Chega mais um 15 de outubro, e continuamos buscando motivos
para comemorar
Rio - Chega mais um 15 de outubro, e continuamos buscando motivos para
comemorar. Para variar, mais uma vez teremos que nos conformar com a sensação de
nobreza que o ato de formar pessoas nos oferece, com aqueles ex-alunos que se
tornaram pessoas de sucesso ou com aquele álbum de fotografias que guardam
aquela vez em que fomos escolhidos como professor paraninfo ou homenageado.
Não que esses não sejam presentes que nos envaidecem e gratificam. A questão
é que eles não podem se tornar prêmios de consolação. A única novidade é
descobrirmos que, bem ao contrário dos professores japoneses — que são liberados
da reverência ao imperador —, aqui não somos liberados nem de apanhar da
polícia. A mídia nos exibe como pobres-coitados, abnegados ou incompetentes.
Continuamos a procurar nossa identidade sob os escombros de décadas de
desvalorização, processo tão intenso que nos fez perder até mesmo o referencial
do que é ser valorizado.
Lembremos, nessa data, que ser valorizado significa ter um plano de carreira
que nos garanta futuro digno, além de mecanismos justos e apropriados para
impulsionar a trajetória daqueles que se destacam. Significa ter a garantia da
possibilidade de se aperfeiçoar enquanto trabalha. Ser valorizado significa
fazer parte de uma profissão desejada pelos jovens de talento por verem nela
possibilidades de sucesso e de importância social. Ser valorizado envolve ter
condições de trabalho mínimas para dar boas aulas no dia a dia, e isso inclui
salas com uma climatização que evite que alunos e professores ensopem suas
roupas no verão. Que o nosso presente seja a esperança. Parabéns, ‘fessor’!
Educador e escritor
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