quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Canções do Chico - Roda Viva

Roda Viva
Chico Buarque

Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega o destino pra lá
Roda mundo, roda-gigante
Roda-moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a roseira pra lá
A roda da saia, a mulata
Não quer mais rodar, não senhor
Não posso fazer serenata
A roda de samba acabou
A gente toma a iniciativa
Viola na rua, a cantar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a viola pra lá
O samba, a viola, a roseira
Um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou
No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a saudade pra lá



A letra trata do sentimento de um impasse: como ser ativo, participar da construção da sua vida e ao mesmo tempo ter que carregar as responsabilidades cotidianas nas costas? A roda, na qual o título já sugere, seria a rotina, sempre circular, repetitiva, às vezes até tautológica. E a roda é viva, isto é, onipresente.
Os primeiros versos são “Tem dias que a gente se sente / Como quem partiu ou morrer / A gente estancou de repente / Ou foi o mundo então que cresceu” já representam o sentimento de impotência, como se houvesse vezes em que você questiona como está sua postura diante do mundo: você partiu, morreu, estancou? As coisas acontecem e a você aliena-se, fica aquém disto tudo, como se o mundo crescesse e você não acompanhasse.
“A gente quer ter iniciativa / No nosso destino mandar / Mas eis que chega roda vida / E carrega o destino pra lá”. Estes versos mostram que apesar daquela impotência, você não desiste de interferir no seu destino, isto é, ter iniciativa de conduzir sua vida. Porém, a roda viva chega e decide o destino por você. Em vez de lutar pelo que quer, a roda viva impede. Todo aquele desejo de participação se esvai.
O refrão, que se repete no final de cada estrofe justamente para realçar a idéia de repetição, é composto pelos versos “Roda mundo, roda-gigante / Roda-moinho, roda peão / O tempo rodou num instante / Nas voltas do meu coração”. Além da beleza dos versos, que reiteram a palavra “roda”, a própria melodia da música exala a sensação rotatória. O tempo passa rapidamente, num instante, rodando em torno do seu coração, que bate para sobreviver. Você se mantém vivo e as coisas vão acontecendo, tão naturais quanto o mundo rodando, a roda-gigante, o moinho e o peão.
A seguinte estrofe, que vai de “A gente vai contra a corrente / Até não poder resistir…” até “… Mas eis que chega a roda viva / E carrega a roseira pra lá” mostra que mesmo com seus pequenos protestos, como alguém remando contra a corrente, não é suficiente para abalar a ordem, por isso a pessoa percebe o quanto deixou de cumprir. No fim das contas, na volta no barco, reafirma-se o que se havia questionado, indo a favor da corrente. Todas as roseiras cultivadas por nós, aquilo que cuidamos, também é levado pela roda viva, antes que floresça. A roda nos tira a capacidade de viver, sendo mais viva do que nós mesmos.
Mais uma vez entra-se no refrão e depois vêm os versos “A roda da saia, mulata / Não quer mais rodar, não senhor / Não posso fazer serenata / A roda de samba acabou” são versos muito interessantes. Saias que rodam são típicas do samba, o próprio nome da vestimenta é ‘saia rodada’. Não só acabou a participação política, acabou também o envolvimento com outras pessoas, a conversa calorosa, acabou o samba.
“A gente toma a iniciativa / Viola na rua, a cantar / Mas eis que chega a roda viva / E carrega a viola pra lá” são versos que representam a fraqueza do protesto. O desejo artístico também foi engolido pela força maior da roda viva. Imagine quantos movimentos ocorreriam se a roda não interferisse.
Na última estrofe temos “O samba, a viola, a roseira / Um dia a fogueira queimou / Foi tudo ilusão passageira / Que a brisa primeira levou” é um apanhado de tudo que foi levantado até então pela canção. A vontade de participar, de se voltar contra a ordem supressora, de ter liberdade etc, são oprimidos. Surge a imagem de que são apenas uma ilusão passageira, um artefato que a brisa facilmente leva.
Os últimos versos são “No peito a saudade cativa / Faz força pro tempo parar / Mas eis que chega a roda viva / E carrega a saudade pra lá”; finalizam muito bem este sentimento. Quem conhece a frase “Pare o mundo que eu quero descer”? Então, parece muito com isso.
Primeiro se sai de uma ditadura do Estado Novo, protagonizada por Getúlio Vargas. Depois, se tem uma experiência democrática que até trouxe uma esperança ao país, como JK e a bossa nova. Logo após, a experiência é frustrada pelo golpe militar de 1964. O sentimento confuso, estonteante, fora da razão, gerado pela idéia absurda de suprimir as massas em prol de um grupo de militares no poder, gera uma imagem abstrata dos rumos do Brasil.
A roda vai girando. Remete a uma bagunça. O desejo de mudar é ignorado. A capacidade de se manifestar é minimizada. Chico remete a objetos infantis, como o peão; algo próximo às cantigas de roda, tão ingênuas. Este lado aparentemente inocente contrasta com a ditadura, prova do desnorteio ao qual a população estava submetida. Até a saudade é reduzida a uma bobagem qualquer, assim como a viola e a roseira, ambos queimados pela fogueira. A ordem escondia, na realidade, uma desordem. A constante roda viva ocultava a imobilidade dos cidadãos.
Para finalizar, quero destacar que os últimos segundos da música são muito bons. O refrão vai se repetindo, acelerando gradativamente, reforçando a idéia de uma confusão, de uma roda que vai carregando tudo que se encontra à frente, não dá chance para respirar, uma bola de neve que vai crescendo, tomando proporções maiores que os indivíduos.
Espero que tenham gostado de interpretação e faço questão de lembrar que é só uma leitura da música. Recomendo que procurem outras visões pela Internet para complementar a mensagem que a canção quer passar. Até mais!

