quinta-feira, 2 de abril de 2015

Te Contei, não ? - Desintoxicação digital

RIO - Eles estão nos bolsos e mãos de 1,75 bilhão de pessoas em todo o mundo, o dia inteiro. Mas talvez seja importante guardar os celulares na gaveta com mais frequênica. Segundo o estudo AdReaction 2014, da consultoria Millward Brown, o brasileiro gasta em média 149 minutos no smartphone, e outros 66 minutos no tablet. Pode parecer pouco, mas representa quase 15% das 24 horas de um dia, sem contar o tempo em frente ao computador. Há benefícios da tecnologia, no trabalho e para o entretenimento, mas o abuso pode causar prejuízos. Diante disso, aos poucos, surgem defensores da desconexão.



Em 2001, o carioca Luis Camillo Almeida, professor da Escola de Comunicação da Indiana University of Pennsylvania, nos EUA, literalmente perdeu o chão: esgotado pelo hábito de só desligar o computador ao último grau de exaustão, foi diagnosticado com uma espécie de labirintite causada por estresse que o fez andar de bengala por oito meses e arruinou parte de sua capacidade auditiva. Com base na própria experiência, Almeida — hoje com 41 anos — passou a pregar a desconexão no circuito de palestras americano, incluindo o cultuado fórum de conferências TED. Em menos de uma década, acredita, estaremos em meio a uma epidemia de ansiedade global.

— Tem que haver uma mudança de comportamento, ou vamos pagar um preço muito alto na nossa saúde — diz. — O ser humano está se robotizando, e o único jeito de interromper esse processo é o esgotamento. A ideia de que ficaremos robóticos não é minha, isso o Marshall McLuhan falou na década de 1960, mas a ideia de que as pessoas vão ter que adoecer para acordar é um movimento novo. Quando o computador quebra, a gente troca. Se a gente quebrar, não tem como.

Na contramão de McLuhan, pensador-chave da teoria da comunicação, Almeida afirma que o excesso de tecnologia vai acabar mostrando o quão humanos — e portanto limitados — nós somos. E, quando isso acontecer, a população entrará numa fase que chama de “reversão humana”. Mas não por muito tempo:

— Passaremos por um processo de volta ao equilíbrio, teremos que nos recondicionar. Mas, como a tecnologia veio para ficar, o ciclo continuará.

O americano Levi Felix também foi vítima do uso excessivo da tecnologia. Em 2009, atuava como vice-presidente de uma promissora start-up, com jornadas de trabalho de mais de 70 horas semanais em frente ao computador. O resultado foi um colapso por estresse, que colocou em risco a sua vida. Após a experiência de “quase-morte”, ele abandonou o emprego, trocou “os laptops e celulares por mochilas” e passou dois anos viajando pelo Oriente. Ao retornar aos EUA, o susto:

— Os gadgets e dispositivos digitais, antes restritos aos techies e blogueiros, se tornaram norma. No pouco tempo que passei fora, parece que todos se tornaram dependentes da tecnologia.

RETIROS DE ‘DESINTOXICAÇÃO DIGITAL’

Em 2011, Felix fundou a ONG Digital Detox, que promove palestras e eventos para debater o abuso da tecnologia. Em todos eles, a placa na entrada é clara: “o uso de dispositivos móveis é proibido a partir deste ponto”. A organização também realiza retiros e acampamentos em Mendocino, na Califórnia, a cerca de 200 quilômetros do Vale do Silício. O primeiro retiro contou com apenas dez inscritos. Já no acampamento de verão do ano passado, 900 pessoas, de 10 países diferentes, pagaram entre US$ 400 e US$ 1.000 para passar quatro dias longe tablets, smartphones e computadores. Os acampamentos de verão são bastante conhecidos nos EUA, mas normalmente voltados para crianças nas férias. Os campistas, muitos deles funcionários e executivos de empresas de tecnologia, são proibidos de usar dispositivos eletrônicos e conversar sobre trabalho. São dezenas de atividades oferecidas, todas voltadas para a meditação, contato com a natureza e artesanato.

— É desconectar para reconectar — diz Felix.

Por aqui, o instrutor de ioga Agustin Aguerreberry prepara a segunda turma do retiro de desintoxicação digital que promove em Paraty, no litoral Sul do Rio de Janeiro. Os participantes serão levados a uma casa afastada, em uma vila de pescadores, sem sinal de celular ou internet, e durante os três dias do feriado da Semana Santa terão atividades como ioga, massagem tailandesa e stand up paddle. Com os moradores locais, ajudarão no cuidado da horta e na pesca artesanal.

