Eles não acham que “é dando que se recebe”. O povo trabalhador, que sobrevive de salário com carteira assinada ou na informalidade, parece ser bem mais crítico do Bolsa Família que eu. É curioso. Pobre que trabalha desconfia de pobre que vive de benefício do Estado.
Entre os que se esfolam para fazer o dinheiro chegar ao fim do mês e dar instrução aos filhos, há a crença de que só o trabalho, duro e honesto, enobrece. Um dos momentos de lazer sagrados, além da ida ao culto ou à missa, é o churrasco com a família. Só que o secretário de Política Econômica de Dilma sugeriu comer frango e ovo, em vez da carne, que subiu mais de 3%. É preciso dizer ao PT que mexer no churrasco de domingo tira votos.
Os pobres também detestam a corja de políticos que roubam. A promiscuidade entre partidos e empreiteiras, o lamaçal que transborda da estatal Petrobras equivalem a assaltar, na surdina, quem se esforça, se espreme em ônibus ou morre na fila da cirurgia. Roubar de quem tem pouco é pecado. Se esse pessoal que desvia bilhões não pagar em vida, não escapará da justiça divina.
Por que falar dos pobres? A maioria da população não é beneficiária do Bolsa Família. A maioria batalha e tem medo da carestia atual, nos alimentos e nas contas, mesmo sem entender o que significam “espiral inflacionária”, “centro da meta”, “câmbio flutuante” ou “superavit primário”.
Não podemos esquecer o recado do primeiro turno. Dos quase 143 milhões de eleitores, votaram em Dilma 43.267.668. Brancos, nulos e abstenções foram 38.797.556. Votaram em Aécio 34.897.211. Votaram em Marina 22.176.619. Uma simples soma, que se aprende no ensino fundamental, prova que 96 milhões de brasileiros estão descontentes com o atual governo (sem contar PSOL, PV e outros). Querem eleger outro presidente ou se desiludiram com o exercício da política, a ponto de não apostar em nenhum candidato.
Por que falar dessa notícia velha, agora que a eleição já está polarizada entre Dilma e Aécio, com seus aliados palatáveis ou indigestos, numa disputa que começa tecnicamente empatada? Porque o segundo turno mais uma vez investe no maniqueísmo e nas divisões simplistas. Antes, era elite branca contra miseráveis. Agora, nordestinos contra o resto do país. Isso é miséria intelectual.
Como há várias pesquisas quantitativas rolando, decidi dar uma contribuição bem modesta. Perguntei a quatro pessoas que conheço há cerca de 20 anos – porteiro, empregada doméstica, manicure e cabeleireiro – em quem votaram no primeiro turno e em quem votarão no segundo. E por quê.
O chefe dos porteiros, nascido na Paraíba, mora no prédio no Leblon, votou na Marina e votará no Aécio. Por quê? “Porque o país está muito complicado e difícil, para os pobres e para os ricos.” Por que não votar no “governo novo do PT”? “Porque lá onde nasci, vejo filas de mulheres esperando o dinheiro do Bolsa Família. Elas têm mais filhos para ganhar benefício. Mas trabalho que é bom, nada.”
O cabeleireiro, também nascido na Paraíba, veio aos 14 anos para o Rio, mora no Muzema, bairro da Zona Oeste, votou em Aécio no primeiro turno e repetirá. Por quê? “Não aguento mais tanta corrupção.” Por que não votar em Dilma? “Porque Aécio tem mais preparo para ser presidente. Não sei se vai fazer um bom governo, mas a gente não aguenta essa dificuldade toda em transporte, saúde – depois de tanto tempo de governo do PT, isso só piorou.”
A empregada doméstica, nascida na Bahia, mora em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio. Votou na Dilma no primeiro turno e repetirá. Por quê? “Minha irmã fez a minha cabeça para votar na Dilma. Nosso irmão é da Bahia e melhorou de vida com o PT. Não foi com Bolsa Família, foi com trabalho mesmo.”
A manicure nasceu em São João de Meriti, município fluminense, de pais migrantes paraibanos, mora na Rocinha, Zona Sul do Rio, votou na Marina e agora votará no Aécio. Por que não na Dilma? “Porque o PT já governa há muito tempo, está na hora de mudar um pouco e, depois de ver a roubalheira que aconteceu na Petrobras, tenho mais certeza ainda.”
