terça-feira, 21 de abril de 2015

Crônicas do Dia - Dilma, você votaria em você ? - Walcyr Carrasco

A presidente Dilma Rousseff lutou contra o governo militar. Tem orgulho disso, porque é um tema que gosta de frisar. Foi presa e cumpriu uma longa pena. Conheci três mulheres que cumpriram pena com Dilma – no mesmo período, cadeia, e por acusações semelhantes. Há muito não temos contato. Mas duas delas foram amigas próximas, na juventude e na maturidade. Com Márcia, a mais próxima, montei um grupo de teatro popular que se apresentava na periferia de São Paulo. Nunca participei da esquerda radical, como Dilma. Boa parte de meus amigos, porém, foi presa e torturada. Outros desapareceram nas mãos dos militares. Quando descobriram o cemitério secreto de Perus, onde vários corpos foram encontrados, lembrei-me de um amigo desaparecido há décadas. Estaria lá? Ainda continuamos sem saber o que realmente houve com ele. Até hoje, muitos corpos da Guerrilha do Araguaia permanecem sem identificação. Mães ainda choram os filhos desaparecidos. Ao menos, queriam saber seus destinos.


Não fui um radical de esquerda, só estive próximo. Entre meus amigos está Flávio Tavares, este sim, um dos mentores dos primeiros movimentos guerrilheiros e jornalista preso não só no Brasil, como, mais tarde, no Uruguai, por militares. Moramos juntos no México e nossa amizade será para sempre. Também tive a honra de conhecer de perto, ser vizinho e filar almoços e jantares na casa de Francisco Julião, já falecido, líder do movimento camponês. Acompanhei o modo de ser de minha geração, onde, quem não era de direita, pró-militares, inevitavelmente tornava-se esquerda. Compareci à missa da morte de Vladimir Herzog, aos primeiros discursos de Lula no ABC, às movimentações populares que levaram ao Diretas Já. No dia da eleição de Collor, o presidente  “colorido”, me vesti de preto. O motorista de um carro me agrediu. Collor ganhou e deu no que deu. Mas foi parte de um processo político, que amadureceu a democracia.

Acompanhei a vida de uma geração que se voltou para a política. Contribuiu para a queda do governo militar e mudou o Brasil. Nunca um país será melhor com uma ditadura do que com a democracia. Pior se os jornais não puderem noticiar escândalos, corrupções. Era muito pior quando a sanha de perseguição dos militares obrigou até mesmo Dias Gomes a escrever uma novela com o pseudônimo de Stella Calderón – caso contrário não iria ao ar.

A presidente fez parte dessa geração de militantes. Deixou a cadeia, entrou para o PDT e mantém o discurso de distribuição de renda. Mas, na campanha eleitoral, prometeu uma coisa e depois fez outra. Aliás, corretamente, porque o ajuste fiscal é necessário. Só que ela sabia disso, não? Conheci gente que me garantiu:

– Se o Aécio ganhar, acaba o Bolsa Família.

Invenção de campanha, que ninguém sabe de onde saiu. Mas sabemos. Também se disse que a eleição era uma batalha entre elites e pobres deste país. Mentira. Explodem escândalos. Um, que não deve ser minimizado, é o dos médicos cubanos. Seu salário é pago diretamente ao governo cubano, que repassa muito menos. Dilma disse que se tratava de uma “bolsa”, quando chegaram. Mas se fosse uma “bolsa” seriam estudantes. Os brasileiros são o que, suas cobaias? São médicos, sim. Agora o governo cubano ordena a repatriação de seus familiares, para não se fixarem no país. Como alguém vive no Brasil às margens das leis trabalhistas e submete-se, a si mesmo e à família, diretamente ao governo cubano?

A trajetória de alguém como Dilma teria sido mais lógica se ela se tornasse oposição. Cobrasse promessas de campanha. Talvez entrasse até para o PSOL, mais radical. Na primeira campanha, ela falou até em descriminalização do aborto. Mais tarde, calou-se a respeito. É um tema controverso, concordo. Mas Dilma, pessoalmente, pensa o quê? No primeiro mandato, proibiu a distribuição de um kit gay nas escolas, para não desagradar aos evangélicos. Respeito os evangélicos, todo mundo tem direito a ter sua crença e seus valores. Mas quais são os da presidente? Faz tudo tão diferente do que acredita ou acreditou. Hoje, com mais de 60% de imagem negativa, ela se mantém isolada, fazendo acordos, distribuindo cargos, silenciando sobre a corrupção, com um PT acusando a elite, que só protegeria seus próprios interesses. Diga lá: 60% no país é elite?