http://letrasdespidas.wordpress.com/2007/11/02/chico-buarque-roda-viva/

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Canções do Chico - Mil perdões

Mil Perdões

Chico Buarque

Te perdôo
Por fazeres mil perguntas
Que em vidas que andam juntas
Ninguém faz
Te perdôo
Por pedires perdão
Por me amares demais

Te perdôo
Te perdôo por ligares
Pra todos os lugares
De onde eu vim
Te perdôo
Por ergueres a mão
Por bateres em mim

Te perdôo
Quando anseio pelo instante de sair
E rodar exuberante
E me perder de ti
Te perdôo
Por quereres me ver
Aprendendo a mentir (te mentir, te mentir)

Te perdôo
Por contares minhas horas
Nas minhas demoras por aí
Te perdôo
Te perdôo porque choras
Quando eu choro de rir
Te perdôo
Por te trair



Canções do Chico - Atrás da Porta

Atrás da Porta

Chico Buarque

Quando olhaste bem nos olhos meus,
E o teu olhar era de adeus.
Juro que não acreditei.

Eu te estranhei, me debrucei, sobre teu corpo,
E duvidei, e me arrastei, e te arranhei,
E me agarrei nos teus cabelos, nos teus pelos,
Teu pijama, nos teus pés, ao pé da cama,
Sem carinho, sem coberta,
No tapete atrás da porta,
Reclamei baixinho.

Dei pra maldizer o nosso lar,
Pra sujar teu nome, te humilhar,
E me vingar a qualquer preço.
Te adorando pelo avesso.
Só pra mostrar qu'inda sou tua.
Até provar qu'inda sou tua.

Canções do Chico - O meu guri

O Meu Guri

Chico Buarque

Quando, seu moço
Nasceu meu rebento
Não era o momento
Dele rebentar
Já foi nascendo
Com cara de fome
E eu não tinha nem nome
Prá lhe dar
Como fui levando
Não sei lhe explicar
Fui assim levando
Ele a me levar
E na sua meninice
Ele um dia me disse
Que chegava lá
Olha aí! Olha aí!

Olha aí!
Ai o meu guri, olha aí!
Olha aí!
É o meu guri e ele chega!

Chega suado
E veloz do batente
Traz sempre um presente
Prá me encabular
Tanta corrente de ouro
Seu moço!
Que haja pescoço
Prá enfiar
Me trouxe uma bolsa
Já com tudo dentro
Chave, caderneta
Terço e patuá
Um lenço e uma penca
De documentos
Prá finalmente
Eu me identificar
Olha aí!

Olha aí!
Ai o meu guri, olha aí!
Olha aí!
É o meu guri e ele chega!

Chega no morro
Com carregamento
Pulseira, cimento
Relógio, pneu, gravador
Rezo até ele chegar
Cá no alto
Essa onda de assaltos
Tá um horror
Eu consolo ele
Ele me consola
Boto ele no colo
Prá ele me ninar
De repente acordo
Olho pro lado
E o danado já foi trabalhar
Olha aí!

Olha aí!
Ai o meu guri, olha aí!
Olha aí!
É o meu guri e ele chega!

Chega estampado
Manchete, retrato
Com venda nos olhos
Legenda e as iniciais
Eu não entendo essa gente
Seu moço!
Fazendo alvoroço demais
O guri no mato
Acho que tá rindo
Acho que tá lindo
De papo pro ar
Desde o começo eu não disse
Seu moço!
Ele disse que chegava lá
Olha aí! Olha aí!

Olha aí!
Ai o meu guri, olha aí
Olha aí!

