segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Te Contei, não ? - Brasil 1968, do tiro no calabouço ao AI-5

BRASIL 1968, DO TIRO NO CALABOUÇO AO AI-5


O ano de 1968 foi marcado pelas ebulições políticas e sociais que assolaram o mundo. A Guerra Fria instalada após a Segunda Guerra Mundial criou dogmas filosóficos, ideologias revolucionárias, e ditaduras que defenderam dois blocos políticos, o bloco americano e o bloco soviético. 1968 veio e contestou todas as ideologias e sistemas vigentes, atrás da contestação político-ideológica, os costumes sociais da sociedade ocidental vieram abaixo, trazendo novos comportamentos, inseridos na repressão dos governos ditatoriais tanto de direita, como de esquerda.
Se o mundo foi abalado, gerando os tumultos estudantis na Europa, que culminaram com as manifestações de maio em Paris, com a contestação do regime socialista na extinta Tchecoslováquia e a sua Primavera de Praga, no Brasil estas contestações não passaram despercebidas, sendo assimiladas de uma forma convulsiva que culminaria com o fechamento do Congresso Nacional em dezembro e o fio ínfimo de liberdade que ainda se podia respirar sendo finalmente estrangulado.
Liberdade comportamental não rimava com um governo ditatorial. Não se podia assumir a liberdade sexual, o consolo das drogas, a quebra dos tabus, sem que se fosse contra uma ditadura militar sustentada por uma sociedade hipócrita e conservadora. Se na França a luta era contra o sistema e as velhas tradições comportamentais sociais e religiosas, no Brasil a luta era também esta, acrescida da luta pelo fim da ditadura militar. Assim surgiram os movimentos de mudanças, de um lado os estudantes engajados em sua militância política querendo derrubar a ditadura, do outro lado os estudantes da contra-cultura, querendo derrubar os preconceitos e os preceitos comportamentais e sexuais. Se o primeiro grupo era considerado atuante e esclarecido, o segundo grupo era tido como alienado. Militantes e alienados fizeram o Brasil estremecer. Nos ventos dos festivais de música, nas cores da Tropicália, na pulsação dos congressos estudantis clandestinos, nas passeatas pelas avenidas das cidades, nas greves de trabalhadores, nos gritos da palavra de ordem, nas mortes e enterros, nas prisões de líderes ativistas, 1968 correu para o colapso final, a decretação do Ato Institucional número 5, o AI-5, levando embora qualquer gemido de liberdade.

Morte no Restaurante Calabouço
Quando a ditadura militar foi instaurada em 1964, a primeira atitude do novo regime foi dizimar os movimentos trabalhistas, as ligas camponesas, a intelectualidade de esquerda, os militares envolvidos com movimentos que feriam a hierarquia e os movimentos estudantis. Iniciou-se um processo de cassações, expurgos e prisões. Em 1968 só o movimento estudantil ainda afrontava a ditadura militar. A União Nacional dos Estudantes (UNE), cassada em seus direitos legais e com a sua sede depredada e incendiada tão logo os golpistas chegaram ao poder, reorganizou-se clandestinamente em 1966. O novo fôlego do movimento estudantil incomodava profundamente os militares. Os estudantes representavam a mais tenaz e perigosa resistência ao governo do então presidente Costa e Silva.
A longa saga convulsiva de manifestações de 1968, que terminaria com a tragédia do AI-5, começou em uma quinta-feira, no dia 28 de março. No centro do Rio de Janeiro funcionava o restaurante Calabouço, bastante freqüentado por servir comida de preço acessível aos estudantes menos abonados. É neste restaurante que se encontrava no início da noite daquela quinta-feira, o estudante secundarista Edson Luís de Lima e Souto, de 17 anos, quando foi apanhado no meio de uma tragédia histórica. Os estudantes decidiram fazer uma passeata relâmpago, protestando contra a péssima comida servida no restaurante e aumento do preço do bandejão, inserindo nos protestos as tradicionais palavras de ordem contra a ditadura. A manifestação foi interrompida pela chegada da Polícia Militar ao local. Chegaram truculentos, com cassetetes nas mãos, reprimindo violentamente os protestos estudantis, temendo que eles terminassem no apedrejamento da embaixada dos Estados Unidos.
A princípio, os estudantes dispersaram-se em dois grupos, novamente reunidos, atiraram pedras e paus sobre os policiais, que se viram obrigados a recuar, deixando a rua deserta por algum tempo. Quando voltaram, os policiais chegaram atirando sobre os estudantes. Um tiro vindo da arma do aspirante a PM Aloísio Raposo atingiu o coração de Edson Luís. O estudante foi levado para a Santa Casa da Misericórdia que ficava a uns quarteirões dali. Infelizmente já lá chegou sem vida. A polícia ainda tentou remover o corpo de Edson Luís para o Instituto Médico Legal, mas foram impedidos pelos estudantes. Tomando o corpo de Edson Luís, os manifestantes desfilaram com ele pelas ruas até a Assembléia Legislativa, onde seria velado. Estava iniciada a guerra dos estudantes e de vários setores da sociedade contra o regime militar.

