terça-feira, 22 de outubro de 2013

Artigo de Opinião - Parabéns, 'fessor' - Julio Furtado

Chega mais um 15 de outubro, e continuamos buscando motivos para comemorar
O Dia
Rio - Chega mais um 15 de outubro, e continuamos buscando motivos para comemorar. Para variar, mais uma vez teremos que nos conformar com a sensação de nobreza que o ato de formar pessoas nos oferece, com aqueles ex-alunos que se tornaram pessoas de sucesso ou com aquele álbum de fotografias que guardam aquela vez em que fomos escolhidos como professor paraninfo ou homenageado.
Não que esses não sejam presentes que nos envaidecem e gratificam. A questão é que eles não podem se tornar prêmios de consolação. A única novidade é descobrirmos que, bem ao contrário dos professores japoneses — que são liberados da reverência ao imperador —, aqui não somos liberados nem de apanhar da polícia. A mídia nos exibe como pobres-coitados, abnegados ou incompetentes. Continuamos a procurar nossa identidade sob os escombros de décadas de desvalorização, processo tão intenso que nos fez perder até mesmo o referencial do que é ser valorizado.
Lembremos, nessa data, que ser valorizado significa ter um plano de carreira que nos garanta futuro digno, além de mecanismos justos e apropriados para impulsionar a trajetória daqueles que se destacam. Significa ter a garantia da possibilidade de se aperfeiçoar enquanto trabalha. Ser valorizado significa fazer parte de uma profissão desejada pelos jovens de talento por verem nela possibilidades de sucesso e de importância social. Ser valorizado envolve ter condições de trabalho mínimas para dar boas aulas no dia a dia, e isso inclui salas com uma climatização que evite que alunos e professores ensopem suas roupas no verão. Que o nosso presente seja a esperança. Parabéns, ‘fessor’!

Educador e escritor

Nenhum comentário:

Postar um comentário