Jonatan tem 20 anos recém-completados. É negro, de família pobre da Baixada Fluminense, e estuda economia numa boa faculdade no centro do Rio de Janeiro. No verão passado, fez um intercâmbio em Oxford, para melhorar o inglês. Quem lida com educação superior no Brasil se acostumou, nos últimos anos, a ouvir histórias como a dele, bolsista do ProUni. Trata-se de um programa criado pelo governo federal em 2004. Distribuiu mais de 2 milhões de bolsas de estudos em instituições privadas de ensino superior, Brasil afora. Eis um belo exemplo de programa de parceria público-privada, custo baixo, burocracia zero, que deu resultado espetacular em pouco tempo.
O ProUni atendeu a uma mutação na sociedade brasileira. Nos anos 1990, o país tornou universal o acesso ao ensino fundamental. Na primeira década deste século, 40 milhões de pessoas ascenderam a uma faixa de renda com poder de consumo e planejamento de futuro. Havia necessidade de ampliar, e rápido, o acesso dos estudantes mais pobres ao ensino superior. A solução foi permitir que as universidades privadas convertessem parte de seu imposto ou cota de filantropia em bolsas aos estudantes de menor renda.
É um caso de bom-senso liberal. O vale-educação é uma ideia formulada nos anos 1950, pelo economista Milton Friedman, um dos mais influentes defensores da liberdade de mercado. No Brasil, a tese de Friedman jamais frequentou o debate público. O mantra nacional sempre foi a “defesa da escola pública” – “pública” é a designação que aplicamos, às vezes erroneamente, ao que na verdade é “estatal”.
Em dez anos de vigência, o ProUni se tornou um sucesso. O custo médio por aluno é um sexto do praticado na rede federal de universidades. O aluno escolhe onde estudar, a integração entre bolsistas e não bolsistas é boa, o desempenho acadêmico está ok. O governo do PT, talvez sem querer, tornou o Brasil um caso global de comprovação da tese do liberal Friedman. A pergunta óbvia de agora é: por que não usar o sistema no ensino básico? E, em especial, no ensino médio?
Observemos os últimos resultados disponíveis do Enem, o exame nacional do ensino médio. Entre os 10% de escolas com pontuação mais alta do país (1.124 escolas), 93% pertencem à rede privada. Na outra ponta, entre os 10% de escolas mais mal colocadas, 97,7% pertencem às redes estaduais. Nosso ensino médio, como um todo, tem problemas. Eles são muito piores nas redes estaduais.
Diante desses dados, os defensores do modelo de ensino estatal mostram incômodo. Sustentam que é relativa a diferença de qualidade entre as escolas públicas e privadas. O desempenho diferente fica por conta, segundo eles, principalmente do padrão de renda da “clientela” de cada rede. Por esse ponto de vista, o aluno tem desempenho pior na escola estatal que na privada, principalmente por ser pobre – por sua herança familiar, pela falta de boas condições para estudar em casa, pelo pouco comprometimento dos pais. Os resultados pífios não vêm, dizem eles, da má gestão escolar, da burocracia, da falta de laboratórios, do absenteísmo dos professores.
Jonatan discorda desse argumento. Ele acha que, estudando numa escola melhor, com rigor didático, laboratórios, horário para começar e terminar, aula e ano letivo cumprido à risca, o aluno de família pobre se sairia melhor. Basta observar os resultados dos bolsistas do ProUni, em regra iguais ou superiores aos dos colegas não bolsistas. Alguns defensores do modelo estatal reconhecem essa verdade. Mas pedem esperança e paciência a Jonatan. Dizem que acabou de ser aprovado o novo Plano Nacional de Educação (PNE) no Congresso. Que, em dez anos, no máximo, as coisas melhorarão. Que haverá recursos do petróleo extraído do pré-sal e que, em 2020, o orçamento nacional para educação dobrará em relação a este ano. Que não se repetirá a piora dos resultados do último Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
Jonatan escuta, mas, em sua cabeça, só aparece a turma mais nova lá da Baixada. Acha que o pessoal poderia escolher uma escola privada bacana, com nota boa no Enem, se o governo estendesse os mesmos benefícios do ProUni ao ensino médio. O Estado poderia oferecer bolsas, do próprio orçamento. Seria legal comparar a qualidade das escolas e escolher onde estudar, como fazem as famílias que têm mais dinheiro.
Adorei a ideia da bolsa ProUni, ela ajuda muitas pessoas, que querem mas não podem.
ResponderExcluirAlgumas pessoas veriam Jonatan como um ladrão, por ser negro, mas na verdade ele já foi até para Oxford MELHORAR o seu inglês.
Acho que a ProUni deveria estar mesmo no ensino médio, seria uma grande oportunidade para crianças e adolescentes de escolas públicas, mas acho que apenas a ProUni não iria ajudar na educação do país, o governo tem que fazer algo de bom nas escolas, contratar professores dedicados a ensinar e a ajudar os alunos, melhorar o estado da escola, como segurança, lazer e bem estar.
A educação só poderá melhorar se os alunos correrem atrás, Jonatan com certeza não ganhou aquela bolsa num passe de mágica, ele quis aquilo, e batalhou por isso, e que é uma raridade que acontece nos adolescentes de hoje.