A polícia ainda tentou fazer a opinião pública acreditar que Edson Luís era um perigoso militante comunista que conspirava contra o governo e contra a soberania do país, mas ficou provado que era apenas um estudante pobre, sem nenhuma militância política, que servia como copeiro para sobreviver e perdia a vida inocentemente, aos 17 anos. A morte de Edson Luís comoveu a cidade do Rio de Janeiro e todo o Brasil. Seu velório foi repleto de discursos feitos por estudantes, políticos e intelectuais.
No dia 29 de março, Edson Luís foi velado na Assembléia Legislativa, tendo o corpo coberto pela bandeira do Brasil. O caixão sairia da Assembléia às 16h15, sendo o cortejo acompanhado por 50 mil pessoas, só se comparando ao de Getúlio Vargas em 1954. Levou-se mais de duas horas para percorrer os 6 quilômetros que separavam o Cemitério São João Batista do local do velório. Frases de protesto podiam ser lidas durante o corteja, entre elas a emblemática “Os velhos no poder, os novos no caixão”. Sobre o caixão a bandeira do Brasil. Várias outras bandeiras tremulavam no meio da multidão. Já ia noite quando se prosseguia a caminho do cemitério e, por ordem do governo, nenhuma luz nas ruas foi acesa. Os carros que ali se encontravam acenderam os faróis, pessoas queimavam folhas de jornais, produzindo luzes efêmeras, moradores desciam dos prédios com lanternas e velas, seguindo o cortejo. Edson Luís foi enterrado à luz de velas e ao som do Hino Nacional. O protesto contra a sua morte ecoou por todo o Brasil, constrangendo profundamente o governo militar.

Acossados na Igreja da Missa em Homenagem a Edson Luís
Os ânimos exaltaram-se após o crime no restaurante Calabouço. Em São Paulo os estudantes da Politécnica e da Medicina da USP, os da Faculdade São Francisco e os da Pontifícia Universidade Católica , fizeram vários protestos contra a morte do estudante no Rio de Janeiro.
No dia 2 de abril foi rezada uma missa na igreja da Candelária em homenagem a Edson Luís. A cavalaria da Polícia Militar cercou a igreja, no final da missa atingiram dezenas de pessoas com golpes de sabre. Outra missa na Candelária em memória do estudante morto a realizar-se ainda naquela noite, foi proibida pelo governo militar. Mas o vigário-geral do Rio de Janeiro, dom Castro Pinto, desacatou a proibição e celebrou uma missa para 600 pessoas. Ao término da missa, diante do cerco da igreja pela polícia, os padres puseram-se em frente às pessoas, enfrentando três fileiras de policiais empunhados com sabres. Formando um cordão protetor, os clérigos deram-se as mãos, conduzindo as pessoas da igreja até a Avenida Rio Branco, garantindo que todas saíssem em segurança de dentro da igreja. Após a saída das 600 pessoas, a cavalaria repressiva sitiou-as pelas ruas da Candelária, ferindo várias delas.
O mês de abril seguia tenso, ainda no dia 5 o presidente Costa e Silva mandou que se apreendesse vários livros e jornais tidos como subversivos ao regime. Também proibiu as manifestações da Frente Ampla, movimento de oposição formada pelos ex-presidentes João Goulart e Juscelino Kubitschek e pelo maior conspirador do golpe de 1964, o ex-governador da Guanabara Carlos Lacerda, na época também cassado dos seus direitos políticos pelo regime ditatorial que ajudou a ascender ao poder.

Se o movimento estudantil tornara-se o inimigo maior da ditadura, gerando perseguições e prisões, outros setores da sociedade brasileira também sofreram arbitrariedades, perdendo lentamente os poucos direitos civis que ainda lhes restavam. Em 17 de abril foi feito um novo atentado aos direitos dos brasileiros, as capitais dos estados da união, juntamente com outras cidades, foram declaradas zonas de segurança nacional. Na prática, um decreto do governo pôs fim às eleições diretas para prefeitos de 68 cidades brasileiras. Com a perda da autonomia política, essas cidades teriam os seus prefeitos nomeados, não mais eleitos pelo povo.
Ainda naquele tumultuado mês de abril de 1968, um atentado a bomba destrói a entrada do jornal “O Estado de S.Paulo”. O clima estava apenas começando a esquentar pelo país. Dias de tempestades estavam por vir.

