quinta-feira, 2 de abril de 2015

Te Contei, não ? - Os desencontros entre José de Alencar e Dom Pedro II



Muitos, da geração atual, não sabem que José de Alencar (Messejana) (1829-1877) morreu jovem, aos 48 anos, teve um grande desentendimento com o Imperador dom Pedro II.


Seu pai, José Martiniano de Alencar (Barbalha) (1794-1860), filho de Barbara de Alencar, era padre católico, mas casado com d, Ana Josefina de Alencar. Naquele tempo, muitos padres casavam, mesmo sem poder. Superadas as dificuldades políticas da Confederação do Equador (1817), em 1821, saiu da prisão para as Cortes de Lisboa, feito deputado. Após a independência voltou ao Ceará, envolveu-se em nova rebelião, foi preso, mas acabou nomeado governador do Ceará por 18 meses pelo Regente Feijó, seu amigo. Em 1832, foi eleito senador. Em 1837 estava no Rio, com o filho José de Alencar, defendendo a maioridade através do Clube da\ Maioridade, movimento para antecipar a posse de dom Pedro II, que instalou na sua casa.

José de Alencar começou seus estudos de Direito em São Paulo, nas arcadas do Largo de São Francisco, prosseguiu em Olinda e voltou a São Paulo para trabalhar como advogado.

Capistrano de Abreu (Maranguape) (1853-1927) proclamou, em 1880, três anos após a morte de José de Alencar, em 1877, que seu conterrâneo "é o primeiro vulto da literatura nacional", sendo também considerado "o patriarca da literatura brasileira".

Em 1856 publicou o primeiro romance, Cinco Minutos, seguido de A Viuvinha em 1857, O Guarani em (1857), Iracema (1865) e Ubirajara (1874). Estes romances foram publicados em folhetins em jornais e só depois em livros.

As desavenças pessoais de José de Alencar com dom Pedro II começaram em 1856, quando foi publicado no Rio de Janeiro o livro Confederação dos Tamoios, de Domingos Gonçalves de Magalhães, amigo do Imperador, que o editou. Com o pseudônimo de Ig, José de Alencar publicou artigo com duras críticas ao livro, escrevendo que o "indigenismo da Confederação poderia figurar em um romance árabe, chinês ou europeu".

Dom Pedro II não gostou e rebateu as críticas no Jornal do Comércio com o pseudônimo de Amigo do Poeta.

Em carta ao Conselheiro Saraiva, de 23.03.1860, dom Pedro II revelou que "fiz o plano de defesa do poema (...) eu não abandono posição de defensor e elogiador (...) não queria que Ig (se empavonasse mais descobrindo um único adversário (...) Quanto a ele (Ig), ou entra no grupo ou fica de fora...". O grupo era integrado por escritores indigenistas e nacionalistas.

Eleito, em 1861, deputado conservador pelo Ceará, José de Alencar casou em 1864 com Ana Cockrane,

Em 1868, como ministro da Justiça do Gabinete Conservador do Visconde de Itaboraí assinou a lei que proibia a venda de escravos sob pregão e sua exposição pública.

Dom Pedro II dele dizia: "é teimoso, este filho de padre".

Em 1869, eleito o mais votado com 1.185 votos na lista tríplice de candidatos ao Senado acabou preterido por dom Pedro II. Magoado, deixou o Ministério da Justiça e voltou à Câmara, ficando em oposição ao Imperador. Em 1870, no seu livro, "Historia de dom Pedro II, Heitor Lira revelou que dom Pedro II teria também dito sobre José de Alencar: "e um homem de valor porém muito mal educado". Há também a versão de que o Imperador teria afirmado que José de Alencar era muito jovem para ser senador. Certamente esquecera que o pai dele, o senador José Martiniano de Alencar, não só liderara o movimento da maioridade como forá o orador da sagração de dom Pedro II como Imperador do Brasil.

Em 1872, nasceu seu filho Mário de Alencar, o qual, segundo uma história nunca totalmente confirmada, seria na verdade filho de Machado de Assis...

