de “Ciúme — O Medo da Perda” e “Ciúme — O Lado Amargo do Amor”, o sentimento está mais associado a posse e propriedade do que ao amor propriamente dito. Em altas doses, causa aperto no coração, boca seca e falta de apetite.
“Sentir ciúme é como sentir dor. Ninguém gosta, mas é sinal de que algo está errado. O ciúme tende a causar dor tanto em quem sente quanto em quem é alvo dele. Alguns gostam de repetir que ‘fulano é a minha vida’ ou que ‘não conseguiria viver sem beltrano’. Poeticamente, é lindo. Mas, psicologicamente falando, pode ser perigoso”, alerta.
O grau mais perigoso do ciúme, ressalva o psicólogo Thiago de Almeida, é quando ele se torna patológico. Na literatura médica, o ciúme doentio é descrito como ‘Síndrome de Otelo’, em alusão à peça “Otelo, o Mouro de Veneza”, de William Shakespeare. Nela, o protagonista chega a matar a doce e fiel Desdêmona, sua esposa, certo de que ela o traía com um de seus asseclas.
“O ciúme pode ser percebido desde um simples gesto de mão no ombro até casos de violência física. Os casais devem estar atentos à freqüência e à intensidade das crises. Há casos em que o parceiro começa a cercear, monitorar e hostilizar o outro por causa de um rival imaginário”, afirma Thiago, acrescentando que o tratamento varia de psicoterapia a medicamentos.
O ciúme de Ana Maria, 50, chegou ao ponto de ela agredir o namorado. Após discussão, o homem voltou para sua casa e Ana resolveu segui-lo. Desconfiada, deu plantão na porta da casa dele. “Quando ele saiu para trabalhar, entrei dando socos e pontapés. Naquele dia, pensei: tomo uma atitude ou enlouqueço”, lembra. A atitude que ela tomou foi a de entrar para o Mulheres que Amam Demais (MADA). “Foi um salva-vidas”, resume.
DIÁLOGO: ‘MEDICAMENTO’ EFICAZ
Um estudo da Universidade de Michigan (EUA), feito com 7.500 voluntários, revelou que 60% dos homens se irritam quando imaginam a mulher na cama com outro. Já 83% das mulheres não suportam a idéia de o parceiro se envolver emocionalmente com outra. Segundo estimativa do sexólogo Amaury Mendes Júnior, a proporção é de três homens ciumentos para cada mulher enciumada: “O ciumento é um chato por natureza. Tão chato que, às vezes, acaba convencendo o outro a trai-lo. Quando isso acontece, diz: ‘Viu? Não disse que você estava me traindo?’”. O mecânico de empilhadeira Sandro Barbosa, 32, já teve os seus dias de Otelo. Ciumento, chegou a achar que a mulher, a secretária Simone Malafaia, 35, estava indo “muito arrumada” para o trabalho. Um dia, resolveu segui-la e esperar pelo fim do expediente. “Nunca tive motivo para desconfiar dela. Foi ignorância minha”, admite. Simone, por sua vez, não esquece do dia em que flagrou o marido bisbilhotando a sua bolsa e monitorando as chamadas do seu celular. “Já pensamos em nos separar várias vezes. Se não houver diálogo, não há relação que vá para frente”, ensina.
Jornal O Dia
Foi feita uma pesquisa, por especialistas cuja mostra um índice elevado de ciúmes, e quando ele pode virar doença.
ResponderExcluirMuitas pessoas dizem que o ciúme serve para deixar a realação mais apimentada, mais prazerosa, pelo fato de ser uma demonstração de preocupação. Já os especialistas discordam, por dizerem que basta mostrar o carinho e o zelo.Eu concordo com a opinião dos médicos e estudiosos, porque muitas vezes o ciúme é desnecessário, passa uma ideia de posse, como se as pessoas fossem propriedades das outras. O ciúme obssessivo e em altas doses acaba provocando(não é sempre)o convencimento do outro para que traia. De tanto que um membro da relação pertuba, insiste, o outro pode se deixar levar.
Machado de Assis teve bastante experiência nessa área: o ciúme excessivo. Principalmente em ''Dom Casmurro'', nos traz à tona uma questão: Capitu traiu ou não Bentinho. Ele relata as atitudes de ciúme do personagem em relação à Capitu, nos deixando em dúvida, se ela era realmente culpada ou se não passava de delírio de Bento.
Como podemos ver, desde a época de Machado de Assis, já existia esse sentimento de posse, de propriedade. Convenhamos que de uma forma diferente, e com outros olhares, pois os tempos mudaram , mas nada impede de estabelecermos relações com o mundo literário e com a questão do ciúme que vivenciamos hoje.''A literatura é o espelho da sociedade.''