segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Te Contei, não ? - O filho de Machado de Assis

Capitu, a mulher com "olhos de ressaca", traiu ou não seu marido Bentinho? Mote do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, esse é o mais célebre enigma da literatura brasileira. Páginas e páginas de crítica já foram gastas na tentativa de esclarecê-lo. Aqueles que ficam com a resposta afirmativa aceitam as razões de Bentinho, que é o narrador do livro: seu filho não tem nada a ver com ele, mas é a cara de seu amigo Escobar. A semelhança seria a prova do adultério de Capitu. Em duas crônicas escritas na semana passada para um jornal paulista, o escritor Carlos Heitor Cony acrescentou lenha a essa fogueira. E que lenha! Segundo Cony, a traição do livro é baseada num episódio da vida do próprio Machado. Sua tese é de que o autor de Dom Casmurro cobiçou a mulher de um próximo, assim como o personagem Escobar, e com ela gerou um filho, que Cony identificou com as iniciais M. de A. "Eles tinham a mesma testa, o mesmo cabelo crespo e alguns tiques iguais", escreveu Cony, acrescentando que M. de A. sofria de epilepsia, como Machado. Desse modo, com uma única penada, ele não apenas teria resolvido o grande mistério de nossa literatura, como também exposto uma passagem escandalosa da vida do maior escritor brasileiro, um homem que primava pela discrição.

Nome aos bois – Para chegar a tais conclusões, Cony desenterrou fofocas quase esquecidas. Em seu primeiro texto, publicado na quarta-feira, ele disse ter recorrido a "crônicas daquele tempo". Citou como testemunhas o médico Afonso Mac-Dowell, que atendia vários acadêmicos, e o escritor Humberto de Campos. Mesmo utilizando o artifício das iniciais, ele dava a entender qual seria a identidade do tal filho misterioso: o diplomata Magalhães de Azeredo, pessoa a quem Machado dedicou uma amizade paternal. Mas num segundo texto, que foi publicado no sábado, Cony reconhece que sua fonte principal foi uma crônica do livro Diário Secreto, de Humberto de Campos . Cony diz que as iniciais podem não ser do diplomata, mas continua sustentando sua tese polêmica: o adultério de Dom Casmurro tem como fundamento experiências do próprio Machado de Assis. O que Cony não se atreveu a fazer foi dar o passo seguinte. Ou seja, dar nome aos bois e tornar ainda mais escabrosa toda essa história. Pois, se M. de A. não é Magalhães de Azeredo, só pode ser o escritor Mário de Alencar, filho do romancista José de Alencar e de Georgiana Cochrane. Em sua crônica, Humberto de Campos chega a escrever as iniciais do suposto marido traído: J. de A. Em outras palavras: dois dos principais literatos do século XIX teriam sido vértices de um triângulo amoroso. Se verdadeira a hipótese, não foi só no campo da literatura que o realismo de Machado deu cabo do romantismo de Alencar.
O relacionamento entre Mário de Alencar, autor de pouca notoriedade, e Machado de Assis realmente era próximo. "Mário, que não se dava bem com José de Alencar, até se referia a Machado como pai em suas cartas", lembra o escritor Antonio Olinto, conhecedor da vida de ambos. Como ninguém vai se dispor a fazer um teste de DNA nos restos mortais dos escritores, a insinuação de Humberto de Campos, cacifada por Cony, dificilmente será provada. De qualquer forma, não deixa de ser uma ironia que se levante uma suspeita dessas em relação a Machado de Assis, um escritor que dizia que jamais escreveriam uma boa biografia sua, "porque ninguém é mais reservado nessa matéria do que eu".


ttp://luisnassif.com/profiles/blogs/o-filho-de-mahchado-de-assis



Humberto levantou a bola

Havia, realmente, nos dois, traços fisionômicos que corriam paralelos. E aquela afeição paternal de Machado de Assis, tão desconfiado nas suas amizades e, no entanto, tão ligado a M. de A., cuja presença na velhice não dispensava um só dia?
Meses depois, em uma das minhas visitas ao consultório de Afonso Mac-Dowell, meu médico e amigo, este me recebe exclamando:
– Se você chega dois minutos antes, encontraria aqui um colega seu, da Academia.
– Qual deles?
– O M... M. de A.
Sem a menor lembrança, no momento, das palavras de Goulart de Azevedo, falei-lhe do nervoso do M., o qual não saía à rua sem companhia de um ou dois filhos.
– Nervoso, só, não – atalhou o médico.
E com ares misteriosos:
– Eu lhe digo aqui com a devida reserva: o M. é epilético.
Essa informação pôs um raio de luz em minha dúvida. J. de A. jamais sofreu de epilepsia. Machado de Assis morreu dessa moléstia. Como explicar, pois, a epilepsia
de M. de A.?
Mergulhei no oceano desse mistério, tateantes as mãos do meu pensamento. Dom Casmurro não será uma história verdadeira? Aquele amigo que trai o amigo, aquele filho que fica de uns amores clandestinos, não seriam páginas de uma autobiografia?