— A tecnologia é importante, todo mundo trabalha com o computador, mas a ideia é que as pessoas se conscientizem sobre a quantidade de tempo gasto em frente às telas — diz Aguerreberry. — Em vez de ficar no celular, elas poderiam aprender a tocar um instrumento, participar de uma aula de dança.

A psicóloga americana Kimberly Young, pioneira nos estudos dos impactos da internet sobre a saúde mental, defende os acampamentos de desintoxicação digital, mas diz que os efeitos são temporários.


— Para ajudar no longo prazo, a terapia é necessária. Em casos extremos, usamos a internação para ensinar as pessoas a reaprenderem o uso da tecnologia e da mídia. Ensinar a prática de uma dieta digital para reduzir as horas de uso da internet — diz Kimberly.

A dependência da internet já é conhecida, tanto que a 5ª edição do Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais, editado pela Associação Americana de Psiquiatria em 2013, lista o vício em jogos de internet como uma área de interesse científico. Contudo, diz Kimberly, a mobilidade dos smartphones agravou ainda mais a situação e contribuiu, sobremaneira, ao crescimento no número de casos.

— Obviamente, o problema da dependência da tecnologia se torna maior com o fator da mobilidade. As pessoas não conseguem parar — afirma Kimberly. — Eles tornam a internet mais acessível, um dos perigos, e as crianças começam a lidar com a tecnologia desde muito cedo.



Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/sociedade/tecnologia/vitimas-do-uso-excessivo-da-tecnologia-defendem-reducao-do-tempo-gasto-on-line-15726338#ixzz3WAMrrFDw 



7 comentários:

  1. Desconectar para reconectar
    O texto fala sobre o problema da nova geração dos trabalhadores e das crianças em relação ao uso de celulares e computadores.Penso que as pessoas dessas geração, incluindo eu mesma, possuem uma forte dependência por esses aparelhos seja por motivo de trabalho, diversão ou o próprio hábito.
    Os planos de telefonia, sempre cheios de promoções, os alertas constantes dos aplicativos e os vários comerciais com ofertas de planos, entre outros também não contribuem para a diminuição do uso do aparelho, pelo contrario incentivam fortemente, e contribuem para aumentar as chances de se criar um vicio.
    Apesar dos retiros de 'desintoxicação' e acampamentos que impedem o uso de celulares, esses não resolvem o problema completamente, afinal, apos o final dessas atividades nada o impede de voltar a usar os aparelhos eletrônicos, por isso a mudança tem que vir de nos mesmos.Mesmo a sociedade parecer nos cobrar o uso, é possível sim mudar.Pois afinal a falta de mudanças pode causar consequências extremamente sérias.Porem enquanto as pessoas não perceberam que elas podem ser as próximas vitimas dessas consequências nada vai mudar.
    É preciso haver uma real mudança dentro de nos, se não seremos os primeiros a sofrermos as consequências, além de estarmos criando um vicio estamos nos distanciando um dos outros, pois agora parece mais simples falar com alguém pelo celular do que cara a cara, estamos virando verdadeiros robôs.É preciso mudar agora para que não soframos depois.
    Sofia Guedes e Silva
    Turma:701

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  2. Desintoxicação digital

    Concordo com o texto , é um alerta da realidade . Penso que os aparelhos foram criados para ajudar nas nossas vidas e não vivermos em função deles .
    As pessoas viraram dependentes do aparelho , com novidades ficam curiosas e esse comportamento acaba influenciando as novas gerações .
    Estamos mesmo nos " robotizando " , com o abuso a tecnologia prejudica nossa interação com as pessoas .
    Se mudarmos nossa maneira de usar o aparelho ( celular , tablet , computadores e etc ) , evitaremos transtornos sociais e da saúde .

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  3. Infelizmente o mundo de hoje está caminhando para a dependência da tecnologia! Vou confessar que até eu fico grudada no celular. Toda pessoa pelo menos, tem de um a mais celulares, computadores, tablets etc! As fábricas, também vão inovando e criando meios mais fáceis de contato com a tecnologia e internet.
    Na minha opinião existe o lado bom e o lado ruim. O lado bom é que sem a tecnologia, não conseguiríamos ter acesso a várias coisas hoje em dia, como, enviar e-mails, mensagens, pesquisas, avanço das pesquisas científicas, conversar com pessoas em tempo real pelo computador etc. Mas o lado ruim, é se usarmos excessivamente, podemos causar danos à nossas saúde, também problemas de visão, pois no celular fixamos a vista em letras pequenas e ficamos expostos a luz da tela. Existe hoje uma doença nova que é Dependência Psicológica Digital. Tem pessoas que deixam de comer para completar nível de jogo!! Isso é o cúmulo! Em restaurantes famílias inteiras, cada um no seu celular na hora do almoço, sem conversar e nem se falar, não duvido de que nem sabem a cor da roupa que a esposa, marido ou filho está usando!
    Mas, como o texto menciona, há sim meios de desintoxicação digital! Para mim trabalhos como, acampamentos, ioga, brincadeiras ao ar livre, afastam um pouco da tecnologia.
    Muitas pessoas se perguntam. "Há como viver sem tecnologia"? Crio que dá sim, pois, como que as pessoas de antigamente viviam?! Como aprendo em casa, para tudo tem que ter equilíbrio e consciência. O progresso e o avanço tecnológico serão sempre bem vindos enquanto não nos trouxerem prejuízo!
    É preciso valorizar mais as pessoas, e menos as "coisas".

