Compositor, arranjador e produtor viu a música que compôs em 88 com a ex-namorada, ‘Manuel’, ganhar as redes sociais nos últimos dias em posts de fãs e detratores do cantor
RICARDO SCHOTT
Rio - ‘Imagina se, num show, o Paul McCartney não canta ‘Yesterday’ ou o Lulu Santos não canta ‘Como Uma Onda’? ‘Manuel’ é o maior sucesso da vida do Ed Motta e ele renega a música!”, diz, entre risadas, o compositor, arranjador e produtor Fábio Fonseca, 53 anos. Morando há quase dez anos nos Estados Unidos, onde trabalha com desenvolvimento de teclados e mantém um trio com seu nome, ele viu a música que compôs em 1988 com a ex-namorada Marcia Serejo, ‘Manuel’, ganhar as redes sociais nos últimos dias em posts de fãs e detratores do cantor. Tudo por causa de uma postagem de Ed no Facebook, na qual o artista anunciava sua nova turnê europeia e, entre várias outras declarações polêmicas, deixava claro a seu público que a música não faria parte do repertório.
“Fico honrado em ser prestigiado pela comunidade brasileira, mas é importante frisar: não tem músicas em português no repertório, eu não falo em português no show... Preciso me comunicar de forma que todos compreendam, o inglês é a língua universal. Então pelo amor de Deus, não venha com um grupo de brasucas berrando ‘Manuel’ porque não tem (no show), e muito menos gritar ‘fala português Ed’”, escreveu. O cantor provocou mais polêmica ainda ao falar que seu público brasileiro na Europa é “mais informado”. Ao responder à mensagem de um fã, Ed ainda teria afirmado que passou um sufoco num show seu em Leeds, Inglaterra, porque a apresentação foi “divulgada erroneamente para pedreiro brasileiro”.
Polêmica instaurada, reação rápida: além dos mais de doze mil compartilhamentos do post de Ed, foi criado um evento falso no Facebook: “Evento para gritar ‘Manuel’ nos shows do Ed Motta”, com mais de sete mil adesões. “Sério que tem isso?”, indaga um lisonjeado Fabio, por telefone dos EUA. “Cara, por essa eu não esperava... Isso acabou resgatando a música, né? E o Ed tem mais é que cantá-la em todos os shows!”
Da mesma forma que Ed tem outros hits além de ‘Manuel’, Fábio está longe de ser autor de um sucesso só. No começo dos anos 80, já tocava com Claudio Zoli e Arnaldo Brandão no grupo Brylho (do hit ‘Noite do Prazer’). Em 1985, invadiu as rádios como cantor e guitarrista do grupo Cinema a Dois, do sucesso ‘Não me Iluda’. “A música me valeu até um elogio do Tim Maia (tio de Ed). Ele falou que o Roberto Carlos precisava se cuidar, porque nós íamos arrebentar. Eu era fã doente do Tim. ‘Manuel’ até veio da simplicidade do som dele”, lembra.
Em 1988, gravou LP solo homônimo (‘Você Crê No Presidente?’ tocou no rádio) e foi indicado por amigos para Ed. Aos 16 anos, o cantor morava com os pais na Tijuca e começava a fazer shows com o grupo Conexão Japeri. Fabio foi chamado para os teclados. O hit que Ed passou a renegar (nos anos 90, ele já era flagrado dizendo que cantava ‘Manuel’ porque precisava “pagar o condomínio do prédio”) foi composto na época, a partir de vocais e levadas de baixo.
“O Conexão Japeri tinha só seis músicas prontas, e mostrei as minhas. Eu e Marcia fizemos a melodia juntos, e escrevi a letra num carro, na Avenida Brasil. Mostrei para o Ed num ônibus durante uma turnê, e ele adorou. Nunca houve nenhuma obrigação de ele gravá-la”, conta. No fundo, ele explica, o rapaz que, diz a letra, “gostava de música americana e saía para dançar todo fim de semana” somos todos nós. “Ele acorda cedo para trabalhar, pega ônibus lotado, fica desanimado com o salário. As pessoas se identificam com a história. E o personagem ouve no rádio ‘calcinhas e sutiãs’ porque era a época em que ‘Kátia Flávia’ (do refrão “eu tô usando/um exocet/calcinha!”, do Fausto Fawcett, fazia sucesso.”