José de Alencar deu o troco na Guerra dos Mascates (1874) em que dom Pedro II aparece como Sebastião de Castro Caldas, fustigando os pontos vulneráveis de sua personalidade, o caráter dúbio e perplexo, a voz estridente, as pernas finas, a habitual volubilidade, a frugalidade de suas refeições, os rabiscos nas fastidiosas reuniões do Gabinete e seu bordão "já sei, já sei". Alem disso, escreveu artigo duvidando das "qualidades intelectuais de dom Pedro II”, e na Câmara fez campanha contra as viagens do Imperador ao exterior, especialmente a de 1871, classificando-a de "inoportuna", pois temia que o Visconde do Rio Branco assumisse o governo e não a princesa Isabel.

A pendenga entre José de Alencar e dom Pedro II deve ter começado por causa de Maria Francisca Nogueira da Gama que se casou em 1862 com o Visconde de Penacoa. José de Alencar e dom Pedro II disputavam Maria Francisca que integrava o grupo de moças que na juventude do Imperador lhe serviam de par em saraus na Corte junto com Maria Nogueira, Maria Francisca Gonçalves Martins e Tereza Souza Franco. Ambos perderam a moça para o Visconde. Há registro da disputa.

Dom Pedro II foi um notável e discreto conquistador, a lista é puxada pela Condessa de Barral, justamente o oposto de seu pai, dom Pedro I.

(*)JB Serra e Gurgel (Acopiara), jornalista e escritor.  

7 comentários:

  1. O patriarca da literatura brasileira não se dava bem com o imperador do Brasil, primeiramente porque entrou no poder quando ainda era muito jovem e sem experiências e depois porque Alencar criticou uma obra (com seu pseudônimo) de Gonçalves Magalhães, amigo de dom Pedro II.
    Com o tempo a rivalidade que tinham aumentou, e José de Alencar virou deputado, foi chegando perto do imperador e conhecendo o governo, notando o “por trás das câmeras”, além da imagem que a sociedade tem, percebeu que existia muita corrupção.
    Assim como antigamente muitas pessoas da sociedade não percebem a corrupção ou não querem aceitar que ela existe. Percebeu que as pessoas que estavam mandando pensavam mais nelas mesmas, nas vantagens pessoais, no que receberiam e não ligavam para o que acontecia na sociedade. Vejo agora quando desde quando existia isso, e que nada mudou, se houve alguma mudança era para pior, Alencar queria a mudança e criticava do que via de errado nos seus livros, porém de um jeito irônico, usando animais, por exemplo, muitas de suas obras criticam o modo como dom Pedro governava assim como os seus seguidores. Mostrava como era a classe alta, de verdade.
    E o importante escritor queria mudar esse sistema, foi se ingressando na política e iria ser senador, era o mais votado, porém antes era passado a eleição pelo rei e não permitira que seu inimigo fosse senador, portanto deu a justificativa que o escritor era muito jovem para ter um cargo desse tamanho. Percebemos novamente que os políticos tanto hoje como antigamente não se importam se a pessoa que vai ajudar o governo ligue para a população e sim que seja de sua confiança e seu aliado, quando dom Pedro diz que Alencar era jovem ele vai contra si mesmo pois quando assumiu tinha 14 anos, e mais ou menos como as pessoas que querem que a ditadura volte, pois na ditadura ninguém pode ter opinião e estão tendo.
    Houve um livro no qual dom Pedro é criticado, a sua personalidade, o caráter, volubilidade, até suas pernas finas. Esse rivalidade era tanto pessoal quanto profissional, ambos se julgando, um em suas obras e outro no jornal, há alguns que dizem até que eram rivais no amor de uma moça, que os dois perderam.
    Por isso que o patriarca da literatura brasileira é chamado também de inimigo do rei.
    Julia Tavares 901