Se é do Machadão, vale a pena assistir - Conto de Escola

Vale a pena assistir > Os segredos da Inconfidência

Te Contei, não ? - Inconfidência Mineira

No século XVIII, o Brasil ficou marcado pela descoberta e a exploração de suas minas de ouro. Encontradas principalmente nas regiões de Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás, o ouro despertou o interesse dos colonizadores portugueses. Afinal de contas, o encontro de metais preciosos foi uma das mais antigas ambições que os portugueses tiveram assim que chegaram por aqui.
Com a descoberta do ouro, o governo português tratou de criar uma série de impostos que garantiam a obtenção de lucros junto à atividade mineradora. Com o passar dos anos, o esgotamento das minas passou a diminuir bastante as toneladas de ouro que eram enviadas para Portugal. Isso se explica até pelo fato de que o ouro é um bem natural não renovável e com a constante exploração foi perdendo força.
Na medida em que percebeu a diminuição da quantidade de ouro recolhido, o governo português decidiu aumentar a cobrança de impostos feita nas minas. A fiscalização nas cidades mineiras aumentou e um polêmico imposto chamado de derrama passou a ser cobrado. A derrama era um tipo de cobrança em que Portugal recuperava os impostos atrasados, com a tomada de outros bens dos mineradores que estavam em dívida com o governo português.
Esse tipo de cobrança gerou muita insatisfação e acabou sendo um dos motivos pelos quais alguns mineradores, intelectuais e proprietários de terra de Minas Gerais, lá pelos fins da década de 1780, se reuniram para criticar e elaborar um plano pelo fim da colonização portuguesa. Essas reuniões deram força ao planejamento de uma revolta, que ficou conhecida em nossa história como Inconfidência Mineira.
Os chamados inconfidentes acreditavam ser possível lutar pela independência de Minas Gerais e implantar um governo de característica um tanto mais justa e democrática. Apesar de não serem visivelmente contra a escravidão, os inconfidentes lutavam pela modernização da economia local, a criação de universidades e a separação entre a Igreja e o Estado. Além disso, traçaram um plano de rebelião que aconteceria assim que a derrama fosse cobrada na cidade de Vila Rica. Os inconfidentes acreditavam que se a revolta acontecesse no momento da cobrança, o apoio da população aconteceria naturalmente.
Apesar de todo o planejamento, a revolta acabou não acontecendo. Um envolvido na revolta, chamado Joaquim Silvério dos Reis, preferiu entregar o plano em troca do perdão de suas dívidas. Desse modo, as autoridades portuguesas prenderam grande parte dos envolvidos e os processaram pelo crime de traição. No ano de 1791, as investigações foram encerradas e os acusados tiveram suas penas decretadas. Entre os condenados, somente o inconfidente Joaquim José da Silva Xavier, conhecido como Tiradentes, foi condenado à morte.
Alguns historiadores dizem que Tiradentes foi o único punido, pois era o envolvido na revolta que tinha a condição financeira mais humilde. Tiradentes era militar e dentista, duas profissões que garantiam uma vida modesta, mas não muito confortável. No fim das contas, principalmente a partir do século XX, esse inconfidente foi transformado em herói nacional. Sua condenação à forca e ao esquartejamento virou símbolo de luta pela independência do Brasil. Contudo, lá naquela época, a defesa da independência de toda nação estava longe de acontecer.
Dessa forma, percebemos que a Inconfidência Mineira foi fruto do autoritarismo e da violência que eram empregados por Portugal no século XVIII. Contudo, por outro lado, não podemos dizer que os inconfidentes tinham um grande plano de independência para a nação brasileira. Os revoltosos de Minas pensavam apenas em sua região, mas acabaram sendo transformados em heróis nacionais.

Por Rainer Gonçalves Sousa
Colaborador Escola Kids
Graduado em História pela Universidade Federal de Goiás - UFG
Mestre em História pela Universidade Federal de Goiás - UFG

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Te Contei, não ? - Machado de Assis - A Crônica e a História

Te Contei, não? - Crônicas do Machado

Outros Olhares - Memória Póstumas de Bras Cubas

Outros Olhares - O Cortiço

Outro Olhares - Machado de Assis

Outros Olhares - Dom Casmurro

Te Contei, não ? - Aleijadnho

    







Há um capítulo em branco na História do Brasil, e esse capítulo é o que se refere à Maçonaria, presente em todos os momentos decisivos e importantes de nossa pátria. Em torno da excepcional contribuição da Maçonaria para a formação de nossa nacionalidade, é inadmissível qualquer dúvida. De nenhum importante acontecimento histórico do Brasil, os maçons estiveram ausentes. Da maioria deles, foram os elementos da Maçonaria os promotores. Não há como honestamente negar que o Fico, A Proclamação da Independência, a Libertação dos escravos, A Proclamação da República, os maiores eventos de nossa pátria foram fatos organizados dentro de suas lojas. Antes de tudo isso, já na Inconfidência Mineira, a Maçonaria empreendia luta renhida em favor da libertação de nossa pátria. Todos os conjurados, sem exceção, pertenciam à Maçonaria: Tiradentes, Thomas Antonio Gonzaga, Cláudio Manoel da Costa, Alvarenga Peixoto, e até mesmo o Judas, o traidor Joaquim Silvério dos Reis, infelizmente também pertencia à ordem.

