Carolina, mulher de luz
Na vida
Tudo pode acontecer
Pode ser feliz ou sofrida
Ela pode ser lembrada
Se a história puder ser lida
Carolina Maria de Jesus
Mineira, pobre, negra
Injustiçada e surrada
Saiu de casa
A pé andava
De cidade em cidade parava
São Paulo então chegou
Um emprego arrumou
Na biblioteca da casa
Lia histórias e poesia
Ela lia e escrevia,
Mas os estudos não completou
Mãe solteira, três filhos
Sem emprego, sem casa
Para o Canindé ela foi
E à própria sorte
Construiu sua casa
Com materiais que achou
Catava papéis para sobreviver,
Mas ficava com alguns
Para poder escrever
O que acontecia
No dia a dia
Sua maior arma era seu livro
E então, a semianalfabeta
Negra e favelada
Virou sucesso
O quarto de despejo
Mostrou a realidade
E se transformou em novidade
A fama veio,
E o dinheiro também,
Mas não soube lidar com ele
Faleceu esquecida
Fora de sua casa “residível”
Sua forma de ver o mundo
Mudou o mundo dos outros
Escreveu a sua vida,
Mas não foi reconhecida
E merece ser lembrada
Por escrever com alegria e luz
Carolina Maria de Jesus
Alessandra C. Guimarães - 801
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