Trecho de crônica de Humberto de Campos, em que o autor insinua que Machado de Assis teve um caso com a mulher de José de Alencar


Folha de S.Paulo - 25/01/2000
CARLOS HEITOR CONY 

Dois romancistas e um filho
Não me considero culpado de falta para com a memória dos dois mestres literários

JANEIRO DE 2000 - Caiu do céu um pretexto para desistir da Academia. Em agosto passado, quando morreu o Herberto Sales, fui apanhado de surpresa pelos amigos de lá e não tive como reagir.
Recebi hoje amável cartão do Josué Montello encaminhando cópia da carta que ele escreveu ao presidente da Academia, solicitando que seja recolhido o livro que a diretoria anterior mandou distribuir como relatório das atividades acadêmicas em 1999.
Entre outras considerações sobre a publicação, Josué dá destaque ao recorte de uma revista ("Veja") que comentou, à maneira dela, as duas crônicas que escrevi logo após o júri promovido pela Folha sobre o suposto adultério de Capitu.
Fiz parte do júri que tinha como mérito mostrar a força de Machado de Assis: cem anos após a publicação de seu romance, ele era discutido num auditório lotado, em sessão presidida por um ministro do Supremo Tribunal Federal (Sepúlveda Pertence), com advogados e testemunhas de defesa (Rosiska) e acusação (eu próprio).
Logo após o júri, publiquei duas crônicas sobre o assunto, tendo como base o relato de Humberto de Campos sobre uma visita que ele fizera a seu médico, Afonso Mac Dowell, o qual lhe revelara que Mário de Alencar, filho de José de Alencar, era na verdade filho de Machado de Assis. Donde a conclusão, não minha, mas de Humberto de Campos: o filho de Capitu era a transposição para o romance de um fato real vivido por Machado de Assis.
O "Diário Secreto" foi publicado anos após a sua morte, primeiramente em "O Cruzeiro". Com tiragem de 700 mil exemplares, era a principal vitrine da vida brasileira. Posteriormente, o mesmo diário foi publicado em livro (possuo a segunda edição, o que mostra que não se trata de obra clandestina).
A revista que comentou minhas duas crônicas considerou-as como "mexerico" (palavra defasada, só possível num texto mal escrito). E transcreveu o trecho do Humberto de Campos, transferindo desta maneira o mexerico para o cronista maranhense. Limitei-me a citá-lo.
Josué foi mencionado na matéria, é atualmente o maior conhecedor da vida de Machado de Assis. Também foi citado o Antônio Olinto, que lembrou o fato de Mário de Alencar tratar Machado como pai em suas cartas -o que nada significa, além da expressão de um carinho especial. Mário ficou devendo sua entrada para a Academia a Machado. Fato que Magalhães Jr., citado também por mim, atribuía ao "nepotismo" do primeiro presidente da ABL.
Como se nota, uma polêmica bizantina, com um toque de mau gosto, só justificada pela realização do júri e pelo interesse que o caso Capitu ainda desperta na literatura nacional.
A diretoria da Academia, no exercício de 1999, ao publicar em livro a repercussão de suas atividades na mídia, incluiu a matéria da revista -e o Josué, zeloso guardião da honra dos grandes ícones das nossas letras, principalmente de Machado e Alencar, considerou um "achincalhe à honra e à dignidade de um dos nossos confrades".
E falando de Alencar, diz que o romancista "compartiu a sua vida digna com uma alta dama da sociedade fluminense, a Exma. Senhora D. Georgiana Cockrane de Alencar, com quem teve seis filhos" - cito textualmente a carta de Montello.
Este é o fato que me dá pretexto para tirar meu time de campo. No mérito da questão, eu me limitara a lembrar o trecho do "Diário Secreto" de Humberto de Campos. Se houve achincalhe, como diz o Josué, não foi de minha parte.
Não tenho culpa de a revista ter aproveitado o episódio, de interesse restrito à vida literária, para tentar fazer um escândalo às custas de Alencar e Machado. Não me considero culpado de qualquer falta para com a memória dos dois mestres. São personalidades públicas, pertencem à nossa história, como Victor Hugo e Sainte-Beuve pertencem à história da França.

