sábado, 13 de junho de 2015

Te Contei, não ? - Cantigas Medievais

Nessa época em que há o predomínio da oralidade, a poesia é marcada pelas cantigas trovadorescas, que possuem uma estreita relação com a música, o canto e a dança. Em virtude disso, fazia-se necessário o acompanhamento de instrumentos musicais, tais como a harpa, a flauta, a guitarra, o alaúde, a viola etc. É natural que esses poemas, por serem obras transmitidas oralmente, acabassem desaparecendo.
Para evitar que isso acontecesse, inicialmente, foram criados pequenos cadernos de apontamento, nos quais essas obras eram transcritas. Esses cadernos não foram suficientes para armazenar todas as obras conhecidas, então, alguns mecenas, em especial o rei, resolveram agrupar essas obras em coletâneas de canções. Dessa forma, as cantigas que antes eram apenas apresentadas oralmente e estavam guardadas apenas na memória do trovador foram compiladas e viraram os Cancioneiros.


Mesmo com a preocupação de preservar essas obras, muitos cancioneiros pereceram ao longo do tempo.
Os três Cancioneiros mais importantes, em número e qualidade, que nos restaram são:
Cancioneiro da Ajuda - datado do século XIII, composto por 310 cantigas, sendo 304 de amor;
Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa ou Cancioneiro Colocci Brancutti (esse último nome é em homenagem aos seus dois últimos possuidores italianos) - Contém 1647 cantigas de todos os tipos e engloba Trovadores dos reinados de Afonso III e D. Diniz;
Cancioneiro do Vaticano (Esse nome lhe é atribuído por ter sido descoberto na Biblioteca do Vaticano, em Roma) - Incluí 1205 cantigas de escárnio, de maldizer, de amor e de amigo.
Os principais artistas da época eram os Trovadores (em geral, poetas cultos que compunham a letra e a música das canções), os Menestreis (músicos-poetas sedentários, pois viviam na casa de um fidalgo), os Jograis (cantores e tangedores ambulantes, geralmente de origem plebeia), os Segréis (trovadores profissionais, gealmente fidalgos desqualificados, que iam de corte em corte na companhia de um jogral, Jogralesa e Soldadeira (moças que acompanhavam tocando pandeiro e dançando, animando o ambiente).

O mais importante trovador foi D. Dinis, sexto Rei de Portugal, que governou de 1279 a 1325. Esse período é considerado o apogeu das cantigas. Ele compôs todos os tipos de cantigas. Além disso, incentivou a agricultura e a navegação, tornou oficial a língua portuguesa em 1290 e foi o fundador da Universidade de Lisboa, primeira universidade portuguesa, em 1308. As 138 cantigas de todos os géneros escritas por D. Diniz compõem o maior conjunto individual da poesia medieval portuguesa.
Os outros compositores da época que merecem destaque foram Martim Codax, João de Guilhada, Aires Nunes de Santiago e Paio Soares Taveirós.
A poesia composta nessa época pode ser dividida em dois géneros:
o lírico-amoroso, em que o amor é a temática principal
e o satírico, cujo objectivo é criticar alguém, ridicularizando-o de forma subtil ou grosseira.
As cantigas lírico-amorosas, em que o amor é a temática constante, subdividem-se:
em cantigas de amor 
e cantigas de amigo.

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