domingo, 11 de maio de 2014

Artigo de Opinião - A educação dos filhos - Laura Muller


A missão de esclarecer as crianças sobre a vida sexual é tanto do pai quanto da mãe, estejam eles diante de uma menina ou menino



Uma das tarefas mais complexas da vida de uma pessoa é a educação dos filhos, ainda mais quando o assunto é sexualidade. Em que momento iniciar essa educação? O que dizer? Como conversar? E quem deve encabeçar isso em casa: a mãe? O pai? Ambos? Ou vai depender se a criança for menino ou menina para decidir quem se incumbirá dessa empreitada?
Muita coisa mudou na forma de lidar com a educação sexual. No passado, conversar sobre sexo em casa era algo que tinha dois principais caminhos: o da repressão, ou da omissão. A lista dos “não pode” era gigantesca, talvez tão imensa quanto a das coisas não explicadas nem ditas. Foi nesse cenário que as mães e os pais da atualidade foram criados.
O panorama começou a se transformar no Brasil só a partir do final dos anos 90, com um empurrão dos Parâmetros Curriculares Nacionais, que orientam o que é oferecido pelas escolas da infância à adolescência. Em 97, uma das principais sugestões passou a ser de que o tema sexualidade fosse inserido como transversal no ensino de todo o país a partir dos 6 anos de idade. A discussão começou. E ferveu: falar sobre sexo para crianças? Como assim? E qual o papel dos pais nessa história?
Paralelamente ao emergir de questões como essas, a internet explodiu com “sexo” sendo a palavra mais acessada da rede. Só pelos adultos? Obviamente que não. O bombardeio foi (e continua sendo) geral. “Socorro!” Isso é o que desde então passa pela cabeça das mães e dos pais quando se confrontam com a educação sexual dos filhos.
O que sempre digo a eles? Calma! Tem saída dessa encruzilhada que é lidar com um tema tão tabu na nossa cultura
sem
jamais ter tido orientações na própria infância ou adolescência. O primeiro passo é entender que será necessária uma constante busca de informação, seja em textos como este aqui, em livros, palestras ou onde mais puder encontrar conteúdo de qualidade. É assim que a cabeça se abre para conceitos e novos significados, o que favorece a tarefa de educar.

Essa missão é tanto da mãe como do pai, independentemente de estarem diante de uma menina ou de um menino. Os pais são os primeiros e principais educadores sexuais dos filhos, pois são seus modelos de vida: de como ser homem e ser mulher no mundo, e de como se relacionar com suas emoções, seus sentimentos, seus valores e suas crenças, entre outros. Ou seja, ensinamos isso tudo para as crianças desde que elas nascem. Assim, fazemos educação sexual desde cedo.
Claro que há mais ainda a orientar, e as crianças nos lembram disso o tempo todo. Como aos 4 ou 5 anos de idade, quando disparam “O que é sexo?” ou outras perguntas do tipo. Não teremos respostas prontas, infelizmente. Mas se a gente se consultar bem lá dentro, talvez descubra que dá para esclarecer tudo de um jeito tranquilo, adequado e verdadeiro.
Por exemplo, uma possível resposta aos filhos pequenos sobre os variados significados da palavra sexo talvez seja: “É quando duas pessoas do tamanho do papai e da mamãe estão beijando, abraçando e namorando de um jeito que só gente grande pode fazer”. Muitas vezes, as crianças não se contentam e espremem um pouco mais a gente: “Namorar pelado?” E precisamos dizer algo como: “Sim, mas só pode namorar pelado quando for do tamanho do papai e da mamãe”.
É extremamente difícil aprender a lidar com essa complexidade e fazer as informações evoluírem com o passar dos anos e o amadurecimento de cada filho ou filha. Mas não sei se temos outra opção, a não ser abraçar a educação sexual deles com toda a responsabilidade que nos cabe.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/sociedade/a-educacao-dos-filhos-12444869#ixzz31P4S8hys

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