É cada vez mais comum professores planejarem e produzirem
aulas em programas de computador, como Powerpoint e Prezi
O Dia
Rio - É cada vez mais
comum professores planejarem e produzirem aulas em programas de computador, como
Powerpoint e Prezi. Neles, educadores inserem vídeos, imagens, cores e textos.
Tudo junto e misturado, permitindo a apresentação dos
conteúdos de forma mais atrativa e, sim, interativa. As aulas viram grandes
exposições, cheias de recursos, atraindo a atenção dos estudantes, o que endossa
a afirmação de que forma também é conteúdo.
Eu mesmo faço uso destas tecnologias e reconheço o potencial. Mas
observo que os jovens assumem muitas vezes a postura de meros espectadores, como
se estivessem numa apresentação, e não de um momento de ensino e aprendizagem.
Constato que poucos são os estudantes que, nessas apresentações, abrem os
cadernos e anotam, fazendo conexões ou levantando hipóteses. O que curiosamente
acontece quando faço uso do velho quadro negro/branco, que não tem interface com
outras linguagens.
Neste cenário, tenho notado que os estudantes acompanham o
desenvolvimento do raciocínio da aula de maneira mais centrada, focada e, para
surpresa, mais interativa. Parece,
inclusive, algo mecânico: com a lousa, os alunos assimilam, sem nenhuma
orientação minha, que têm que anotar, acompanhar e refletir. Não de forma
imposta, mas fluida. Ao final de uma dessas aulas, um grupo disse que gostou
bastante da ‘metodologia’. “Por quê?”, perguntei. “Ficamos mais próximos, sem
muitos aparelhos, computadores. Foi uma conversa mais direta”, responderam.
Diante de tantas telas que encantam, entretém e distraem, os estudantes estão
sentindo falta de uma aula ‘de cara limpa’, sem muitos recursos, mas com
narrativa dialógica mais próxima, envolvente e sempre afetiva.
Professor e jornalista especializado em Educação e Mídia
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