segunda-feira, 8 de abril de 2013

Te Contei, não ? - O que é um Griot ?

 
 
 
Chama-se griot (pronúncia: "griô") ou ainda jeli (ou djéli) um personagem importante na estrutura social da maioria dos países da África Ocidental, cuja função primordial é a de informar, educar e entreter. É uma figura semelhante ao repentista no Brasil, com a diferença de que constituem uma casta (costumam casar-se somente com outros griots ou griottes, seu equivalente feminino), assumindo uma posição social de destaque em seu meio, pois este é considerado mais que um simples artista. O griot é antes de tudo o guardião da tradição oral de seu povo, um especialista em genealogia e na história de seu povo.
Acredita-se que o termo griot tenha surgido da palavra "criado", em português, idioma que desde o século XV influenciou boa parte da região onde encontram-se tais cantadores. O
griotismo, ou seja, a atividade de griot está presente entre os povos mande, fula, hausa, songhai, wolof entre outros (tais povos estão espalhados entre vários países da África, desde a Mauritânia mais ao norte até a Guiné ou o Níger mais ao sul). Por isso mesmo, o griot tem como profissão coletar e memorizar versos de antigas canções e épicos orais que são transmitidos geração após geração, século após século, e deve fazê-lo sem cometer nenhum erro ao cantá-los. Deve ainda estar atento aos acontecimentos, funcionando como um jornalista.
Também podem usar seu conhecimento vocal para a sátira, fofoca, ou comentário político. Como exemplo mais famoso do repertório dos griots temos o
Épico de Sundiata, que narra a história de Sundiata Keita, o fundador do Império Mali por volta de 1230.

Os instrumentos utilizados por estes trovadores africanos para acompanhar seu canto são variados e vão desde a harpa africana, a "kora" ou o balafone (semelhante ao xilofone) até as diversas guitarras africanas, como o akonting (tido para muitos estudiosos como o ancestral do banjo moderno), o ngoni, bappe, diassaré, duru, gambaré, garaya, gumbale, gurumi, hoddu, keleli, koubour, molo, n'déré, taherdent, tidnit, xalam e guembri.

Além de todo o valor cultural que tais personagens possuem no contexto social africano, sua música é, de certo modo a base para boa parte da música negra que se desenvolveu na América do Norte, em especial o blues. Muitos músicos modernos de Mali, Guiné e Níger, influenciados pelas linhas musicais dos griot e ao mesmo tempo pelas novidades do estrangeiro, acabaram por adotar a guitarra elétrica, aproximando-se ainda mais do som do blues. Os primeiros artistas griots começaram a gravar no início dos anos 1950 do século XX, em discos 78 rpm, como a griotte Koni Coumaré, que acredita-se ser o primeiro artista malinês a gravar em disco.
 
 
 
Griots são protetores, uma tradição que começou no século XIII, no antigo Império de Mali.

São tão importantes que chegam a dizer que é como se um fato não pudesse acontecer se um Griot não estiver lá para testemunhar.

Eles armazenam séculos e mais séculos de segredos, crenças, costumes, lendas e lições de vida, recorrendo à memorização.

E assim o empregam, pois o poder da palavra garante e preserva ensinamentos, uma vez que possui energia vital com capacidade criadora e transformadora do mundo.
 
Numa cultura oral como a africana, o griot conserva a memória coletiva. Por isso, é costume dizer-se que «quando na África morre um ancião é uma biblioteca que desaparece». A figura do griot tem uma enorme importância na conservação da palavra, da narração, do mito. Na prática, eles funcionam como escritores sem papel nem pena. Ortografam na oralidade aquilo que deve permanecer embutido na memória e no coração dos seus familiares e conterrâneos, no sentido de manter incrustada a identidade do seu ser e das suas raízes, fundamentada, em grande parte, no seu passado e nos seus predecessores.

Os griots são os guardiães, intérpretes e cantores da História oral de muitos povos africanos. Na língua mandinga são conhecidos como jali e na África Central como mbomvet. Todos eles possuem uma função social bastante semelhante e de grande relevância.

Os griots cantam a história épica da África e os mitos dos diferentes povos, ou elogiam os méritos dos heróis e personagens do passado, geralmente acompanhados por instrumentos musicais, como a kora ou o xilofone.

No passado, os griots eram contratados por reis e príncipes para enaltecerem as suas qualidades com cânticos durante as cerimónias sociais da corte (num evidentíssimo atentado à humildade…!). Todavia, por vezes, também sabiam criticar os seus mecenas com fina ironia (que nem todos, certamente, compreenderiam…). Pelo papel social que desempenhavam na corte, os griots gozavam de grande prestígio entre a sociedade tradicional africana. Eram imensamente estimados pelas suas capacidades musicais e poéticas, recebendo boa retribuição pelo seu trabalho. Mas também eram temidos, porque se pensava que dominavam certos poderes ocultos (para alguns, a inteligência e a mordacidade ainda hoje são “ciências” desconhecidas, não só na África como em todos os recantos do mundo!). Por esse motivo, quando morriam, não eram sepultados, sendo o seu cadáver colocado dentro do tronco oco de uma árvore e coberto com ramos, para que os seus restos não contaminassem a terra com os poderes mágicos. (Será que a árvore não poderia, então, começar a falar ou a ter qualquer outro comportamento estranho e inesperado?...).

Massa Makan Diabaté, um dos griots mais importantes do nosso tempo, compara o griot à kora, instrumento de 21 cordas: as sete primeiras tocam o passado; outras sete o presente; e as últimas sete o futuro. Por isso, o griot é testemunha do passado, cantor do presente e mensageiro do futuro.

Um comentário:

  1. Muito bom saber oque e um griot eu ja estava curioso , muito bom esse post !

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