A Sexta-Feira Sangrenta
Em maio estouram as barricadas pelas ruas de Paris. Um movimento intenso que uniria estudantes e trabalhadores franceses em uma manifestação histórica que abalaria não só a França, mas o mundo, deixa os seus respingos no Brasil, que vivia à época, sufocado pelo autoritarismo de uma ditadura militar. Se os estudantes franceses saíam às ruas para lutar pelas utopias idealistas, por conceitos abstratos de uma ruptura social, no Brasil os estudantes tomavam as ruas em protesto a um inimigo real que era a ditadura dos militares.
Em junho o Rio de Janeiro assistiria às suas “barricadas”, tão dramáticas quanto às de Paris, levantadas no centro da cidade, entre a Avenida Rio Branco e as Ruas Graça Aranha e México. No dia 19 de junho a polícia encerrou uma assembléia estudantil que ocorria na Faculdade de Economia, os 400 estudantes dali retirados foram levados para o Campo do Botafogo. Ali sofreriam as mais torpes humilhações, soldados urinaram sobre os seus corpos, passaram cassetetes entre as pernas das mulheres. No dia 20 de junho a polícia invadiu a Universidade Federal do Rio de Janeiro. Usando da truculência habitual, puseram os estudantes deitados de bruços com a cara enfiada no gramado; outros tantos foram, com as mãos na nuca, encostados a um muro enquanto as mulheres eram forçadas a andar de quatro diante do escárnio da PM.
As turbulências dos dias 19 e 20 de junho geraram grande tensão entre os estudantes. No dia 21, sexta-feira, sob a liderança de Vladimir Palmeira, os estudantes marcharam para o ministério da Educação, onde deveriam ser recebidos pelo então ministro Tarso Dutra. Encontraram o pátio do ministério cercado, o que desencadeou os protestos, gerando uma verdadeira batalha. A principal luta estudantil era contra os acordos do MEC (Ministério da Educação e Cultura) e os técnicos da USAID (sigla da Agência dos Estados Unidos para o
Desenvolvimento Internacional), que previam a mudança no sistema de educação brasileiro sob a orientação dos americanos. As mudanças eliminariam as cadeiras de filosofia e canto orfeônico do colegial, cerceando assim, o pensamento e o desenvolvimento da sensibilidade crítica. Empunhando pedras e objetos de madeira, os estudantes atacaram a embaixada dos Estados Unidos. Isolados no último andar do prédio, os funcionários atiravam contra os estudantes. Diante da saraivada de tiros, os manifestantes fogem, mas são cercados por agentes da Polícia Federal, do DOPS e da Polícia Militar. Do alto um helicóptero despeja ácido sobre os manifestantes. Começava a barricada brasileira contra a ditadura, que entraria para a história como a “Sexta-Feira Sangrenta”.
Por volta das 13 horas o centro do Rio de Janeiro tornou-se um campo de batalha. Os três dias de tensão e repressão vividos pelos estudantes ajudaram a exaltar os ânimos. Bombas de gás lacrimogêneo explodiam sobre os estudantes e a população que, aquela altura, cansada da repressão dos militares, juntava-se naquele protesto sangrento. Pouco a pouco a cavalaria e o batalhão de choque ocupam a Avenida Rio Branco, indo de encontro aos manifestantes. Quem voltava do almoço ou saía do trabalho, aderia à luta contra a repressão. Do alto dos edifícios a população atira contra os soldados garrafas, cinzeiros, cubos de gelo, cadeiras, máquina de escrever, vasos, enfim, tudo se torna arma contra o batalhão de choque. Nas ruas, corpo a corpo, os manifestantes erguem barricadas com material de construção, onde tentam protegerem-se dos tiros, cassetetes e dos chutes. Munidos de pedras e paus, lutam por quase dez horas. Estudantes, bancários, funcionários públicos, comerciários, travam o maior combate de ruas contra a ditadura militar. Sob as chuvas dos objetos atirados dos edifícios, a polícia avançou, ultrapassando a primeira barricada, na retaguarda os agentes do DOPS atiram contra os manifestantes das ruas e contra os que atiravam objetos dos edifícios. Centenas de pessoas são feridas, quatro delas sucumbem mortas, entre elas um policial atingido por um tijolo. Mais de mil pessoas terminam presas. Era o balanço final da “Sexta-Feira Sangrenta”.
A Passeata dos 100 MilA violência da Sexta-Feira Sangrenta indignou aos cariocas, repercutindo um descontentamento por vários setores da sociedade. Escritores, jornalistas, artistas, professores, trabalhadores e estudantes tentam registrar esta indignação através de uma manifestação pacífica. Era preciso conter tanta revolta, tanta violência, reparar a dignidade dos ofendidos e aplacar a ira dos ofensores.
Vários intelectuais articularam algumas reuniões com o intuito da promoção de uma passeata que reunisse toda a sociedade carioca. O resultado das reuniões foi levado ao salão nobre do Palácio Guanabara, onde o escritor e psicanalista Hélio Pellegrino, à frente de 300 intelectuais, foram recebidos pelo governador Negrão de Lima. Pressionado por Hélio Pellegrino, o governador deu a autorização oficial para que se realizasse uma passeata pacifica no centro da cidade. Negrão de Lima concordou em não pôr policiais na rua, além de ser pressionado para libertar o arquiteto Bernardo Figueiredo e o diretor de teatro Flávio Rangel, presos por razões políticas. Faziam parte dos intelectuais liderados por Hélio Pellegrino: Oscar Niemeyer, Clarice Lispector, Ferreira Gullar, Nara Leão, Ziraldo, Milton Nascimento e muitos outros. Após uma longa negociação, o governador da Guanabara liberou a realização de uma passeata pacífica pelo centro da cidade do Rio de Janeiro.
Em 26 de Junho, menos de uma semana após as batalhas nas ruas do Rio de Janeiro, a Sexta-Feira Sangrenta, uma grande passeata desfilou pelo centro da cidade. Cerca de 100 mil pessoas caminharam sem incidentes, sem policiais repressores, movidos ao som do Hino da Independência que cantavam. 100 mil pessoas marchavam, entre elas intelectuais, artistas, sindicalistas, estudantes, políticos, religiosos, mães de estudantes. Era a volta do povo às manifestações de ruas, delas banido desde 2 de abril de 1964, quando políticos e mulheres de famílias de rosários nas mãos desfilaram para receber com aplausos os militares golpistas. O povo voltava às ruas desta vez não para homenagear os militares, mas para protestar contra as suas arbitrariedades, contra a truculência que conduziam o regime, contra a falta de liberdade e, principalmente, pelo fim da violência que usavam contra os seus filhos, ocasionando assassínios como o que se abatera em março sobre o estudante Edson Luís de Lima Souto. Se ainda havia um resquício de simpatia popular ao governo de Costa e Silva, este se perdeu definitivamente diante dos acontecimentos que se sucederam nos dias 19, 20 e 21 de junho.