Desditas conjugais são comuns, dentro e fora da literatura, bastando lembrar Júlio César, Napoleão, Luiz 16, d. João 6º. A lista é enorme e realmente universal, parece que começou com Abraão, que apresentava sua mulher, Sara, como sua irmã aos reis do deserto -o que transformou o Pai dos Crentes num verdadeiro patriarca.


6 comentários:

  1. A forma do Machado de Assis escrever realmente dificulta a interpretação completa de suas obras, sempre dando detalhes entre linhas deixando fatos subentendidos ou com ambiguidade, para min essa característica de Machado realmente o diferencia dos demais escritores e mostra ainda mais sua supremacia na maneira de anotar suas histórias, aliás não é puro que ele ganhou a denominação de Bruxo de Cosme Velho, bruxo devido a incrível forma que ele brincava com as palavras e Cosme Velho o nome da rua onde ele morava no Rio de Janeiro.
    Com as dificuldades de interpretação em suas obras achei muito inteligente o Cony ter tido a ideia de ir por outros caminhos, invés dele analisar a obra ele investigou a vida de Machado, conseguindo impressionantes resultados através de pequenos detalhes nas obras do Bruxo e poucos dados pessoais, pois Machado não se mostrava muito, Cony conseguiu talvez desvendar o mistério que vinha assombrando a literatura brasileira.
    Claro que essa intenção de dar esse mistério a obra literária foi intencional, porque com essa duvida que se instalou nas cabeças dos leitores de Machado gerou polêmica, exatamente o que o nosso enigmático autor queria, enfeitiçar suas obras para que os leitores tenha sua atenção capturada.
    Mas já que aqui estamos trabalhando com teses quero também deixar a minha aqui, o trabalho do cony foi muito bom, mas não seria possível do Machado nos encaminhar ao erro, deixando detalhes para trás que faça a gente escorregar, porém se fossemos tratar de todas as tesses nunca sairíamos desse enredo.
    Achei um máximo o trabalho do cony sua tamanha astúcia na coleta de informações para levantar esse tese, somente hoje um gênio conseguiu decifrar esse enigma que vem atentando a cabeça de muitos leitores e ate mesmo grandes influências da literatura.
    Aluno: Wenderson F. R.
    Turma: 901

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  2. Todo mundo é alvo de fofoca na sociedade, não importa se famoso é ou não, pois basta conviver com os seres humanos que suas ações já vão ser comentadas. O seu grupo fez aquilo? Sério ele ficou com ela? Você viu a fulana com aquela roupa? Fez aquilo só para chamar atenção. São exatamente assim as conversas, basicamente: cuidar da vida alheia, desde o inicio dos tempos. José de Alencar e Machado de Assis foram alvos de uma das fofocas que mais abalaram e continuam a abalar a sociedade literária até hoje. Capitu traiu Bentinho? Ou melhor, Machado traiu Carolina?
    Por serem grandes amigos e conviverem nos mesmos círculos, suas esposas os acompanhavam e parece que tornaram-se bem íntimos. Machado sempre viveu uma vida muito discreta e criou diversas obras que são dificílimas de entender a interpretação, pois oculta muitas características e cria desconfianças no leitor, mas será que o bruxo usou um fato de sua vida para inspirar-se e criar Dom Casmurro? Alguns acreditam que sim já outros não, só saberemos a verdade quando alguém for lá ao cemitério e fazer exames de D.N.A, e descobrir Mário de Alencar é filho de quem? Mário desde novo foi o único filho de Alencar que não se deu bem com ele, e após a morte de seu “pai” aproximou-se muito de Machado, que estava abatido pela perda, porém também planejando a ABL. Quando Machado perdeu sua amada Carolina, entra numa depressão profunda e um dos únicos que o visitava no Cosme Velho era Mário, que até se referia a Machado como pai em suas cartas e Machado o considerava como filho. Mas ai você pode pensar, é só porque perderam pessoas muito amadas, a tristeza e simpatia pode juntar as pessoas, realmente sim, mais as coincidências não param por aí. M. A era epilético, passava dias fazendo tratamento, mais quem tinha essa doença? Pouco se parecia com J.A, entra na ABL por causa de Machado, são muitos detalhes que em minha opinião, não deviam ser ignoradas. Imagina se o teste desse positivo? Realmente seria um choque no mundo literário, mas ajudaria a entender diversos outros fatos da vida e das obras desses homens que mudaram drasticamente a nossa arte literária.
    Katelyn Nelson - 901

