
Com um texto direto e simples, o livro traz exatamente o que promete seu título: informações sobre as músicas de Tom, que vão desde como elas foram compostas e suas musas inspiradoras, até curiosidades sobre a gravação. Tudo didaticamente organizado de forma cronológica, acompanhando a discografia do artista.
As musas e as músicas
Mais que trazer revelações, “História de canções” tem o mérito de organizar, separando pelas músicas o material que já existe em diversos livros publicados sobre o maestro:
— É muito difícil falar do Tom, porque 18 anos após sua morte, o que tinha que ser publicado sobre ele já foi — explica Wagner. — Fizemos muita pesquisa, entrevistas (com personagens como Ana Lontra Jobim, Carlos Lyra, Paulo Jobim, Pery Ribeiro, Roberto Menescal) e investigamos muito o acervo do Instituto Tom Jobim para acharmos histórias diferentes. Mas o grosso mesmo é de informação que já circulava em livros de Ruy Castro, Helena Jobim, Sérgio Cabral e outros.
Dos detalhes novos que descobriu, Wagner destaca curiosidades sobre o álbum “Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim”:
— Vimos documentos no acervo do Instituto Tom Jobim que mostram que Tom e representantes de Sinatra já negociavam um disco com os dois desde 1964 (o disco sairia em 1967). Então, a lendária ligação que Tom recebeu de Sinatra no Veloso, convidando-o para gravar, pode ter sido uma surpresa para todos, mas não para o maestro — brinca o autor.
O livro é o quarto da série “História de canções” — os outros três foram sobre Chico Buarque, Toquinho e Paulo César Pinheiro (escrito pelo próprio compositor). A ideia original era de um livro, o de Chico — Wagner é o responsável por organizar o site oficial do cantor, e o desdobramento daquele trabalho num livro foi natural. A ideia foi bem recebida e gerou filhos.
— As pessoas têm muito interesse em saber de onde veio aquela música que faz parte da vida delas. E o livro tem esse caráter de referência também. No caso de Tom, Luiz Roberto Oliveira, que é músico, pôs bastante material sobre os músicos que tocam nos discos, por exemplo (“Só tinha de ser com você”, conta o livro, foi a primeira música que Tom cantou publicamente e a primeira gravação de Dori Caymmi) — diz Wagner. — Às vezes as pessoas se decepcionam ao saber, por exemplo, que “Dindi” não é uma mulher, e sim uma estradinha, um caminho. Mas muito do interesse dos fãs vem de saber para que mulher foi feita aquela música.
O livro fala de musas de canções como “Lígia”, “Tereza da praia”, “Ângela” e “Luiza”. “Luiza” foi feita para a trilha da novela “Brilhante”, inspirada na atriz Vera Fischer e em seus cabelos louros — música gravada, Tom foi surpreendido ao vê-la aparecer na TV morena e com os cabelos encaracolados. Ana Lontra, que se tornaria mulher de Tom, é a inspiradora de “Ângela” — a troca do nome teve a ver com o fato de o maestro, na época em que compôs a música, ainda ser casado com Helena. “Lígia” viria de outra história de amor complicada:
— Lygia veio a ser namorada e mulher do escritor Fernando Sabino. Tom não sabia que eles namoravam e uma vez ligou para a casa dele pedindo o telefone dela. Sabino deu o número errado e ligou para esse número avisando que Tom ia ligar, pedindo que dessem um outro número. E foi ligando para os outros números. Daí talvez tenha vindo o verso: “E quando eu lhe telefonei/ Desliguei, foi engano" — lembra Wagner. — E “Tereza da praia” deixou irritada Thereza, que namorava Tom na época. Apesar de o nome da música ter sido escolhido pelo parceiro Billy Blanco sem pensar nela, Thereza não gostou da associação porque, em suas palavras, “a moça da música é um tanto volúvel”.
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