A manifestação começou às 10 horas da manhã, estendendo-se até às 17h45. Na esquina da Avenida Rio Branco com a Assembléia, Luís Travassos, presidente da UNE clandestina, subia em uma banca de revistas e fazia um discurso. Por volta do meio dia chegou o estudante Vladimir Palmeira. Entre os artistas, Paulo Autran, Tonia Carrero, Marília Pêra, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Nara Leão, Milton Nascimento e muitos outros. A manifestação ficou conhecida como a “Passeata dos 100 Mil”, e foi o maior movimento de rua contra a ditadura militar até o movimento pelas Diretas Já, em 1984. Após a sua realização, foi criada uma comissão que levaria reivindicações ao governo. Nenhuma delas foi aceita. Para arrematar tão ousada passeata, o governo proibiu, a 17 de julho, todas as manifestações públicas.

Os Sindicatos Tomam as Fábricas
As manifestações de 1968 atingiram também os trabalhadores brasileiros. Já na segunda metade de abril, no dia 16, Ênio Seabra comandou uma greve de metalúrgicos em Contagem, Minas Gerais.1600 operários pararam. Mesmo sendo declarada ilegal pela Delegacia Regional do Trabalho, a greve encorpou e em poucos dias, atingiu o número de 6 mil grevistas. A adesão de mais dez empresas à greve fez o governo recuar, propondo um abono de 10% como reajuste. A greve só terminaria quando o abono tornou-se extensivo a todos os brasileiros.
No 1 º de maio daquele ano, cerca de 20 mil pessoas comparecem aos manifestos do dia do trabalho realizados em São Paulo, na Praça da Sé. Oportunistamente o então governador de São Paulo, Abreu Sodré, subiu ao palanque. O líder metalúrgico de Osasco, José Ibrahim, que seria o terceiro orador, recusa-se a subir no palanque ao lado do governador. Diante da recusa de Ibrahim de discursar quando chamado, trabalhadores e estudantes começaram a vaiar Abreu Sodré e as suas autoridades. Uma grande confusão foi formada, com manifestantes atirando pedras, uma delas atingiriam a testa do governador. Acossados pela multidão, Abreu Sodré e os seus homens fugiram para dentro da catedral, trancando-se lá. Os manifestantes queimaram o palanque e seguiram em passeata ruma a Praça da República. Na esquina das avenidas São João e Ipiranga, apedrejaram as vidraças do City Bank.
As manifestações do 1º de maio e a bem
sucedida greve dos trabalhadores de Contagem, fizeram com que os metalúrgicos de Osasco antecipassem a greve planejada para acontecer em novembro. No dia 16 de julho, os trabalhadores da Cobrasma, apoiados pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco, sob o comando de José Ibrahim, desarmam a guarda e tomam a fábrica, iniciando a greve. Logo a greve espalhou-se por outras fábricas, mobilizando cerca de 10 mil trabalhadores. Os ministérios do Trabalho e da Justiça interviram, enviando forças policiais que cercou as fábricas, prendendo e torturando muitos trabalhadores. O sindicato sofreu intervenção e os seus diretores foram cassados, muitos deles tiveram que recorrer ao exílio para fugir à prisão e às torturas.