Giulia Mancini, 802
Meio estranho, por que uma país que conseguiu desenvolver um projeto tão bem elaborado e com ótimos resultados como o ProUni, possui uma educação com resultados opostos? Qual é o erro? Também não estou negando os benefícios do ProUni, realmente deve ser ótimo poder realizar um intercambio para MELHORAR suas habilidades, porém imagina se o ensino brasileiro, desde do jardim até o ensino superior, fosse tão bem quanto o internacional, não seria necessário enviarmos nossos futuros médicos, advogados, professores e outros, para especializarem suas carreiras fora do país. Aí também não seria necessário trazer médicos cubanos para tratar de nós, é necessário valorizar tudo isso para termos um país melhor.
ResponderExcluirAqui vai uma dica aos políticos: comessem a valorizar o que vocês possuem antes que perdemos tudo, melhorem as escolas, desde o lazer até a merenda, valorizem os recém-formados de universidades brasileiras. Investem no país, no povo, o que está dentro, e não o estrangeiro. Apaguem a imagem do país "perfeito", desenvolvido, modifiquem o Brasil para ser o melhor dele, porque cada nação possui traços diferentes.
Porém não adianta o governo fazer a parte dele e nós NADA, é necessário que o povo acorde, tenha vontade, a sede pelo saber. Adolescentes (independente de classe), nada vem de mão beijada na vida, é necessário ter a sede pelo saber, vão à escola, busquem mais, lutem com seus professores e não conta eles para vermos a educação finalmente ganhar a atenção que ela deveria ter, para que ela mude para o melhor.
Katelyn Ashley,802
Vontade
ResponderExcluirO ProUni assim como o Ciência sem Fronteiras são projetos criados pelo governo que beneficiou e ainda beneficia muitas pessoas, além de levar para outro país para desenvolver mais conhecimento também é a oportunidade do aluno de melhorar ou aprender um idioma, realmente esses projetos tem tido uma grande importância para a sociedade brasileira.
Porém não são todas as pessoas que conseguem entrar nesse sistema universitário. Mas até chegar á universidade muitos brasileiros deparam- se com o ensino médio, onde é exigido muito mais do aluno.
O Brasil é um dos maiores países com uma economia relativamente boa e por isso tem capital para investir. Seria muito vantajoso se do mesmo modo que existe para os universitários pudesse existir para os alunos do ensino médio, talvez até mesmo não em uma escala tão grande como a ProUni ( por exemplo), mas ser melhor, ser uma educação exemplar mais que principalmente consiga alcançar o objetivo de ensinar com qualidade muitos alunos.
Não é só culpa do governo, diria que 90%, mas o aluno deveria ser mais crítico, exigente ter sede, vontade pelo saber. Isso seria muito bom mais é difícil falar isso para um jovem de 13 anos que tem pais que não lhe ensinam nada, o pai que é drogado ou que se envolve com roubo, ou até mesmo nada disso mais que não tem nenhuma estrutura para estudar e que por necessidade tem que largar os estudos para trabalhar.
Muito interessante essa ideia da bolsa ProUni de criar uma bolsa de intercambio para pessoas mais necessitadas. Se visse o Jonatan tivesse ido a qualquer outro lugar, pessoas andariam mais rápido para se afastar dele, atravessariam a rua para desviar de sua frente, por um simples fato. Ele é negro. Essas pessoas acham que por ter menos condições financeiras e ser negra, a pessoa é ladrão e vai roubar tudo o que você tem. Não! Existem tantas pessoas nessas condições e às vezes piores que batalharam e se superaram, hoje ela tem dinheiro para comprar qualquer coisa que ela quiser. Jonatan foi para Oxford para MELHORAR SEU INGLÊS, nada mais que isso, ele foi pensando no seu futuro. Ele foi com o objetivo de se tornar mais culto, de ter uma bagagem cultural maior, e é isso que as pessoas devem fazer, elas devem correr atrás de tudo o que é bom para ela, deixando obstáculos para trás.
ResponderExcluirRafael Barcelos
802
Penso que não precisaríamos do ProUni no ensino médio e básico se fosse dado o devido valor a educação, se contratassem professor , entre outras coisas.
ResponderExcluirSe fosse investido na educação tudo iria melhorar, pois muda as pessoas, haveria menos traficantes pois não teria crianças na rua sem estudo, sem aprendizado, haveriam mais médicos, empresários, advogados, engenheiros, arquitetos, PROFESSORES, as pessoas não estão mais opinando por essa profissão, estão esquecendo-a.
As crianças iriam ter mais vontade de estudar se a rede pública os desse a comida que é prometida e se fizesse algo mais interessante como oficinas de estudo, porém acho que isso é um sonho distante, já que o próprio estudo vai demorar 10 anos se depender do governo que se preocupa menos com essa coisa tão importante.
As pessoas também tem que se mostrar interessadas e lutar pelo estudo, principalmente nesse país chamado Brasil, burocrático.
Não seriam necessárias instituições como o ProUni se o governo desse atenção a educação e se os estudantes lutassem pelo seu direito de estudar e aprender, se o Brasil se ligasse e evoluísse não seria necessário levarmos pessoas para fora, para aprenderem de verdade.
Mas já que o ProUni é o mais perto que temos de uma educação saudável, onde as pessoas realmente aprendem, fico feliz por estar os ajudando os alunos que lutam e feliz por Jonatan que conseguiu realizar seu sonho de aprender.
Julia Tavares 802