quarta-feira, 9 de julho de 2014

Carta a uma seleção derrotada

CARTA A UMA SELEÇÃO DERROTADA



"Meninos,

(sim, meninos, porque quando uma seleção é eliminada na Copa do Mundo, não há mais homens no gramado. Há meninos. Com olhos vazios, sem rumo e sem qualquer indício de vergonha ou de pudor.)

Escrevo só para agradecer.

Agradecer porque vocês nos fizeram sentir o que há muito tempo não sentíamos.
O nervosismo. A voz embargada. Tensão. Alegria. Nó na garganta. Dor de garganta. Explosão. Tristeza. Desilusão. Um turbilhão de sentimentos condensados em 4 semanas.
Agradeço porque vocês conseguiram mexer com muitas emoções que andavam paradas. Bandeiras na janela por amor a um país (e não apenas a uma seleção), acima de qualquer outra questão.
Porque vocês fizeram mais do que colocar corações para bater mais forte. Vocês colocaram corações absolutamente brasileiros para bater.
Agradeço porque a cada jogo que passava, me sentia mais parecida com os desconhecidos na rua. Mais próxima do meu país, da minha gente.
Agradeço porque o desfecho traumático não anula a alegria vivida.
E por saber que vocês vão ter que encarar aqueles brasileiros de momento, que até ontem tinham orgulho e hoje já acham que “isso é Brasil”.
Mas não se preocupem, para nós também é difícil suportá-los. Tamo junto.
E o fato é que a tristeza é geral: do campo, do banco de reservas, da arquibancada, do sofá da sala, do banco do bar, da sarjeta.
Mas, por favor, entendam, nós não estamos tristes com vocês, estamos tristes JUNTO com vocês.
E tanto é assim que posso garantir que milhares de brasileiros queriam poder dar em vocês hoje o abraço que o David Luiz deu no James depois da eliminação da Colômbia.
Obrigada, meninos.
Obrigada por me lembrarem que eu nunca quis ser europeia. Alemã, holandesa, francesa, belga… Nem que me dessem um belo par de olhos claros.
Que o que eu quero sempre é minha camisa amarela, minhas emoções escancaradas, quero o choro embriagado de hoje, esquizofrenicamente orgulhoso de ser quem somos até quando estamos apanhando como apanhamos.
Abracem seus pais. Seus filhos. Suas mulheres. Seus amigos.
Façam isso por nós, que queríamos abraçá-los talvez até mais do que iríamos querer se ganhássemos a Copa.
E continuem sendo assim, brasileiros, acima de tudo.
No cabelo enrolado, nas danças no vestiário, nos abraços verdadeiros, nos choros sofridos, na oração sincera e na certeza de que, bem ou mal, a gente segue em frente.
7 a 1? Dane-se.
Vocês me representam. E não é pela bola que jogam, é pelos caras que são.
 Valeu Brasil!!!
Vivemos a copa, não deu p ganhar! Agora nosso próximo passo eh viver as eleições! Uma coisa separada da outra, enfim, eh assim q eu penso!
Agora: ‪#‎foradilma‬"

Ruth Manus 

3 comentários:

  1. Belo comentário. Sei que é difícil uma derrota no gramado, mas a vida continua, e é com os erros que aprendemos. Como eu digo: atrás de uma dor existe uma alegria que não é muito percebida, como a lua durante o dia.

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  2. Nossa, um texto q fala com as emoções do povo, modificando os sentimentos d raiva, vergonha e outras coisas q sentimos apos essa traumatica goleada. Me fez realmente sentir orgulho do q sou. Agora só sentirei mais orgulho se o povo tirar Dilma e esse bando d corruptos do poder de nosso pais.
    #foracorrupção

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  3. gostei bastante do texto, mas acho que todo este patriotismo deveria estra mais concentrado fora do futebol, e como podemos ver neste dia 31/10/2014, ninguém liga mais para a copa e muito menos para os ´´coitadinhos´´ da seleção brasileira, a Dilma se reelegeu, e aposto que quem fez o texto votou nela (talvez porque não tivesse opção) caso ela não fosse de direita.
    Quando a copa estava acontecendo, era o foco de tudo, as pessoas viam a ´´beleza do Brasil``(cristo redentor) mostrada nos comercias de TV e esqueciam o que o Brasil é realmente.
    Vamos ver então este patriotismo fora dos gramados e da televisão mas sim na consciência dos brasileiros, nas urnas, na bandeira e no coração, pois pelo jeito que estamos, tenho é vergonha de ser brasileiro.

    André Cadinelli Ramos - 901

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