Atores Espancados pelo CCC
1968 foi um ano de contestações ao sistema. A arte constituiu um dos veículos desta contestação, adquirindo uma riqueza profunda diante das manifestações de lutas que ansiavam por liberdade de expressão e pela necessidade de respirar esta liberdade cerceada pelo Estado de exceção democrática.
1968 foi o ano do auge da Tropicália e dos grandes festivais da canção. Diante de uma televisão ainda incipiente, que não tinha uma programação contínua para todo o país, foi através da música que a juventude adquiriu voz para protestar não só contra a ditadura militar, mas contra os costumes.
Mais próxima das manifestações sociais do Maio de 1968 em Paris, a Tropicália de Caetano Veloso, Gilberto Gil e Torquato Neto causava desconfiança entre a juventude engajada politicamente. Considerados alienados por Geraldo Vandré e algumas vezes por Edu Lobo, que participam ativamente de tendências políticas de esquerda, os tropicalistas incomodavam pela irreverência e pela quebra dos tabus. Assim, tanto os cantores declaradamente engajados, quanto os aliciadores da contracultura, eram vistos como inimigos do regime militar e dos costumes conservadores da classe média que o sustentava.
O ano foi dos tropicalistas no Festival da Record, com a vitória de Tom Zé com a música “São Paulo Meu Amor”. “Divino, Maravilhoso”, de Caetano Veloso e Gilberto Gil, interpretada por Gal Costa, ficaria em terceiro lugar. O Festival Internacional da Canção (FIC), apresentado pela TV Globo, causou grande polêmica quando da apresentação de Caetano Veloso defendendo a música “É Proibido Proibir”, título inspirado nas frases dos muros de Paris em maio. Diante de uma imensa vaia, o tropicalista vocifera contra a platéia, onde esquerda engajada e contracultura tornam-se inconciliáveis, fazendo um rompimento histórico naquele momento. Outra polêmica foi a vitória de “Sabiá”, de Tom Jobim e Chico Buarque, sobre “Para Não Dizer Que Não Falei das Flores”, de Geraldo Vandré. A platéia achou que Vandré tinha sido injustiçado. “Para Não Dizer Que Não Falei das Flores” tornou-se o hino contra a ditadura militar, dizem que ela foi uma das responsáveis pelo AI-5.
Apesar de ideologias antagônicas, Geraldo Vandré, Gilberto Gil e Caetano Veloso bateram de frente com a ditadura militar. Foram presos e exilados. Em 1968 o Brasil assistiu a ascensão e queda da Tropicália. Caetano Veloso e Gilberto Gil terminariam o ano na prisão, vítimas do AI-5.
O teatro também sofreu os reveses de um ano tumultuado. Em 18 de julho O Galpão, sala do Teatro Ruth Escobar, em São Paulo, que apresentava a peça “Roda Viva”, foi invadido e depredado pelo CCC (Comando de Caça aos Comunistas). O CCC nasceu nas salas do Mackenzie, tradicional universidade paulistana. Em nome dos bons costumes, perseguiram várias peças consideradas subversivas e agressivas à moral conservadora que hipocritamente defendiam. “Roda Viva” era uma peça de Chico Buarque e encenada por José Celso Martinez Corrêa. Durante a invasão, 20 homens armados com cassetetes e soco-inglês sobre as luvas, espancaram os atores, destruíram camarins, bancos, refletores, instrumentos e equipamentos elétricos. Marília Pêra, a protagonista da peça, foi agredida por cassetete no camarim, teve as roupas rasgadas, sendo arrastada para a rua. Também foram agredidos: o assistente de coreografia Jura Otero, os atores Rodrigo Santiago, Margot Baird, Eudóxia Acunã e Walkiria Mamberti.
Outros incidentes ocorreriam com “Roda Vida”. Em outubro, poucos dias antes da sua estréia em Porto Alegre, panfletos foram distribuídos pela cidade dizendo: “Hoje poupamos a integridade física dos atores e espectadores, amanhã não”. A cidade encheu-se de cartazes do CCC com ameaças aos atores, incitando-os a deixar a cidade. À noite, quando o elenco voltava da peça para o hotel onde estava hospedado, foi
atacado por 30 homens armados. A atriz Elizabeth Gasper e o violinista Zelão, seu marido, que faziam parte do elenco da peça, foram seqüestrados, humilhados e abandonados longe da cidade. Durante o seqüestro, foram pressionados a deixar a cidade em 16 horas.
No dia 8 de outubro Norma Bengell e Emílio di Biasi são atacados por policiais. O ator é derrubado no chão, enquanto a atriz é seqüestrada. Norma Bengell foi levada de São Paulo para o Rio de Janeiro. Foi interrogada por cinco horas, sendo acusada de colaborar com os comunistas e de levar panfletos para uma passeata estudantil. A atriz seria libertada ainda naquele dia.
Não só o teatro e a música foram destaques em 1968, em julho Martha Vasconcellos foi aclamada a mulher mais bonita do planeta, sendo eleita miss universo.
Ainda em 1968, o Brasil perdia Assis Chateaubriand, o criador da maior cadeia de imprensa do país, os Diários Associados; o ator e galã de telenovelas Amilton Fernandes, morto em um acidente de automóvel, que se consagrara vivendo o Albertinho Limonta da telenovela “O Direito de Nascer” e o poeta Manuel Bandeira.
Neste ano, a 26 de maio, foi realizado no Hospital das Clínicas, em São Paulo, o primeiro transplante de coração no Brasil, feito pelo doutor Euryclides de Jesus Zerbini.
Se o ano foi difícil para as artes, terminaria ainda pior, com a criação em 22 de novembro, do Conselho Superior de Censura. E para encerrar o ano, em dezembro o CCC atira uma bomba no Teatro Opinião e os tropicalistas Caetano Veloso e Gilberto Gil são presos.