    Rebeca Barros Buys- 702

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  4. A tecnologia é um fator importante em nossas rotinas: trabalho, estudo, diversão, comunicação. Nos permite armazenar dados, compartilhar, pesquisar, reter informações e tudo isto com muita rapidez e precisão.
    Hoje em dia é quase impossível ver uma pessoa que não tenha acesso a algum tipo de tecnologia como: celulares, tablets, computadores etc, e a cada momento este contato tem acontecido mais cedo, podemos ver até bebes utilizando algum tipo de tecnologia. O lado ruim de tudo isto está exatamente no exagero, no fato de que não estamos conseguindo ter limites. Rapidamente surgem novos recursos e o estresse e a dependência tem feito parte de nossas vidas. A mesma tecnologia que pode salvar uma vida pode ser responsável pela perda de outra.
    Como este artigo informa existem consequências muito graves como: perdas, distúrbios sociais, doenças físicas, e psicológicas. Entretanto, surgiram também formas de tratá-las: terapias, acampamentos chamados Detox, ioga, entre outros, porém, o ideal seria que nada disto fosse necessário apenas bom senso. Quem sabe ainda há tempo?

    Isabela M. G. Braz
    Turma - 702
    Data: 28-04-2015.

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  5. Como evitar a internet na era dos smartphones, quando o mundo está em nossas mãos ? Quem não gosta de receber notícias de amigos e parentes? Discar um número e conseguir falar com uma pessoa nos mais variados lugares do globo e uma das maiores facilidades da atualidade. A internet tornou-se uma ferramenta indispensável para a modernidade. Aos poucos tudo está sendo informatizado. Não há o que negar, a internet está revolucionando o mundo, com ela é possível fazer milhões de coisas, porem existem pessoas que não conseguem desgrudar do celular nem tão pouco se desconectar, mesmo durante as refeições e aí já virou doença e precisa ser tratada, por que ai vira dependência. Na minha opinião a pessoa só se intoxica se quiser. Para usar e a internet tem que ter limites e principalmente bom senso.
    Luísa Soares França 701

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  6. A tecnologia é um fator importante em nossas rotinas: trabalho, estudo, diversão, comunicação. Nos permite armazenar dados, compartilhar, pesquisar, reter informações e tudo isto com muita rapidez e precisão.
    Hoje em dia é quase impossível ver uma pessoa que não tenha acesso a algum tipo de tecnologia como: celulares, tablets, computadores etc, e a cada momento este contato tem acontecido mais cedo, podemos ver até bebes utilizando algum tipo de tecnologia. O lado ruim de tudo isto está exatamente no exagero, no fato de que não estamos conseguindo ter limites. Rapidamente surgem novos recursos e o estresse e a dependência tem feito parte de nossas vidas. A mesma tecnologia que pode salvar uma vida pode ser responsável pela perda de outra.
    Como este artigo informa existem consequências muito graves como: perdas, distúrbios sociais, doenças físicas, e psicológicas. Entretanto, surgiram também formas de tratá-las: terapias, acampamentos chamados Detox, ioga, entre outros, porém, o ideal seria que nada disto fosse necessário apenas bom senso. Quem sabe ainda há tempo...

    Isabela M. G. Braz
    Turma - 702
    Data: 28-04-2015.

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  7. Desconectar para reconectar.
    Antigamente as pessoas não usavam tantos equipamentos eletrônicos. Eles foram surgindo e invadindo os lares e a vida de todos, tornando quase impossível viver sem eles.
    A tecnologia cada vez mais avançada seduz e desafia o ser humano moderno. Computadores e celulares estão substituindo as relações entre as pessoas, causando prejuízos para a vida.
    Devemos usar estes aparelhos com bastante cuidado, e com bastante equilíbrio, para não criarmos uma sociedade onde as pessoas não mais conversam entre si, mas apenas através de postagens e mensagens eletrônicas.
    Fernanda Fernandes Lontra - Turma 701

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