Com o golpe desferido contra o governo João Goulart na chamada “noite dos generais”, em 31 de março de 1964 — há exatos 49 anos —, o Brasil começou a viver décadas de chumbo. Goulart foi deposto, e as instituições democráticas mergulharam na escuridão. Jornalistas foram perseguidos, torturados e até assassinados. Foi o que aconteceu com Vladmir Herzog, em 1974, nas dependências do DOI-CODI, em São Paulo. No Rio, o estudante secundarista Edson Luís foi morto com um tiro no peito pela Polícia Militar em 28 de março de 1968, durante uma operação da repressão no Calabouço, restaurante dos estudantes que virou um dos focos de resistência contra o regime militar.
Da esq. para a dir, Alfredo Sirkis, Chico Mendes, Carlos Minc e o índio Macsuara durante passeata ecológica | Foto: Ivone Perez
“Respirando o ar da democracia”
Aos 16 anos, estudante secundarista, pegou em armas contra o golpe. Lembra-se das mortes e da tortura na ditadura, como a da presidente Dilma Rousseff, e diz não guardar rancor porque a luta não foi em vão: “Hoje estamos respirando o ar da liberdade e da democracia”.
Aos 16 anos, estudante secundarista, pegou em armas contra o golpe. Lembra-se das mortes e da tortura na ditadura, como a da presidente Dilma Rousseff, e diz não guardar rancor porque a luta não foi em vão: “Hoje estamos respirando o ar da liberdade e da democracia”.
Minc participou da marcha dos 100 mil e do enterro do estudante Edson Luís, morto pela PM. Ficou preso na Ilha Grande por um ano e, ao deixar o país, passou por Argélia e Portugal, onde fez mestrado. Os marcos da vitória, segundo ele, foram a anistia e a retomada da eleição direta.
CARLOS MINC, Secretário estadual do Ambiente, 61 anos
CARLOS MINC, Secretário estadual do Ambiente, 61 anos
Como cenas de um filme antigo
Tive a tríplice felicidade de sobreviver, não ter sido capturado, seviciado e não ter matado. A ventura de ser um guerrilheiro sortudo com um tardio sentido de realidade, que me permitiu escapar e deixou cicatrizes relativamente brandas”.
ALFREDO SIRKIS, Deputado federal, 62 anos
“Sequestro salvou 41 companheiros”
Aos 23 anos, Fernando Gabeira começou a trabalhar no ‘Jornal do Brasil’ e nunca desistiu de combater o golpe. Foi de uma dissidência do PCB e do MR-8. Após o AI-5, de 68, fundou o ‘Resistência’ numa casa em Santa Teresa, depois usada como cativeiro do embaixador americano que seu grupo sequestrou.
“Eu cedi apenas a casa para abrigar o embaixador”, lembra. Baleado e preso em São Paulo, foi levado para a Ilha Grande e libertado, com outros, em troca da soltura do embaixador alemão. “O sequestro do embaixador salvou 41 companheiros de serem mortos nos porões”, lembra. Gabeira viveu no exterior até a anistia.
FERNANDO GABEIRA, Jornalista, 72 anos
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