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  3. Como Machado se Assis sempre dizia o que queria nas entre-linhas por volta de ironias e apologias a realidade é sempre muito difícil considerar uma verdade absoluta, fica tudo por opinião de cada um que leu a obra. Mas é claro que deve sempre levar em consideração o contexto histórico e tudo aquilo que já foi estudado por críticos e teóricos.
    Sempre houve o tal boato de que o filho de José de Alencar, Mario de Alencar, na verdade é de Machado de Assis. Mas os escritores sempre colocam um enigma no desfecho da estória para o próprio leitor decidir qual é o final, sempre há probabilidades de uma teoria ter mais coesão que outra por causa das "pistas" que são postas no decorrer da história.
    Mas isso faz com que pensemos uma coisa: será que existe um desfecho único da obra, será que Machado de Assis fez a obra na esperança de que em algum dia distante algum gênio literario decifrasse o enigma? Ou, na verdade, ele mesmo não sabe o desfecho real, que ele produziu a obra com o intuito de deixar um livre arbítrio ao leitor para tirar suas próprias conclusões? Se for a primeira opção, talvez algum dia alguém decifre , mas se for a segunda, nós nunca saberemos.
    Não é uma coisa muito incomum, nos filmes e livros de hoje, às estórias serem "incompletas", quer dizer, o desfecho é você quem decide. Claro que naquela época seria uma coisa incomum.
    Machado de Assis e José de Alencar são os maiores escritores brasileiros da história, e as maiores características deles são as críticas ironicas que há nas entre-entre-linhas nas obras, onde sempre há uma crítica sobre nossa sociedade hipócrita, egoísta e desigual. Que aliás, nesses dois séculos que nos separam de M. De A. e nosso patriarca, não evoluiu nada. Nós continuamos com nossas tendências capitalistas, desiguais, conservadoras e preconceituosas de sempre.
    Aluno: Bruno de Lorenzo
    901

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  4. É errado eu ter gostado tanto dessa confusão? Até porque, isso é praticamente uma fofoca.
    Não tenho certeza se eu acredito em todas essas coisas de quem é o pai, mas foi o que aconteceu e com isso tenho que concordar. Nunca saberemos ao certo que foi o pai, mas sabemos que esse assunto não vai morrer tão cedo, até porque José de Alencar ainda vai ser muito estudado e onde ele for, a história vai atrás.
    Fico imaginando, se agora, isso já cria uma confusão, como seria na época em que isso era recente? Será que a confusão causou muitos problemas para eles? E como a criança se sentia?
    Acredito que mais cedo ou mais tarde essas perguntas serão respondidas, mas até lá, continuaremos no mistério.

    Luisa Heinle Kühner 802

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  5. Machado de Assis era um escritor do realismo, época literária na qual tem como principal característica e objetivo mostrar a sociedade da época, com toda sua hipocrisia, desigualdades e injustiças, tendo como um de seus alvos principais de crítica às instituições sociais, a burguesia e a sociedade, sempre com linguagem direta e com objetivos traçados. Entre as obras desse período temos Dom Casmurro, a grande e cheia de polemicas obra de Machado de Assis.
    Entre essas polêmicas, a mais famosa envolve o nosso patriarca da literatura, José de Alencar e seu “filho”, Mario de Alencar, mas antes de falarmos sobre isso precisamos entender sobre o que se trata o livro. Em grande parte Dom Casmurro é um livro que fala de um triangulo amoroso, no qual o homem é traído por sua mulher com o melhor amigo do marido, e como resultado desse “pecado” nasce uma criança, e é dai que começam os rumores.
    Muitos estudantes de literatura acreditam então que essa história é uma parte da vida do escritor da obra na qual ele trai seu melhor amigo (José de Alencar) com a esposa do mesmo (Georgiana Augusta) que da relação nasceu Mário de Alencar (que se você perceber bem, as iniciais são as mesmas que as de Machado de Assis). Ainda não temos nenhuma prova concreta de que isso seja verdade, até por que grande parte dos argumentos usados tem falhas e erros, como, a epilepsia, argumento no qual fala que os dois tinham epilepsia, mas não levaram em conta que em grande parte dos casos a epilepsia não é hereditária, mas sim pode ser causada por algum problema de parto entre outras, sem contar, que usaram como uma de suas provas que Mauro chamava Machado de pai e não José de Alencar, mas não podemos esquecer que Mauro nasceu em 1872 cinco anos antes da morte de seu até agora verdadeiro pai, sendo provado que uma criança só sabe quem é seu verdadeiro pai com quatro anos, que corresponderia a época em que estaria quase pegando tuberculose, viajando para a Europa e se preocupando com seus livros entre outros, assim a criança só deve ter tido de exemplo paterno Machado de Assis, grande amigo da família.
    Eu não sou ninguém para julgar o passado deles, muito menos falar se essa estória é mentira ou verdade, só posso falar que eles também são humanos e erram, o que importa, e o que poucas pessoas querem saber, é que Mário de Alencar cresceu com saúde, mesmo com a morte precoce do pai e com a epilepsia, mas foi muito amado mesmo assim, não importando que era seu pai, ou não.
    Existem muitas possibilidades e talvez nunca saibamos a verdade, mas se uma coisa é certa é que nunca devemos deixar a vida pessoal de alguém interferir nas suas obras, porque esses dois homens foram muito importantes para a identidade brasileira, não é justo corromper a imagem dessas pessoas por uma coisa que ainda não se pode provar, pois se fosse a sua história, duvido muito que você gostaria que todos ficassem sabendo de um erro seu ou então talvez de uma mentira sobre você. Como Renato Russo disse, “As pessoas julgam a aparência, mas esquecem que o mal da sociedade são as pessoas sem caráter”.
    Eduarda Raposo-801