Há que se ressaltar também a grande contribuição de um maçon ilustre Francisco Antonio Lisboa, o Aleijadinho. Este grande gênio da humanidade. Maçom do grau 18, Aleijadinho, autor de obras sacras, fez questão de secretamente homenagear a Maçonaria em suas esculturas. Ao bom observador e conhecedor da maçonaria, não passará despercebido, ao conhecer a obra do grande mestre, detalhes, pequenos que sejam que lembram a instituição maçônica. Os três anjinhos formando um triangulo, o triangulo maçônico, tornaram-se sua marca registrada.

A própria bandeira do estado de Minas Gerais foi inspirada na Maçonaria: o triangulo no centro da bandeira mineira é o mesmo do delta luminoso, o Olho da Sabedoria.

A independência do Brasil foi proclamada em 22 de agosto de 1822, no Grande Oriente do Brasil. O grito de independência foi mera confirmação. Ninguém ignora também que o Brasil já estava praticamente desligado de Portugal, desde 9 de janeiro de 1822, o dia do Fico. E o Fico foi um grande empreendimento Maçônico, dirigido por José Joaquim da Rocha, que com um grupo de maçons patriotas, fundou o Clube da Resistência, o verdadeiro organizador dos episódios de que resultou a ficada.

A libertação dos escravos no Brasil foi, não há como negar, uma iniciativa de maçons, um empreendimento da Maçonaria. A Maçonaria, cumprindo sua elevada missão de lutar pela reivindicação dos direitos do homem, de batalhar pela liberdade, apanágio sagrado do Homem, empenhou-se sem desfalecimento, sem temor, indefessamente pela emancipação dos escravos.
Para confirmar estes fatos basta verificar a predominância extraordinária de maçons entre os líderes abolicionistas. Dentre muitos destacaram-se Visconde de Rio Branco, José do Patrocínio, Joaquim Nabuco, Eusébio de Queiroz, Quintino Bocaiúva, Rui Barbosa, Cristiano Otoni, Castro Alves, e muitos outros.

A proclamação da República, não há dúvidas de que também foi um notável empreendimento maçônico. O primeiro Ministério da República, sem exceção de um só ministro, foi constituído de maçons. Mera casualidade? Não. Ele foi organizado por Quintino Bocaiúva, que havia sido grão-mestre.

Assim foi e tem sido a atuação da Maçonaria com relação ao Brasil, sempre apoiando e lutando para a concretização dos ideais mais nobres da pátria, comprometendo-se em favor da liberdade e condenando as injustiças.

Fonte:
l Sociedades Secretas - A. Tenório de Albuquerque

Te Contei, não ? - Maçonaria - A loja do Aleijadinho

A história da maçonaria é cheia de fatos controversos e no Brasil não ocorre de forma diferente. Se ninguém sabe qual a sua origem, também não se pode dizer qual foi a primeira Loja fundada no Brasil, por exemplo. Alguns dizem que foi o Areópago de Itambé, uma sociedade política fundada pelo padre Arruda Câmara, no Recife, em 1796. Outros dizem que a primeira Loja foi a Cavaleiros da Luz , fundada em Salvador, Bahia, em 1797. Documentada, porém, a primeira Loja brasileira foi a Reunião, fundada no Rio de Janeiro em 1801. Isso quem disse foi José Bonifácio de Andrada e Silva e só por isso é informação que merece respeito.
Toda essa celeuma é muito natural. Afinal de contas estamos falando de uma sociedade secreta, e assim os segredos que envolvem a sua constituição e as suas atividades não poderiam ser mesmo expostos de forma tão claras, como quaisquer fatos históricos que envolvem outras organizações. Um historiador que quisesse contar a verdadeira história da Igreja Católica, por exemplo, encontraria as mesmas dificuldades. Teria que recorrer bastante a sua própria imaginação para preencher os vazios que certamente encontraria na documentação levantada. Assim é a história dessas organizações. Um cipoal de mitificações e mistificações, naturais umas, nascidas das próprias auréolas de lenda que elas adquirem naturalmente, artificiais outras, criadas justamente para disfarçar, sobre uma capa de fantasia, aquilo que não se pode, abertamente, ser exposto.