Esses quatro depoimentos confirmam que os grandes temas da eleição são a qualidade de vida e a corrupção institucionalizada. Qualquer conclusão marqueteira que defina o voto por classe social ou lugar de nascimento é precipitada e equivocada. Após o pífio desempenho das pesquisas no primeiro turno, tendo a acreditar só na urna. As pesquisas deveriam ser suspensas três dias antes da votação.
Meu voto é que o Brasil melhore, seja com quem for. Que o mau exemplo não venha mais de cima. Que a propina não seja o meio oficial de enriquecer. O povo que trabalha merece mais respeito e menos sacrifício.
No Brasil há uma enorme desigualdade social, é dividido em pobre e rico.
ResponderExcluirOs ricos apenas saem beneficiados e ficam cada vez mais ricos, enquanto os pobres apenas ficam mais pobres, isso tem muita influência do nosso governo corrupto que apenas quer se auto- beneficiar.Por causa disso, muitos pessoas pobres , sem condições para viver , acabam indo para o mundo do crime, porém não é por vontade , mas sim por necessidade , muitas pessoas acabam presas por causa disso e cria-se o preconceito com os pobres.
Devemos parar de ser um país com tantas desigualdades sócias e todos termos os mesmos direitos.
Renan- 901
A Crônica do Dia- “O porteiro, a empregada, o cabeleireiro e a manicure”, escrito por Ruth de Aquino, mostra a opinião desses profissionais, a maioria vindo do Nordeste e pobres, quanto a decisão dos seus votos para a presidência.
ResponderExcluirMuito tem se falado que o Nordeste divide o país ao meio, ou o Bolsa Família é o responsável pelo sucesso na votação do PT, mas não é isso que a pesquisa acima mostra, pois esses profissionais se mostraram insatisfeitos com o atual governo, com a roubalheira na Petrobrás, insatisfação com saúde, transportes públicos etc. Isso demonstra um povo mais atento as questões políticas do Brasil, mais atentos a corrupção e desposto a lutar por um país melhor.
Esse povo trabalhador, que com o seu trabalho ajuda o país crescer, merece ter uma vida com maior valorização de seus salários e uma melhor qualidade de vida, que não falte hospitais para serem atendidos com dignidade, educação para seus filhos, que serão o futuro da nação e não lhe falte o alimento.
Amanda de Oliveira Almeida- 802, Ativo.
Em nosso país,as diferenças entre pobres e ricos, de acordo com os direitos tem muita diferença.O PT criou a bolsa família com a finalidade de ajudar os pobres,mas infelizmente não coube a todos,existem pessoas que precisam mais que as outras,e não foram beneficiadas.Os pobres lutam todo dia por uma boa educação,que nao lhe falte alimento e água.
ResponderExcluirEsse povo,do qual rala para sustentar sua família,que aparentemente deve estar em uma situação crítica,merece ter uma vida com isso tudo mencionado acima em dobro,pois enquanto muitos tem e não valorizam,outros não tem e precisam.
Muitas pobres por não ter nada acaba entrando no mundo do crime,das drogas,mas não é por opção,é por necessidade.Depois acabam atrás das grades,por um ato que ele fez por maldade,mas por que era a última opção.Com isso o racismo começa a surgir.
Gustavo Salvini Dolor-801
O povo não está satisfeito com o governo, querem melhoras na saúde, educação e menos corrupção. Não importa de onde for, todos querem isso para o nosso país. Porém, há aqueles que votam pela facilidade do dinheiro, de não ter que trabalhar. Mas esquecem que isso é passageiro, que não é trocando seu voto por benefício do governo que vão melhorar de vida, mas sim estudando, tendo um trabalho digno, e para obter isso as coisas tem que mudar. Mas agora passada as eleições, as coisas continuam as mesmas. As pessoas acabam votando por comodismo, apesar de ter sido uma eleição muito disputada, e ter sido visto que muitos não estão satisfeitos, tudo continua igual.
ResponderExcluirJulia Sant'Ana - 801