Os tempos mudaram, e nossos alunos exigem a verdade
Rio - Lá pela década de 60, quando as provas de múltipla escolha invadiram de
vez os vestibulares brasileiros, muitos colégios e cursinhos orientavam os
alunos para ‘chutar’ aquelas questões a que, de fato, não sabiam responder.
Sendo a prova elaborada com perguntas contendo cinco opções de resposta, haveria
a possibilidade estatística de 20% a mais de acertos naqueles itens
específicos.
É verdade que muitas provas eram mal elaboradas e, àquela época, orientava-se
para que o ‘chute’ fosse dado na opção de volume maior de palavras.
Outros professores mais inteligentes procuravam aproveitar parte do
conhecimento do aluno para informar-lhe que determinadas questões poderiam ser
respondidas com rapidez quando o aluno percebia que a resposta não poderia
conter determinada expressão matemática, por exemplo.
No entanto, o chamado ‘chute inteligente’ dependia sempre de algum conhecimento, com base na premissa de que quem erra menos acerta mais.
No entanto, o chamado ‘chute inteligente’ dependia sempre de algum conhecimento, com base na premissa de que quem erra menos acerta mais.
Tentar, hoje, incentivar um aluno a assim agir, mesmo que seja por causa da
suposição de que as provas de um Enem são feitas dentro de alguma ideologia ou
que podemos detectar o que o autor da questão deseja como resposta é enganar um
aluno. Incentive-o a estudar bem e a fazer exercícios de fixação e tenha a
honradez de dizer-lhe que a Teoria da Resposta ao Item (TRI) detecta estes
‘chutes’ e diminui a quantidade de pontos de uma questão.
Esta teoria trabalha com três características numa pergunta: a
dificuldade/facilidade, o poder discriminativo e, finalmente, o mais complexo
dessa estatística, que é a análise da probabilidade conforme o perfil de cada
aluno. Vale dizer: se um estudante, em seu perfil, não foi capaz de responder a
questões mais fáceis, como poderia ter acertado outras de nível de dificuldade
maior?
Convenhamos, os tempos mudaram, e nossos alunos exigem a verdade. Esta é
clara: estudo contínuo, em pouca quantidade, porém todo dia, complementados por
exercícios. É imperdoável a pedagogia da ‘enganação’!
Hamilton Werneck - Pedagogo e escritor
muito legal este texto, e sabia que existem até aulas em vídeos no youtube por exemplo ensinado a ''chutar''
ResponderExcluirAndré Cadinelli Ramos
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