Eu penso: Dilma, esse é o futuro lógico de alguém com seu passado? Falando francamente: Dilma, você votaria em você? 

6 comentários:

  1. Realmente para alguém com o passado da Dilma, que sofreu na ditadura realmente e um chuta nas costas de qualquer pessoa suas novas atitudes.
    A Dilma fez parte da oposição da ditadura, coisa que apenas pessoas “doidas” daquela época faziam parte. Agora nos dias de hoje, com essa corrupção brasileira e algo que as pessoas que estiveram com ela pensem, “Quem é essa pessoa?”.
    Mas outra coisa que penso é que a Dilma é apenas a “cereja do bolo”. Pois sabemos que teve corrupção no passado, mas como provar?
    A primeira parte do “bolo” que é a maior seria a Ditadura. Sabemos que teve sim corrupção, mas não sabemos quem e quando. Segunda parte do “bolo” impeachment de Fernando Collor, apesar de ter sofrido o impeachment, hoje ele está no Senado e quem o elegeu? Nós brasileiros. Ai falam “O PT é ladrão” mas para pararmos de vez a corrupção teremos que dar uma limpa no governo. Terceira parte do “bolo”, Governo Lula, criação do Bolsa Família, pois a maioria da população brasileira são as pessoas de baixa renda, e com isso eles conseguiram ficar de 2003 até hoje no poder. Agora a parte que todos gostamos de “falar” a “cereja”, Dilma, no governo dela aconteceu o grande escândalo da Petrobras evolvendo Petistas, que com certeza foi seu maior desafio, e ainda por cima sem dar explicações aos brasileiros.
    Ai penso, a presidente faz tudo diferente do que acredita ou acreditou, quais são suas crenças e seus valores? É uma pergunta que ninguém tem resposta, nem mesmo a própria.

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  2. O texto fala da tragetória da mulher, que hoje é presidente da nação brasileira, Dilma, sobre seu sofrimento durante a ditadura militar e a sua luta contra esse governo resistente, sobre sua longa pena na cadeia, sua fase de superação e o que ela conseguiu com sua força de vontade.
    Ao mesmo tempo critica sobre a tragetória política brasileira, sobre o governo Collor, a currupção e etc.
    Logo no meio da "crônica" é comparado o quanto Dilma batalhou pelo povo brasileiro no passado e o quanto ela batalha pelo mesmo atualmente. Foi dito que atualmente, a presidente se cala a assuntos sobre o que acontece de errado no Congresso, como a currupção, a intervenção de Cuba (o que é uma polêmica nos dias de hoje), a queda do Real e as absurdas ameaças de fim do bolsa família caso vença o partido oponente.
    Eu, sinceramente, detesto me intrometer em assuntos políticos. Acho uma perda de tempo discutir sobre como está indo o Congresso ou sobre os problemas que tal governo pode acarretar. Quero dizer, as pessoas falam, falam e falam sobreo que acham do assunto como se elas soubessem de tudo que acontesse na cúpula do Estado. Mas elas não sabem! Por acaso elas estão no Congresso para saber o que acontece? Não, elas não estão!
    Uma coisa é reclamar os direitos da população caso o Governo não os respeite, o que acho certíssimo. Agora muitas pessoas dissertam sobre o assunto como se soubessem de tudo. Mas, elas só conseguem obter tais informações através de revistas Veja, na Internet e em noticiários. Mal sabe a população que essas fontes são tão confiáveis quanto um blog feito for um pinguim de cinco anos de vida que relata sobre a década de 1980 no Japão. A verdade é que estamos sendo manipulados.
    Mais uma coisa. O assunto nunca foi tão debatido como é nos dias de hoje. Eu, por exemplo, quando era mais novo, adorava escutar a conversa dos meus pais. E eles nunca tocavam em assuntos políticos a não ser que tivesse alguma coisa a ver com o trabalho deles. Agora, a única coisa que eles conversam é sobre a queda do Real, a cobrança de impostos e outros tópicos originados de um só. E percebi que isso passou a ser discutido dessa maneira desde 2011, o ano em que Dilma assumiu o poder. Me pareceu que, o que realmente revoltou a população foi o fato da presidente ser mulher, como se isso afetasse na competência dela.
    Portanto, minha opinião sobre a postagem é que foi desnecessária e que o fato de Walcyr Carrasco relatar pessoas que ele conheceu que Dilma supostamente conheceu ou qualquer coisa do tipo não vai me fazer pensar que a postagem seja diferente de qualquer rumor que a revista Veja, a Internet ou o que os noticiários divulgam.