Se no Brasil a história da maconaria é muito confusa, em Portugal não é diferente. Ninguém sabe como a maçonaria aportou por lá. Como na Inglaterra, França, Alemanha, Escócia e outros países onde a Arte Real se tornou instituto cultural de grande importância, tudo é muito obscuro e aureolado de lendas. Há quem sustente que a maçonaria chegou em terras portuguesas pela mãos do infante Afonso Henriques, reconhecidamente um cavaleiro templário, que fundou o reino de Portugal ajudado pelos seus irmãos daquela Ordem. Sendo a Ordem maçônica a legítima herdeira das tradições daqueles cavaleiros, nada mais justo reivindicar a nobreza dessa origem para os maçons portugueses. Mas assim como não há nada que comprove uma legítima interação entre esses proscritos cavaleiros cruzados e os maçons medievais, também, no caso português, tudo é pura especulação. O que se sabe, de verdade, é que a maçonaria, tal como a conhecemos hoje, chegou à Portugal entre 1725 e 1735, trazida pelos comerciantes ingleses. Data de 1727 a memória do primeiro grupo de maçons atuando em Lisboa.
Em 1738 foi emitida a Bula In Emminenti Apostolatus Speculati, pelo Papa Clemente XII, condenando a maçonaria como seita herética e inimiga da verdadeira religião, a católica. Os reis de Portugal, católicos conservadores, logo aproveitaram a Bula papal para dar livre curso á sua própria intolerância contra a Ordem, cuja fama de liberal e contestadora  da teoria do direito divino dos reis era já bem conhecida. Assim promulgaram um decreto em 1743 colocando a Ordem fora da lei e punindo com a pena de morte quem fosse encontrado praticando maçonaria em Portugal. Uma feroz perseguição contra os maçons em terras portuguesas começou. John Coustos, reconhecidamente o lider maçom de maior importância em Portugal na época, foi preso e submetido às terriveis torturas da Inquisição, dela só escapando com vida por interferência das próprias autoridades inglesas, que na época, abrigava em seus quadros vários membros da Ordem. 
Em 1751 nova bula papal, desta vez emitida pelo papa Benedito XIV, deu reforço à bula anterior e a maçonaria foi praticamente extinta em Portugal. Ela só viria a ser revivida na década de 1760-70 durante o governo do Marquês de Pombal, reconhecidamente um déspota esclarecido, adepto das idéias iluministas, e segundo alguns, iniciado na maçonaria inglesa ( fato não comprovado documentalmente). Todavia, é verdade que o Marques de Pombal não nutria muita simpatia pela Igreja Católica, tendo inclusive banido de Portugal e de seus territórios ultramarinos a  Companhia de Jesus. De maneira que durante o seu governo a maçonaria funcionou tranquilamente em Portugal. Mas essa tranquilidade durou pouco. Morto o rei Dom José, subiu ao trono D. Maria I, católica fervorosa. Por instigação da Igreja, ela depôs o o poderoso Marques de Pombal e formou um governo eminentemente católico, colocando como seu Ministro de Segurança(Intendente de Polícia), o sinistro  Pina Manique, um indivíduo que desenvolveu contra a maçonaria uma sistemática perseguição, mandando prender praticamente todos os maçons de Portugal. A perseguição atingiu seu auge em 1791-1792, quando as masmorras ficaram lotadas com os irmãos da Ordem. Mas em 1797, chegou a Portugal um grande contingente de tropas inglesas, para ajudar Portugal na guerra que o país estava travando contra a França. Esses soldados, cujos comandantes eram, em sua maioria, maçons,  trouxeram de novo a maçonaria para Portugal. As atividades maçônicas se desenvolveram rapidamente e em 1806 deu-se a emissão da primeira constituição maçônica em terras portuguesas.

E no Brasil?

Como andava a maçonaria no Brasil nesses cruciais tempos históricos, em que as mentes mais esclarecidas estavam todas impregnadas do ideal libertário que os rebeldes americanos( a maioria reconhecidamente maçons) haviam proclamado, e os revolucionários franceses, muitos deles também maçons, haviam espalhado pela Europa? Dizem que já no romântico e decadente ambiente da Inconfidência Mineira eram os ideais maçônicos o principal inspirador da ideologia dos inconfidentes. Alguns autores maçons, munidos mais de imaginação do que de verdadeiras informações históricas, sustentam que Tiradentes, Tomás Antonio Gonzaga, Álvares Maciel, Alvarenga Peixoto e outros, inclusive o próprio Aleijadinho, eram maçons. Dizem até que a maçonaria teria sido trazida ao Brasil pelo Doutor José Álvares Maciel, que teria sido iniciado em Coimbra e frequentado Lojas em Londres. Assim teria fundado Lojas em Ouro Preto, onde iniciou os ditos irmãos inconfidentes  e outras pessoas importantes da colônia.[2]
Não há nenhuma evidência histórica dessas afirmações. Aliás, dado o momento histórico em que foram vividos os fatos da Inconfidência Mineira, é duvidoso que alguma Loja maçônica estivesse funcionando no Brasil naquela época. Os primeiros anos da década de 1790, como vimos, foram os tempos mais violentos da repressão que as autoridades portuguesas moveram contra a maçonaria. O biênio de 1792-93, aliás, anos em que o processo contra os inconfidentes foi concluído ( Tiradentes foi enforcado em 21 de abril de 1792), foi a época em que essa repressão atingiu o auge.
Não se levantou, até agora, nenhum registro de atividade maçônica nas Minas Gerais, na época da Inconfidência, ou anos anteriores, e mesmo em décadas posteriores a ela. E achamos mesmo difícil que isso tenha ocorrrido face á predominância da religião católica naquelas terras e o medo que a terrivel milícia criada pelo Conde de Assumar inspirava nos mineiros. Assim, pretender que alguns dos inconfidentes fosse maçons regulares é, no mínino, mais uma das românticas inspirações dos nossos imaginativos autores maçônicos.      