A Batalha da Maria Antônia
A Universidade do Mackenzie, em São Paulo, sempre abrigou a elite conservadora paulistana em suas salas de aula. Enquanto a maioria do movimento estudantil era composta por militantes de esquerda com tendências claramente comunistas, os estudantes do Mackenzie declaravam-se direitistas e defensores do golpe militar de 1964. Na época do golpe, o CCC, composto por estudantes vindos daquela universidade, foram os que perseguiram tenazmente os líderes da UNE. No Rio de Janeiro, membros do CCC teriam incendiado a sede da UNE em 1964. Em 1968 os integrantes do CCC iniciaram uma verdadeira perseguição aos atores e representantes da cultura que parcamente, avaliavam como subversivos e ofensivos aos costumes e à moral vigente. Um dos atos mais radicais que membros do CCC praticaram foi o espancamento dos atores da peça “Roda Viva”.
Em 1968 o prédio da Universidade do Mackenzie era vizinho da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, que ficava na Rua Maria Antônia, no centro de São Paulo. Se o Mackenzie era reduto do CCC, da FAC (Frente Anticomunista) e do MAC (Movimento Anticomunista), e de outros estudantes de direita, a Filosofia da USP era reduto da esquerda, abrigando a sede da
clandestina União Estadual de Estudantes (UEE) e a proscrita UNE.
No dia 2 de outubro os estudantes da Filosofia promovem um pedágio na Rua Maria Antônia para angariar fundos para o Congresso da UNE, a realizar-se clandestinamente dentro de alguns dias. Ao assistirem o ato, os estudantes do Mackenzie, em tom provocatório, começou a atirar ovos nos colegas da Filosofia. Iniciou-se um tumulto e ofensas de ambas as partes, com grupos defrontando-se de forma ameaçadora. Para pôr fim ao tumulto, a reitora do Mackenzie Esther Figueiredo Ferraz, chama uma tropa de choque, alegando que pretendia proteger o prédio da universidade de uma possível depredação.
No dia seguinte, 3 de outubro, a animosidade entre os estudantes vizinhos continuou. Faixas da Filosofia foram arrancadas pelos estudantes do Mackenzie. Começam a explodir rojões, vidraças são quebradas. Uma batalha armada de pedras, paus e tijolos é iniciada, prosseguindo com bombas e tiros. Armados de metralhadoras, um esquema de guardas protege o Mackenzie. À frente dos estudantes da Filosofia estão o presidente e vice-presidente da UNE, Luís Travassos e Edson Soares respectivamente, e o presidente da UEE de São Paulo, José Dirceu.
No meio do tumulto, centenas de pessoas aglomeram-se na Rua Maria Antônia, um policial tenta conter a agitação, disparando tiros para o ar, enquanto que um aluno da Filosofia tenta tomar-lhe a arma. Trocas de coquetéis Molotov voam entre os estudantes rivais, incendiando as paredes da Filosofia. Um estudante do Mackenzie é ferido por um rojão, ele é socorrido por uma ambulância. Os confrontos tornam-se acirrados. Bombeiros são chamados para combater focos de incêndio. O estudante secundarista José Carlos Guimarães, que ao ir a uma livraria da região resolvera ajudar os estudantes da USP, é baleado na cabeça, segundo algumas testemunhas, pelo atirador Osni Ricardo, membro do CCC e informante da polícia. José Carlos é carregado pelos colegas, mas morre a caminho do hospital.
Após a morte de José Carlos, José Dirceu faz um discurso relâmpago, incitando os colegas a uma passeata de protesto pelas ruas de São Paulo. 800 pessoas saem em passeata. Pelo caminho incendeiam carros da polícia. São dispersos pelos soldados na Praça das Bandeiras.
Ao fim do confronto, que passou para a história como a “Batalha da Maria Antônia”, o saldo era desolador e trágico: um morto, três estudantes baleados e dezenas ficaram feridos. À noite o teto do prédio da Filosofia ruiu. A faculdade passaria a funcionar em barracões do campus. O incidente precipitou a transferência da faculdade para o atual campus Armando de Salles Oliveira, no Butantã. O prédio incendiado foi restaurado, nos tempos atuais abriga o Centro Universitário Maria Antônia, um espaço cultural.

