quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Te Contei, não ? - Vegetais dinossauros

1.jpgElas são raras, centenárias e algumas vezes até milenares. Com troncos gigantescos e formatos pouco comuns, despontam soberanas sobre as demais árvores de uma floresta. São sequoias como as desta página – que passaram dos 100 metros de altura – ou um cajueiro no Rio Grande do Norte que ocupa um quarteirão inteiro. Além de serem um exemplo da grandiosidade da natureza, as maiores e mais antigas árvores do planeta têm papel fundamental no ecossistema local. São responsáveis pela produção de grande parte dos frutos e absorção massiva de gases de efeito estufa. Servem também como abrigo para uma enorme quantidade de animais e espécies menores de plantas e chegam até a determinar a distribuição geográfica da floresta. Mas esse currículo de bons serviços prestados ao ambiente pode estar chegando ao fim.

O alerta foi feito por pesquisadores da Universidade James Cook, na Austrália. Em um artigo publicado na revista “Science”, os cientistas reuniram vários estudos que mostram que a morte desses exemplares é uma tendência mundial. Em áreas dos EUA, Espanha e Costa Rica, por exemplo, as árvores milenares podem desaparecer nos próximos 180 anos. Uma das ameaças gigantes são as secas. Por causa da altura, a água precisa percorrer às vezes mais de 50 metros até chegar às últimas folhas. “A mudança na direção e velocidade do vento também pode derrubá-las, já que têm a copa acima das outras árvores”, explicou à ISTOÉ Bill Laurance, pesquisador da James Cook e um dos autores do artigo.

Para piorar, ainda sabemos muito pouco a respeito dessas plantas. “Em um estudo com apenas 23 árvores da Amazônia brasileira, descobrimos espécies de 400 a 1.400 anos. Podem existir exemplares muito mais antigos no interior da mata”, diz Laurance. Outras árvores milenares podem inclusive já ter sido derrubadas. “Apesar de geralmente serem ocas por dentro, muitas ainda são alvo dos madeireiros”, alerta André Eduardo Biscaia de Lacerda, que realiza pesquisas na área de ecologia florestal na Embrapa.

Talvez a perda não fosse tão grande caso não estivéssemos também diminuindo a longevidade das árvores. Isso acontece justamente por causa da maior pressão que os ecossistemas estão sofrendo, o que faz com que as plantas jovens morram mais cedo. “Sem chance de se transformar em árvores frondosas”, completa Gustavo Schwartz, pesquisador da Embrapa em Belém e da Universidade de Wageningen, na Holanda. A lógica é simples: quanto mais desmatada a floresta, menor a chance de uma árvore sobreviver por séculos.

Há 65 bilhões de anos, os dinossauros foram extintos de modo quase instantâneo. O homem ainda não existia e, portanto, não teve nada a ver com isso. Mas pode ter um papel fundamental hoje e esticar a vida dessas árvores, que são os maiores e mais velhos seres vivos do nosso planeta.

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Revista Isto É

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