O Aleijadinho era maçom?

Essa pergunta é interessante e pode ser respondida de duas formas: sim e não.
Primeiro, como já foi informado no texto acima, não havia atividade maçônica regular em Minas na época em que ele viveu. Aleijadinho nasceu em 1730 e morreu em 1814. Profundamente católico e ligado à Igreja, dificilmente teria participado de um movimento tão mal visto pelas autoridades eclesiásticas. Certamente, se houvesse qualquer relação do grande artista barroco com algum movimento maçônico regular, ele jamais teria sido tão cortejado e requisitado pela comunidade eclesiástica de Minas para realizar os trabalhos que o tornaram famoso. Assim, podemos dizer com um certo nível de certeza que Antonio Francismo Lisboa, o Aleijadinho, não era maçom regular, ou seja, não foi membro iniciado de uma potência maçônica, tal como a conhecemos hoje. Aliás, nem ele, nem Tiradentes, nem qualquer outro inconfidente, tanto quanto sabemos.
Isso não impede, entretanto, que a Inconfidência Mineira não tenha sido realmente influenciada por ideais maçônicos. Afinal, se formos analisar as idéias maçônicas do século XVIII e do  início do século XIX, seria muito difícil negar que a maçonaria não seria apenas mais um desdobramento do Iluminismo do que uma manifestação cultural independente, que nasceu e se desenvolveu por si mesma.Maçonaria, como temos sustentado, é mais uma idéia, uma prática de vida, do que ums instituição, propriamente dita. Ela se fundamenta na idéia arquetípica de uma ordem social e política perfeita- um Eden social- e na prática da fraternidade e do livre pensamento como sustentáculo dessa idéia. Assim, maçom não é apenas aquele que se inicia numa Loja regular e aprende a compartilhar com os irmãos uma cultura simbólica comum. Maçom é todo aquele "pedreiro" moral que ajuda a construir o edifício da ordem social perfeita.