O 30º Congresso da UNE em Ibiúna
Desde 1966 que a UNE desafiava o regime militar e fazia os seus congressos clandestinamente, elegendo a sua diretoria. O 30º Congresso da UNE estava marcado para acontecer no dia 12 de outubro. Um forte esquema de segurança foi acionado para que se realizasse sem a ameaça da intervenção da polícia e de possíveis prisões. Pontos estratégicos de encontro foram delineados em São Paulo, em que instruídos, obedeciam a algumas senhas para estabelecer o primeiro contacto. “Onde fica a Lapa?” era uma das senhas, a qual se respondia: “A Lapa fica na China”. Feito o contacto, as pessoas eram conduzidas para o interior paulista. Realizar-se-ia o congresso no sítio Murundu, próximo de Ibiúna. Assim, nos dias que precederam o sábado, 12 de outubro, estudantes e líderes estudantis de todo o Brasil chegavam ao sítio de Ibiúna.
Mas o congresso não chegou a realizar-se, Na manhã de sábado, por volta das 7 horas, três destacamentos da Força Pública, dois dirigidos pelo DOPS e outro pelo comandante do 7º Batalhão da Força, de Sorocaba, cercaram o sítio. Um estudante que estava de sentinela atirou para o ar, na tentativa de avisar os congressistas. Os soldados revidaram, atirando com metralhadoras para o ar. Minutos depois, 920 congressistas, sem oferecer resistência alguma, entregavam-se aos soldados. Entre eles: Vladimir Palmeira, presidente da UME (União Metropolitana de Estudantes) do Rio de Janeiro; Luís Travassos, presidente da UNE; José Dirceu, presidente da UEE; Antônio Guilherme Ribeiro Ribas, da União Paulista de Estudantes Secundaristas; e Jean-Marc Van der Weid, candidato à sucessão de presidente da UNE.
Mesmo diante de um esquema rígido de segurança, uma certa ingenuidade dos estudantes entregou-os às autoridades. Durante a semana, os poucos mais de 5 mil habitantes de Ibiúna estranharam alguns jovens cabeludos e jovens mulheres vestidas diferentemente dos moradores locais. Mais estranho ainda foi alguns deles encomendar a uma padaria 2 mil pãezinhos. Mas a maior falha aconteceu na quinta-feira, dia 10, quando o sitiante Miguel Góis foi ao sítio cobrar uma dívida do dono e foi impedido por dois estudantes armados de passar a cancela. Assustado com os estranhos,
o homem deu queixa ao delegado do lugar. Não foi difícil encontrar alguns panfletos pelas estradas locais e deduzir que o congresso clandestino estava a realizar-se nas mediações de Ibiúna. O delegado alertou o DOPS, e já na madrugada de sexta-feira, dia 11, todo o aparato policial que levaria às prisões estava concluído.
Naquele dia chuvoso, os estudantes presos caminharam alguns quilômetros até os caminhões que os conduziriam até o presídio Tiradentes. Durante todo o percurso, o comboio que transportava os prisioneiros foi apresentado com aparato à população. Era a maior vitória do governo militar, que aprisionando os líderes estudantis, cortava a garganta dos maiores opositores do regime. Com o fracasso do congresso de Ibiúna, a UNE perderia de vez a sua força. Muitos líderes estudantis recorreriam no ano seguinte não às passeatas regidas por pedras e paus, mas às armas, iniciando as guerrilhas urbanas que assolariam o país e fariam tremer os militares.

Assassínio do Capitão Chandler
O 12 de outubro de 1968 ficou marcado por dois acontecimentos antagônicos, mas que se encontram nos fios paralelos da história: a prisão dos estudantes do 30º congresso da UNE, em Ibiúna, e a morte do capitão estadunidense Charles Rodney Chandler. Este último acontecimento ficou conhecido como o “Caso Chandler”.
O capitão Chandler tinha em 1968, 30 anos. Estava oficialmente no Brasil como bolsista na escola de sociologia e política da Fundação Álvares Penteado, em um programa de intercâmbio entre as escolas militares brasileiras e americanas. Rumores de que Chandler, um veterano da Guerra do Vietnã, viera ao Brasil para colaborar e instruir os serviços policiais da ditadura, ficaram em evidência quando ele participou de uma palestra para militares e deu uma entrevista para o jornal “Folha de S. Paulo”, falando sobre a sua experiência no Vietnã. Chandler chamou a atenção da esquerda que, naquele momento, decidira pegar em armas e seguir a luta contra a ditadura através da guerrilha urbana. O capitão estadunidense passou a representar o grande inimigo da esquerda armada. Especialista em matar vietcongues e suspeito de pertencer à CIA, além de ser norte-americano, três fatores que decidiram o destino do capitão. Um tribunal revolucionário condenou Chandler a morte.
Na manhã de 12 de outubro, no momento em que a polícia prendia os congressistas da UNE em Ibiúna, o capitão Chandler era metralhado à porta da sua casa, na Rua Petrópolis, bairro do Sumaré, na capital paulista. A morte do ex-combatente do Vietnã resultou de uma ação conjunta do então “Grupo Marighela”, futura Aliança Libertadora Nacional (ALN) e da futura Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), comandada pelo ex-sargento Onofre Pinto. Diógenes José Carvalho de Oliveira disparou seis tiros a queima roupa e Marco Antonio Braz uma rajada de metralhadora.

