Rio - Os brasileiros, nas últimas semanas, estão sendo informados sobre
esquema de espionagem praticada pelos serviços de inteligência norte-americanos,
conforme denúncia muito bem fundamentada do ex-agente da CIA Edward Snowden. A
mais recente notícia mostra que até a presidenta Dilma Rousseff foi
monitorada.
Sabemos, senhora presidenta, que o Brasil é hoje protagonista importante no
cenário internacional. Por isso mesmo, a senhora não acha que se trata de
arbitrariedade que fere os direitos humanos o fato de um país estrangeiro estar
espionando cidadãos brasileiros, inclusive a senhora, e mesmo empresas
instaladas no país?
O Brasil há pelo 28 anos deixou de ser uma ditadura cruel e sanguinária como
a que foi instalada em abril de 1964, com o apoio da inteligência
norte-americana. Nem é necessário desenvolver muito sobre o tema, porque a
senhora sofreu na pele durante pelo menos três anos pelo ‘crime’ de se opor ao
regime.
Pois bem, tendo em vista as recentes solertes intromissões norte-americanas
em assuntos internos do nosso país, já é hora, senhora presidenta, de o seu
governo adotar medida mais enfática. Não basta apenas convocar o embaixador
norte-americano Thomas Shannon, que nunca esclarece nada. A senhora tem marcado
um encontro com o presidente Barack Obama mês que vem nos EUA. Pelo que foi
divulgado, a senhora será recebida oficialmente como ‘visitante ilustre’.
Nesse sentido, sugerimos que siga o exemplo do próprio Obama, que, ao se
sentir contrariado com o asilo concedido a Snowden pelo governo russo, decidiu
cancelar o encontro que estava programado com o colega Vladimir Putin.
Os brasileiros, que a senhora representa como autoridade número 1 da
República, querem demonstração concreta de repúdio à espionagem. E o
cancelamento do encontro com Obama seria forma de dar o recado segundo a qual
não somos uma colônia, muito menos quintal dos EUA, como disse recentemente o
secretário de Estado, John Kerry.
Mário Augusto Jakobksind é Jornalista
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