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  6. Machado de Assis era um escritor do realismo, época literária na qual tem como principal característica e objetivo mostrar a sociedade da época, com toda sua hipocrisia, desigualdades e injustiças, tendo como um de seus alvos principais de crítica às instituições sociais, a burguesia e a sociedade, sempre com linguagem direta e com objetivos traçados. Entre as obras desse período temos Dom Casmurro, a grande e cheia de polemicas obra de Machado de Assis.
    Entre essas polêmicas, a mais famosa envolve o nosso patriarca da literatura, José de Alencar e seu “filho”, Mario de Alencar, mas antes de falarmos sobre isso precisamos entender sobre o que se trata o livro. Em grande parte Dom Casmurro é um livro que fala de um triangulo amoroso, no qual o homem é traído por sua mulher com o melhor amigo do marido, e como resultado desse “pecado” nasce uma criança, e é dai que começam os rumores.
    Muitos estudantes de literatura acreditam então que essa história é uma parte da vida do escritor da obra na qual ele trai seu melhor amigo (José de Alencar) com a esposa do mesmo (Georgiana Augusta) que da relação nasceu Mário de Alencar (que se você perceber bem, as iniciais são as mesmas que as de Machado de Assis). Ainda não temos nenhuma prova concreta de que isso seja verdade, até por que grande parte dos argumentos usados tem falhas e erros, como, a epilepsia, argumento no qual fala que os dois tinham epilepsia, mas não levaram em conta que em grande parte dos casos a epilepsia não é hereditária, mas sim pode ser causada por algum problema de parto entre outras, sem contar, que usaram como uma de suas provas que Mauro chamava Machado de pai e não José de Alencar, mas não podemos esquecer que Mauro nasceu em 1872 cinco anos antes da morte de seu até agora verdadeiro pai, sendo provado que uma criança só sabe quem é seu verdadeiro pai com quatro anos, que corresponderia a época em que estaria quase pegando tuberculose, viajando para a Europa e se preocupando com seus livros entre outros, assim a criança só deve ter tido de exemplo paterno Machado de Assis, grande amigo da família.
    Eu não sou ninguém para julgar o passado deles, muito menos falar se essa estória é mentira ou verdade, só posso falar que eles também são humanos e erram, o que importa, e o que poucas pessoas querem saber, é que Mário de Alencar cresceu com saúde, mesmo com a morte precoce do pai e com a epilepsia, mas foi muito amado mesmo assim, não importando que era seu pai, ou não.
    Existem muitas possibilidades e talvez nunca saibamos a verdade, mas se uma coisa é certa é que nunca devemos deixar a vida pessoal de alguém interferir nas suas obras, porque esses dois homens foram muito importantes para a identidade brasileira, sendo assim injusto corromper a imagem dessas pessoas por uma coisa que ainda não se pode provar, pois se fosse a sua história, duvido muito que você gostaria que todos ficassem sabendo de um erro seu ou então talvez de uma mentira sobre você. Como Renato Russo disse, “As pessoas julgam a aparência, mas esquecem que o mal da sociedade são as pessoas sem caráter”.
    Eduarda Raposo-801

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