sábado, 21 de junho de 2014

Te Contei, não ? - Educação em ritmo de Maracatu

A associação Bloco do Beco oferece oficinas culturais para crianças e orientação de saúde para adultos na periferia de São Paulo


(Foto: Rogério Cassimiro)
Por Júlia Korte
O Bloco do Beco era o tradicional grupo carnavalesco que unia os moradores do Jardim São Luís, um bairro na Zona Sul da cidade de São Paulo. A festa acabou em 2000, quando a prefeitura fechou o espaço onde ficavam guardados os instrumentos de percussão, para dar lugar a um batalhão de polícia. O bloco parou de desfilar nas ruas do bairro. Para manter a tradição, alguns dos participantes continuaram a tocar nos finais de semana e nos jogos de futebol.
Num desses encontros, Luiz Claudio de Souza, de 40 anos, que trabalhava numa indústria metalúrgica, teve a ideia de transformar o grupo numa associação, para levar arte e educação às crianças. “Percebi que o grupo era uma das poucas oportunidades de acesso à cultura na região”, diz Souza. “Tive a ideia de formalizar esses momentos numa organização, para conseguir arrecadar verbas e oferecer mais atividades.” Hoje, ele se dedica em tempo integral à organização, que ganhou o nome de Associação Cultural Recreativa Esportiva Bloco do Beco em 2002.
A organização promove atividades esportivas, oficinas de música, debates sobre literatura, saraus e festas tradicionais para quem está além das fronteiras do Jardim São Luís. Acabam participando também moradores de outros bairros da região. Cerca de 300 pessoas participam das atividades – quase metade são crianças entre 12 anos e 18 anos. Há um núcleo do projeto dedicado só a elas, chamado carinhosamente de Sedinha, localizado na favela Erundina. Nesse espaço, ficam a brinquedoteca, a biblioteca e as salas onde acontecem as oficinas de artes. Em outro espaço, localizado na favela de São Francisco, há oficinas de música, dança e teatro. Lisandra Ramalho Borges, de 18 anos, já esteve no lugar dessas crianças. Hoje, é uma das voluntárias que organizam as oficinas de maracatu – um dos principais ritmos que ecoam pelas ruas do bairro. “O mais lindo é ver as particularidades, como cada personalidade é verdadeiramente expressa pela música”, diz Lisandra. Ela encontrou na associação um rumo profissional. Montou um grupo com oito alunos para fazer apresentações profissionais de maracatu. Agora, sonha em seguir carreira como professora de música.
Noutro espaço físico da comunidade, chamado Casa do Bairro, no Jardim Ibirapuera, acontecem as atividades para os adultos. Em parceria com a Unidade Básica de Saúde local, há orientação nutricional, atividades de terapia ocupacional e palestras com informações sobre sexualidade. Voluntários também orientam os moradores que precisam de ajuda para resolver os problemas de habitação, como falta de saneamento.
O estudante de administração Eduardo José da Silva, de 21 anos, encontrou na associação um trabalho que o ajuda a pagar a faculdade. Hoje, é estagiário da área administrativa. Participa do bloco desde os 11 anos e já foi aluno das oficinas de dança de rua e percussão no maracatu. “Ao longo desses anos, percebi que desenvolver meu lado artístico melhorou minha disciplina e até a qualidade de meus relacionamentos”, diz Silva.
Fonte: ÉPOC
A

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