O que está havendo com a sociedade diante de tanta barbárie? Respostas com maior barbárie ainda
Rio - Uma Educação que descarta a formação ampla da pessoa humana acaba por
produzir monstrinhos treinados, entregando-os à sociedade, portando diplomas de
sangue. Entrevistas com pessoas acostumadas a conviver com a criminalidade, até
por causa do ofício que exercem, dão conta, cada vez mais, da frieza de assaltantes e assassinos.
O que está havendo com a sociedade diante de tanta barbárie? Respostas com maior
barbárie ainda e que recebem apoio da sociedade, responsável por aplaudir
linchamentos, ações precipitadas e comportamentos típicos de monstrinhos
treinados.
Este novo perfil social é revestido de
diploma
de curso superior, representando uma formação
acadêmica de respeito e, ao lado, de frieza capaz de matar, porque ao monstrinho
treinado o valor material de uma herança supera o valor de qualquer vida.
O diploma está na parede
emoldurado por um especialista, enquanto a criança pode ser jogada pela
janela do sexto
andar de um prédio ou dopada para receber, em seguida, uma injeção letal
como se estivéssemos no corredor da morte numa penitenciária do Texas.
Este é o resultado de uma Educação que prioriza os aspectos intelectuais em
detrimento da sensibilidade, que defende uma tecnologia cada vez mais presente numa
sala de aula,
esquecendo-se do desenvolvimento dos valores éticos que promovam a pessoa
humana.
O consumo chegou a tal ponto, e os conceitos malthusianos impregnaram a
sociedade com tamanha voracidade, que a vida passou a ser secundária. Os estudos e as
escolas servem mais como degraus direcionados ao topo da carreira que represente
um status social ou vultoso salário que o reflexo da convicção de um compromisso
com a vida que o próprio profissional gerou.
O autor de
‘Assim falou Zaratustra’ considerava Deus como um ser perverso e caçador,
escondido atrás das nuvens para matar os seres que ele mesmo criou, numa atitude
nada afetiva e, sim, envolvida no mais puro sadismo. Parece-me que este
‘Zaratustra’ está encarnado em muitos viventes que sequer precisam de nuvens
para se esconder com o objetivo de caçar suas criaturas.
Ele é capaz de condenar os horrores de um campo de concentração na segunda
grande guerra mundial e não perceber o holocausto de que é protagonista dentro
de casa.
Hamilton Werneck é pedagogo e escritor
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