Só nesse sentido, aliás, podemos conceder à maçonaria antecedentes históricos tão antigos e filiações espirituais tão nobres quanto são pretendidas pelos nossos romanticos e imaginativos historiadores.
Sabemos, por exemplo, que a maçonaria, tal como a conhecemos hoje, não nasceu em 1717, com a fusão das Lojas Londrinas, como pretendem os defensores da origem britânica da Ordem. Nem que seu registro de nascimento seja o misterioso Colégio de Arquitetura florentino, fundado em Milão por Leonardo da Vinci e seus confrades arquitetos e artistas renascentistas, como pretendem os defensores da linhagem italiana da maçonaria. Registros da existência de Lojas que já praticavam ritos semelhantes aos que hoje se praticam na maçonaria moderna existem para atestar uma existência muito mais antiga do que essas.[3]
Assim, que o Aleijadinho possa ter sido maçom operativo, isso é bem provavél. Afinal, seu pai, Manuel Francisco Lisboa era, comprovadamente, mestre de obras. Vários registros documentados o dão como pedreiro, carpinteiro, arquiteto e entalhador.
Essa profissão ele a transmitiu ao seu filho ilegítimo Antonio Francisco, que ele teve com sua escrava Isabel. Afirma o principal biográfo do Aleijadinho que seu pai, Manuel Francisco, realizou muitas obras de verdadeiro arquiteto e ocupou, por muitos anos, o cargo de “Juiz” dos ´”Ofícios Mecânicos” de Vila Rica, alcançando relativa fortuna e projeção social.[4]  Era também membro leigo da Irmandade da Ordem de São José do Carmo, organização da qual, mais tarde, também o próprio Aleijadinho seria, primeiro professor, e depois Juiz.
Ora, o que era realmente esse Irmandade de São José do Carmo? Os registros históricos indicam que se tratava de uma Irmandade fundada sob os auspícios da Igreja, mas que tinha, nitidamente, o caráter de uma guilda, ou seja, uma espécie de Corporação de Oficio, que cuidava dos interesses dos praticantes dos ofícios ligados à construção civil, regulando as suas atividades e ensinando-as aos aprendizes que se dedicavam á essa atividade.
Por termo de posse lavrado em 9 de dezembro de 1787, o “pardo”  Antonio Francisco Lisboa, escultor e mestre de obras de cantaria, foi nomeado “Juíz” dessa Ordem de “irmãos” carpinteiros e construtores de Vila Rica. [5]  Segundo Afonso Arinos, existiam no Brasil colonial, nas principais cidades, muitas organizações desse tipo. Eram Ordens laico-religiosas, organizadas pela Igreja e administradas pelos profissionais que as compunham.
Poder-se-ia chamá-las de Lojas maçônicas operativas? Pelo que sabemos dessas antigas antecessoras das Lojas modernas, podemos, ao menos por analogia, dizer que sim. Nessas corporações há, inclusive, registros da participação de “irmãos” não pertencentes aos quadros dos profissionais da construção civil. Na própria Irmandade de São José, onde o Aleijadinho foi elevado a “Juíz” (Venerável Mestre?), há registros de vários militares e outros tipos de profissionais liberais, admitidos como “irmãos aceitos”. Indícios da prática de um ritual de iniciação também são observáveis nesses documentos que se referem às atividades dessas Irmandades.
O ingresso de Antonio Francisco como membro dessa Irmandade registra o dia 4 de agosto de 1772 como o da sua iniciação. Ele tinha um irmão padre, chamado Félix Antonio Lisboa, que também era membro dessa Organização.
Assim, à pergunta se Antonio Francisco Lisboa, conhecido como o Aleijadinho, teria sido maçom, a resposta pode ser: sim. Maçom operativo, maçom por ideal, maçom por virtude prática, certamente pode ter sido. Maçom regularmente iniciado, membro de potência reconhecida, com certeza não foi.
Mas para quem vive a verdadeira maçonaria isso muito pouco importa. A obra do Aleijadinho, principalmente aquela que ele realizou após o seu ingresso na Irmandade de São José, é fundamentalmente maçônica. É uma arte que, embora mostre feições característicamente católicas, pois o Aleijadinho nunca se afastou das suas raízes religiosas, entretanto, reflete perfeitamente a filosofia da Contra Reforma, pregada por Pio V no Concilio de Trento (1536). Nesse Concílio, o referido Papa pregou uma mudança na arte sacra até então então realizada pelos artistas católicos, sustentando que ela deveria conduzir o povo para Deus e não afastá-lo dele. Isso era o que os reformistas protestantes pregavam, dizendo que a teologia católica só prometia dor para o gênero humano e refletia essa ideologia de miséria na arte sacra, glorificando pessoas martirizadas, representando-as em pleno martírio e não na glória que a revelação religiosa concede aos seus iluminados. Destarte, fazia do próprio Cristo uma imagem de martírio e dor, sem oferecer em troca uma visão do seu triunfo final. E os protestantes iam conquistando adeptos justamente pela idéia que pregavam, da possibilidade de uma redenção, da conquista de um gozo futuro como prêmio pela dor presente.
Assim, o Aleijadinho procurou retratar essa idéia em suas obras.O homem, por maior que sejam seus sofrimentos em vida, se ele crê em Deus, triunfa. Essa foi a experiência vivida por Jesus, esse foi o seu exemplo. Daí os seus Cristos de madeira e pedra se apresentarem como imagens vivas da mutilação e da dor, mas em suas expressões se percebe a mais excelsa alegria. Nas feições dilaceradas a imagem do sofrimento, mas no brilho descomunal dos olhos, a transcendência da vitória conquistada pelo espírito.
Possívelmente, o Aleijadinho deve ter experimentado em sua própria vida um sentimento semelhante. Seus aleijões, sua doença degenerativa e deformante não o teria levado a se comparar a um Cristo vivo, vivendo uma experiência tranformante e tranformadora, que ele retratou em suas obras? Não seria uma experiência semlhante àquela que emula na prática maçônica? Não poucos biográfos seus sustentam que sim, que ele teria retratado nas feições sofridas de suas imagens o seu próprio rosto, contraído pela dor, e nos membros que muitos críticos reputam como deformados, os aleijões que a lepra tuberculóide  provocava nas suas mãos e pés.[6]         

A Obra maçônica do Aleijadinho

Já foi sugerido que os profetas esculpidos pelo Aleijadinho para o Santuário de Bom Jesus de Matozinhos, em Congonhas do Campo, são uma metáfora à Inconfidência Mineira, na qual cada um dos doze profetas representaria um dos Inconfidentes. Nesse sentido, Isaias representaria Domingos de Abreu Vieira, e os demais, na ordem, seriam Francisco de Paula Freire (Jeremias), José Alvares Maciel (Abdias), Domingos Vidal Barbosa(Habacuc), Tomás Antonio Gonzaga(Daniel), Tiradentes (Jonas), Alvarenga Peixoto (Oséias), Cláudio Manoel da Costa (Joel), Francisco Antonio Lopes( Naum), Luiz Vaz de Toledo Piza ( Ezequiel), Salvador Carvalho de Amaral Gurgel ( Baruc) e Amós seria o se próprio auto retrato.  Essas deduções foram extraídas das observações das frases latinas contidas nos pergaminhos que cada profeta ostenta em suas mãos. Essas inscrições, embora refletindo motivos bíblicos e baseadas em frases atribuídas a cada um dos oráculos, não reproduzem os ditos originais contidas nos livros dos respectivos profetas, mas foram claramente adaptadas para expressar uma idéia, que segundo a autora da tese, seriam alusivas a motivos referentes à Inconfidência Mineira e à vida particular de cada um dos conjurados. [7]

 A Loja do Aleijadinho?