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  2. José de Alencar, que é considerado o patriarca da literatura brasileira, sempre foi alguém muito crítico sobre os costumes da sociedade da época, que, por sinal, não evolui muito. Isso pode se ver em seus livros, principalmente quando ele coloca como protagonista uma mulher.
    Alencar, sendo uma pessoa que dava suas opiniões com bastante ironia em seus livros, só poderia em algum momento acabar arrumando "desentendimentos" com alguém, e esse alquem acabou sendo Dom Pedro ll, o imperador. A medida que o patriarca da literatura foi adquirindo cargos importantes a inimizade com o imperador ia aumentando. Essa intriga até mesmo envolveu uma disputa por uma mulher, que os dois acabaram perdendo para o Visconde de Penacoa, o que não deve ter afetado Dom Pedro ll já que ele era um "discreto" conquistador.
    Assim, Alencar só poderia ter ficado na oposição ao governo na câmara e ,consequentemente, ficou contra quase todas as propostas do governo, ele até fez uma campanha contra as viagens do imperador para o exterior. Mas isso também vem do fato de que Alencar pensava que as propostas no congresso serviam apenas para o interesse de cada partido ou político, o que não é mentira.
    O escritor também criticava os valores da sociedade, o que fica muito explícito em livros como Senhora, onde ele mostra que na sociedade onde estamos, o dinheiro compra até mesmo o "armor" da pessoa. Critica também o modo como o Brasil foi colonizado ( ou explorado) no livro Iracema. Nos dois livros e também, na verdade, em todas suas obras, o escritor faz, por ironias, críticas sobre diversos temas, mas principalmente a questão do dinheiro (ricos e pobres). O que significa que ele escrevia para os burgueses, sobre os burgueses e falava mal deles, mas eram poucos que entendiam.
    Por todos esses motivos que Alencar não era dito alguém muito "amigo" de Dom Pedro ll.
    Aluno: Bruno de Lorenzo
    901

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  3. Desencontros entre José de Alencar e Dom Pedro II
    Com base no texto, podemos ver que o grande patriarca da literatura brasileira teve muitos desentendimentos com o então imperador brasileiro Dom Pedro II,tanto na parte política quanto na parte literária.
    Tudo começou quando Alencar criticou o imperador por ter sido colocado no poder muito cedo e ainda por cima criticou um grande escritor e amigo do rei, Gonçalves Dias,com seu pseudônimo Ig,e isso causou muito descontentamento ao grande monarca. Essas disputas se intensificaram quando Alencar virou deputado, ficando ainda mais perto de Pedro II e assim vendo como havia corrupção no governo imperial.
    Vemos que a corrupção no governo brasileiro não é de agora, já está na história do Brasil, e nesse contexto de corrupção, Alencar criava suas obras criticando esse sistema. O monarca achava que José era muito jovem e muito inexperiente para ter o cargo de deputado, então era contra o ingresso dele no governo. Algum tempo depois, Alencar veio a concorrer ao cargo de senador para ajudar a melhorar o sistema,mas por causa da rivalidade e por outras desculpas de Dom Pedro II,ele não pode ser eleito.
    A gota d’água das disputas entre os dois foi a critica de Alencar em um dos seus livros tendo como contexto um personagem com as mesmas características de Dom Pedro II, e o imperador não gostou nada do que viu na obra. Então podemos ver que a vida de José de Alencar, o grande patriarca da literatura brasileira, não foi muito boa para o lado político. A inimizade entre eles era tanta que seu outro apelido era “Inimigo do rei”, de tantas confusões e discussões que eles tiveram.
    Então se formos ver a vida de José de Alencar, não podemos deixar de focar nessa fase da vida política dele pois o patriarca da literatura brasileira,que criou varias obras maravilhosas, teve sua fase de “Inimigo do rei”, tendo suas disputas com o grande imperador brasileiro,Dom Pedro II, ficando “no pé” do monarca para ele mudar o sistema daquela época e que se desse certo poderia estar funcionando até hoje.
    Aluno: Guilherme Oliveira 901

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  4. Jose de Alencar teve pelo menos oito obras com sua literatura política em algumas delas teve um confronto com Dom Pedro II tanto as cartas de Erasmo quanto as novas cartas políticas de Erasmo discutiam como melhorar o sistema político brasileiro ao poder moderador representado por Dom Pedro II que para Alencar era responsável pelos problemas do Brasil.
    Essas duas series de cartas deram ao autor apoios e ataques de vários lados depois delas Alencar escreveu uma sátira cujo autor tinha o Pseudônimo de Asno que também teve grande repercussão Alencar entrou na política em 1861 como deputado do partido conservador se tornou um político independente debatendo tanto com liberais com seus colegas conservadores em 1868 se tornou ministro da justiça ficando lá um ano e meio mas em 1870 Dom Pedro II veta seu nome para o senado mesmo Alencar tendo o candidato mais votado numa lista de seis pessoas a gente percebe que os escritos contra o Imperador acabaram por prejudicá-lo na vida política.
    Achei interessante a descrição que Alencar faz sobre as reuniões políticas em sua casa quando ainda era menino já que seu pai também foi político para o menino Alencar a única coisa que aqueles homens queriam fazer mesmo na sua casa era comer chocolate e não discutir sobre o rumo do País.
    Isso o Jose de Alencar adulto narrou com uma fina ironia para comentar a política do Brasil sobre o comando de Dom Pedro II.
    Michel-901