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  3. Penso que política é um tema difícil para compreender. São muitas informações e em nosso país é muito desacreditado. A corrupção, a impunidade, o tratamento diferenciado e injusto para os políticos em relação a população faz as pessoas se sentirem revoltadas e se afastam do assunto. Muitos vivem reclamando mas não tem nem vontade de entender, de pesquisar, muitos não conseguem realmente e isto podemos compreender, o resultado é pior para nós. Neste artigo o ponto principal é um questionamento em relação a nossa Presidenta da República, Dilma. O autor comenta sobre o ponto de vista dele em relação a história da vida dela. Traz informações importantes como o período da ditadura Militar e destaca que nada poderia ser pior. Mas também diz que percebe que ela mantém um discurso desta época de distribuição de rendas, e outros pontos. Porém, também afirma que ela, segundo a opinião dele, e estes fatos que escreveu que ela faz tudo diferente do que acreditou e ainda diz acreditar. Como ela ter usado em sua campanha, incentivado a idéia de que uma elite, os ricos disputariam com os pobres direitos e não a vontade de uma melhor qualidade de vida para todos nós. Na minha opinião o pior em tudo isto é que com tantos recursos, informações, internet, tv, etc a maior parte de nós ainda não sabe em quem confiar, nos enganamos e ficamos confusos. Não é fácil aprender a votar. Também gostaria de saber Será que ela votaria nela?


    Aluna: Isabela M G Braz
    Turma - 702
    Data: 29/04/2015

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  4. Acho que nesse caso nem a própria Dilma votaria nela mesma, o governo dela tem sido que constantemente questionado e até reprovado. O passado de Dilma não foi nem um pouco de uma mulher “justa”, foi um passado no entanto sujo.
    Dilma é uma mulher que luta contra o militarismo e se considera uma melhoria para o Brasil , depois de tudo o que fez você votaria em se mesma? Acho que não .
    Na minha opinião Dilma você devia ler o texto acima e talvez você pudesse pensar nisso e raciocinar que o que você está fazendo é errado é precisa mudar .
    “seu passado te condena “.

    Juliana Camargo-701

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  5. Eu achei a matéria ‘’Dilma você votaria em você?’’ muito interessante, porque depois de tudo que essa mulher já fez para o Brasil é muita falta de consciência uma pessoa ainda votar nessa candidata.
    Na minha opinião a Dilma votaria em si mesma porque para ela tudo está correndo muito bem, mas se ela não fosse a presidente e tivesse uma mulher estragando o Brasil do jeito que está acontecendo, pensaria duas vezes antes de votar .
    A Dilma lutou contra o governo militar, mas ela só lutou para que no futuro ela começasse o dela. Ela teve muitas oportunidades para melhorar o nosso país, porem ao invés disso ela deixou a situação do Brasil muito pior. Quando ela foi reeleita prometeu fazer muitas coisas e até agora não a vi cumprir nenhuma das promessas feitas. Hoje vivemos um momento de crise que não víamos há muito tempo. Muitos aumentos, desempregos e decepção. O povo insatisfeito está indo para as ruas protestar, buscando um país melhor.
    Então Dilma você votaria em você?

    Pedro Peres Barros 702

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  6. O texto relata um passado da presidente no qual ela tem orgulho e que muitos parentes de pessoas que passaram pela mesma situação dela também tem orgulho , algumas tiveram forças para continuar a luta após a democracia , outros não , sendo assim eu penso que ela votaria nela.
    Pois apesar das críticas ela tem um passado de luta pela liberdade.


    Jullya M. de Almeida Coutinho

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