             
Com um pouco de imaginação e informação sobre a vida do Aleijadinho se pode construir boas e interessantes especulações. Aliás, isso é próprio da obra de todo grande artista. Haja vista as especulações sobre a obra de Leonardo da Vinci, Dante Alighieri, Shakespeare e outros. O nosso fantástico Antonio Francisco Lisboa, entretanto, para o maçom especulativo, desperta ainda mais interesse quando se buscam nele os sinais, senão de que ele tenha sido realmente um irmão regular, que tenha sido pelo menos um maçom operativo, ligado por teoria e prática, à cultura da maçonaria. 
Nesse sentido, basta observar com atenção as suas obras para enxergar nelas os sinais da presença cultural da Arte Real. Nela encontraremos, por exemplo, a representação de abóbadas celestes num estilo bem maçônico, assim como colunas, romãs, garras, símbolos maçons como prumos, níveis, adros e outros artefatos presentes na iconografia maçônica. Isso mostra o quanto ele tinha conhecimento, senão da cultura simbólica da Arte Real, que pelo menos estava a par de segredos arcanos detidos somente por Mestres iniciados nesse mister.
Porém, o que mais chama a atenção nesse sentido é a disposição geográfica dos profetas no átrio do santuário de Congonhas do Campo. Com um pouquinho de imaginação poderemos encontrar nela uma certa semelhança entre a posição das estátuas com as posições ocupadas numa Loja maçônica pelos seus oficiais. Senão vejamos. Essa disposição pode ser detalhada do seguinte modo:

                                        ORIENTE     
Jonas                     Daniel               Oséias                Joel
(1º diácono)                  (orador)                   (porta bandeira)        (secretário)/

                                      OCIDENTE
Baruc                                                                        Ezequiel
(tesoureiro)                                                                                        (mestre cerimônias)

Amós                                                                          Naum
(1º Vigilante)                                                                                    ( 2º Vigilante)

Abdias                 Isaias          Jeremias           Habacuc
(2º diácono)      (cobridor interno) (cobridor externo)        ( harmonia)

A posição do Trono do Venerável Mestre corresponde ao próprio santuário, já que o Venerável é, no caso, o próprio Cristo.
Estas é a disposição em que os profetas foram esculpidos, todos eles com seus pés em posição de esquadro, como bem cabe a um maçom em Loja regular.
Eis aí colocadas algumas interessantes relações entre a realidade histórica e o mito Antonio Francisco Lisboa- conhecido pela alcunha de O Aleijadinho- , a maior expressão da arte barroca brasileira de todos os tempos. Outras já foram observadas por diversos autores e Irmãos em trabalhos de Loja, razão pela qual seria sediço reproduzi-las aqui.
O que fica é a pergunta: Era ele um Irmão da Arte Real? Com o que registramos acima só podemos concluir que sim. Era ele maçom? Não sabemos, pois não há qualquer registro histórico que o prove. Tudo está em distinguirmos aquilo que entendemos como sendo um Irmão da Arte Real e um maçom regular. Para nós o verdadeiro significado da maçonaria está no primeiro termo e não no segundo. Isso porque não vemos a maçonaria como uma instituição secular, mas sim como idéia que deve ser posta em prática. Nesse sentido, por tudo que esse magnífico artista foi, pelo que fez, pelo que idealizou e refletiu na sua obra, não temos nenhum constrangimento em considerá-lo um grande Irmão. E ao fazê-lo, sentimos um imenso orgulho nisso
.









 


[1]
[2] Cf. Felício dos Santos- Memórias do Distrito Diamantino.
[3]Cf. Jean Palou- Maçonaria Simbólica e Iniciática, Ed. Pensamento, 1986
[4] Rodrigo José Ferreira Bretas- Traços Biográficos do (...) Aleijadinho. Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, nº 15- Rio de Janeiro , 1951
[5] Idem, op citado.
[6] Hoje se sabe que a doença que o grande escultor mineiro contraiu era a porfíria cutânea tardia, uma espécie de hanseníase nervosa, que corrói pele e membros inferiores e superiores mas conserva intactos os órgãos internos, razão pela qual o Aleijadinho viveu até a avançada idade de 84 anos.   
[7] Essa tese foi proposta pela professora Isolde Hans Venturelli, publicada no calendário Phillips de 1982  e reproduzida pela Revista Veja. Nesse caso, o Profeta Amós, seria o próprio Aleijadinho, cujo discurso, como sabem os Irmãos, abre a Loja de Companheiro.
                                                                                                                                                                                                                                                        
João Anatalino