Passada quatro décadas, não se ficou provado se Chandler morrera inocente, não passando de um simples estudante bolsista, ou se era colaborador do regime militar. Culpado ou inocente, a história vista aos olhos de hoje parece arbitrária, quando um tribunal revolucionário decide a execução de um homem. Arbitrária também era a ditadura, construída sobre os escombros da democracia que ela derrubara, impondo um regime de exceção. A morte de Chandler seria o marco do início da luta armada que a esquerda iria aderir. O fato aconteceu dois meses antes de decretado o Ato Institucional número 5, que consolidaria de vez a decisão da esquerda de pegar em armas e ir para as ruas lutar contra a ditadura.O Dia que a Ditadura Matou de Vez a Esperança da Democracia
A 3 de setembro, às vésperas das comemorações cívicas do dia da Independência, o jornalista e deputado do então MDB, Márcio Moreira Alves, faz um discurso histórico no Congresso, protestando contra a invasão da Universidade de Brasília, incitando o povo a não comemorar o Dia da Pátria. Enfático, pedia às jovens mulheres que não dançassem com os cadetes nos bailes oficiais da Independência. Corajosamente chamou os quartéis de “covis de tortura”. Os militares sentiram-se ofendidos com o discurso do deputado. Era o princípio de uma crise que terminaria com o fechamento do Congresso.
A ofensiva do regime militar já se fazia cada mais sentida. Medidas mais drásticas estavam sendo programadas. No dia 1 de novembro Elizabeth II, rainha do poderoso império britânico, chegaria ao Brasil para uma visita de onze dias. Era preciso esperar passar a visita de tão ilustre personalidade para que as medidas mais pesadas da ditadura fossem tomadas, aniquilando de vez com todas as oposições e contestações. Uma grande nuvem negra abatia-se sobre o céu do Brasil e da sua democracia já tão ultrajada e usurpada.
No dia 12 de dezembro o governo militar pediu licença à Câmara para processar o deputado Márcio Moreira Alves. Os deputados, por 216 a 141 votos, negaram autorização à solicitação do ministro da Justiça. Ao fim da votação, encerraram a sessão sob aplausos, vivas à democracia e a cantar o Hino Nacional. As nuvens negras finalmente desabaram sobre o Brasil, trazendo a tempestade dilacerante.
Em resposta à desobediência dos políticos, o governo militar decidiu mostrar a sua força. A 13 de dezembro o presidente Costa e Silva reuniu-se com o Conselho de Segurança Nacional, no Palácio das Laranjeiras, no Rio de Janeiro. Na reunião seria votado o quinto Ato Institucional. Dos 23 presentes, apenas o vice-presidente Pedro Aleixo, foi contra. Aleixo declararia que com a promulgação daquele Ato Institucional estariam “instituindo um processo equivalente a uma ditadura”, ao que o coronel Jarbas Passarinho responderia: “Às favas, senhor presidente, todos os escrúpulos de consciência”. Por unanimidade, o Conselho de Segurança Nacional aprovou o AI-5. Era a consolidação escancarada da ditadura militar no Brasil.O AI-5 anulava a Constituição de 1967, ao contrário dos atos anteriores, não tinha data para ser
revogado. Ao presidente era dado o poder de decretar recesso do Congresso Nacional, das Assembléias Legislativas e das Câmeras de Vereadores. Era-lhe permitido suspender direitos políticos de qualquer cidadão pelo prazo de dez anos, além de cassar mandatos eletivos federais, estaduais e municipais. Suspendia a garantia de Hábeas Corpus nos casos de crimes considerados políticos e contra a segurança nacional, constituída pelo regime ditatorial militar. O presidente já não precisava de ninguém para governar. Com o AI-5 fechou-se o Congresso e apagou-se qualquer luz sobre a democracia. O Brasil mergulharia na fase mais obscura da sua história. O ano de1968 era finalmente encerrado no país. Mais cedo do que no resto do mundo. Acabava-se qualquer esperança almejada pelas manifestações no dia 13 de dezembro.

Veja também:

1968, O ANO DE TODOS OS GRITOS
http://virtualiaomanifesto.blogspot.com/2008/05/1968-o-ano-de-todos-os-gritos.html
PARIS, MAIO DE 1968
http://virtualiaomanifesto.blogspot.com/2008/05/paris-maio-de-1968.html
PRAGA 1968, FLORESCIMENTO E MORTE DE UMA PRIMAVERA
http://virtualiaomanifesto.blogspot.com/2008/08/praga-1968-florescimento-e-morte-de-uma.html
GAL COSTA 1969, O ÁLBUM QUE FECHOU 1968
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