Apesar de Ed (que foi procurado pelo DIA por intermédio de sua gravadora, Lab344, e não quis falar) ter desmerecido a música, Fabio diz que eles nunca brigaram. “Só nos afastamos. O Ed quis buscar uma certa sofisticação, e eu não estava mais dentro disso”, conta Fábio, que, após o sucesso com ‘Manuel’, ganhou moral nas gravadoras: produziu Fernanda Abreu e Claudio Zoli, gravou um álbum repleto de convidados (‘Tradução Simultânea’, de 1992) e desenvolveu projetos como músico e produtor fora do Brasil.
“O irônico é que, depois que comecei a gravar nos EUA e Europa, o Ed ouviu o que eu tinha feito e me convidou para trabalhar de novo com ele. Os teclados de ‘Tem Espaço na Van’, hit de 2003, são meus. E, se ele quiser me chamar de novo, estou aqui”, relata Fábio, até hoje orgulhosíssimo de ‘Manuel’. “É pretensioso falar isso, eu sei, mas essa música é um clássico. E mudou minha vida.”
DESCULPAS NO FACEBOOK
Após um dia inteiro de polêmicas no Facebook, Ed Motta decidiu se retratar nas redes sociais na tarde de sexta-feira. Publicou um post afirmando que “todo mundo erra, e em diferentes escalas. A pessoa pública não é Deus, está no mundo para errar assim como todos”. Disse repudiar a forma que usou para escrever muitas coisas.
“Isso é fruto da minha cabeça lotada de revoltas, decepções na arte, paranoias etc., que me fazem me entupir de remédios para ansiedade, depressão. Não estou me vitimizando, estou me abrindo com vocês. Assim como não tenho medo de me expor escrevendo m..., não me amedronto por minhas fraquezas, que não são poucas. Depois que se erra, existe um preço a pagar e eu sou completamente ciente disso”. Terminou o post pedindo desculpas a “todos que se sentiram ofendidos com minhas frustrações”. “Escrevi de forma raivosa e equivocada sobre algo que realmente atrapalha meus shows no exterior quando se está no palco. a sensação é de desespero quando ocorre um equívoco."
Este artigo fala de uma polêmica causada por um comentário postado nas redes sociais de um cantor brasileiro chamado Ed Motta. Neste comentário, entre outras informações, Ed Motta informa que não pretendia cantar um dos seus maiores sucessos “Manuel” e também não falaria em português em seu show fora de nosso país. Foi um comentário bastante forte e com palavras consideradas por muitos agressivas, grosseiras. Penso que provavelmente o que causou tamanha polêmica não seja apenas o que foi dito e sim a forma como foi dito. O comentário permitia muitas interpretações e passa por muitas questões importantes. Como: postura profissional e gratidão. A idéia clara de não ter vontade de reconhecer a referência de sua própria lingua, seu próprio país, sua cultura. Segundo o mesmo artigo o autor da música, o compositor, arranjador e produtor Fábio Fonseca declara o oposto. Fala sobre o fato de considerar importante reconhecer o que lhe trouxe esta música, sucesso, proporcionou crescimento profissional, fianceiro etc. Lamenta o que aconteceu mas diz que tanta polêmica e a mesma música Manuel mais uma vez está sendo um benefício para ele, já que foram inúmeras visualizações, comentários e tudo mais. Então está sendo “lembrado e reconhecido”. Na minha opinião este artigo também permite prestar a atenção que devemos ter muita responsabilidade com nossos comentários, com o que falamos, escrevemos e em especial com o que é postado, já que os resultados são rápidos imediatos e não tem volta. Como no caso deste cantor que tentou se justificar, esclarecer, mas infelizmente ainda parece que na verdade ele não sente muito, mas sim que estaria preocupado com os resultados disto, dinheiro e com a sua carreira.
ResponderExcluirAluna: Rafaela M G Braz
Turma - 702
Data: 28/04/2015