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  5. Os desentendimentos entre José de Alencar e D.Pedro ll foram por motivos políticos e pessoais. Os motivos políticos são praticamente ideológicos, pois D.Pedro ll era colonizador e queria impor sua cultura e José de Alencar era nacionalista e defendia muito a cultura brasileira. Os motivos pessoais, além da personalidade forte de Alencar, que lutava por seus interesses, havia ainda a disputa por Maria Francisca Nogueira da Gama.
    Quando lançaram o livro Confederação de Tamoios, de Domingos Gonçalves de Magalhães, que era amigo do imperado, que começou os desentendimentos de José de Alencar com D.Pedro ll, pois, o livro recebera duras criticas negativas de um dos grandes escritores da época, José de Alencar. Também, quando fora eleito como ministro da Justiça do Gabinete Conservador e assinou a lei que proibia a venda de escravos bob pregão e sua exposição publica, que fez com que D. Pedro ll ficasse com mais raiva ainda dele, até se referia a Alencar como teimoso.
    Muitos dizem que essa disputa começou por causa de uma mulher, Maria Francisca Nogueira da Gama, ambos disputavam a moça, mas a pederam para o Visconde de Penacoa. D. Pedro ll sempre fio um homem conquistador, o que, talvez, de acordo com os relatos do texto, fizesse mais ainda com que José de Alencar quisesse mais ainda conquistar a mulher, o que fazia com que os dois tivessem mais desencontros.
    Enfim, os desentendimentos de José de Alencar e D.Pedro ll provavelmente começou pelo lado pessoal e romântico dos dois, e depois esse desentendimento foi se expandindo para o lado politico também. Portanto, de acordo com esses relatos históricos, José de Alencar era de fato o inimigo do rei.
    Leticia Salvini 901

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  6. Eles tinham esta rivalidade tão forte por diversas razões. José de Alencar desavergonhadamente criticou várias coisas associadas com D. Pedro II, e de seus amigos. D. Pedro II tinha muito orgulho para não fazer nada contra o autor das críticas, e dali começou um dos maiores vais e vens de comentários ruins do Brasil. Mas tudo mesmo iniciou com o mesmo amor: a Maria, de quando eram jovens.
    José de Alencar poderia ter sido um pouco muito cruel com suas críticas (especialmente no livro "Guerra dos Mascates") mas tinha que ser muito duro. Ele era o imperador, com poder sobre todos deles, e o único jeito de machucar ele realmente era fazer o povo inteiro ver do mesmo jeito dele, nem que precisara de algumas medidas extremas.
    Existe também uma outra teoria. Eles não eram muito diferentes um do outro, só eram muito iguais. Queriam as mesmas coisas, a mesma garota, o mesmo emprego… Dois homens inteligentes, estratégicos, e poderosos, um poderoso com dinheiro, riquezas, e pessoas confiáveis ao seu lado, e outro poderoso com suas palavras. E quando dois homens poderosos querem a mesma coisa, vão lutar por tudo que eles valem para conseguir isto, e assim que começou a grande guerra do Imperador e o Homem das Letras.

    Mariana Garcia
    801

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  7. José de Alencar pode ter sido o maior escritor do Brasil, ganhou até o título de “patriarca da literatura brasileira”, mas não significa que era adorado por todas as pessoas, e um exemplo disso é o rei de Portugal, Dom Pedro II.
    Morreu bem jovem, deixando para as pessoas inúmeras críticas em seus livros, e de seus pseudônimos. Isso acabou por criar inimigos, rivalidades com certas pessoas.
    Nunca houve um conflito direto, somente através das críticas e respostas. Tudo começou com um livro de Alencar, onde, usando o pseudônimo “Ig”, fez uma crítica que desagradou o Imperador. O que eu achei irônico, foi que ele rebateu isso com um nome falso “Amigo do Poeta”, o que é claro, ele não era.
    Em certos casos as críticas de Alencar eram sem sentido, que era para não abolir a escravidão, outras sobre o governo de Dom Pedro II, mas mesmo com o rei o rebatendo, ele saiu bem no final, deixando esse grande título para o país.

    Davi Amaral Pereira
    802

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