sábado, 14 de junho de 2014

Te Contei, não ? - Inocência


1 - O REGIONALISMO DE VISCONDE DE TAUNAY
         Foi um dos primeiros prosadores brasileiros a emprestar a linguagem coloquial regional em suas obras. Taunay tinha um agudo senso de observação e análise, aliado a uma vivência riquíssima da paisagem e da História do Brasil.
         Foi um ator não denominado pelo sentimentalismo, que soube conjugar as ca-racterísticas fundamentais da estética romântica com grande acuidade na construção de tipos e na descrição das paisagens brasileiras. Focalizou os usos e costumes do interior do pais, em narrativas pitorescas.
         É notável como o narrador nos apresenta o choque de duas concepções de mundo extremamente diversas. Pereira, homem do sertão, preso a padrões estritos de comportamento, mantém sua bela filha Inocência reclusa.
2. O REGIONALISMO EM INOCÊNCIA:
         1. Taunay conta com franqueza seu relacionamento com uma jovem que conheceu no Mato Grosso, a partir dai percebemos a origem mais íntima da personagem-título de Inocência, protótipo da mulher sertaneja imaginada pelo autor.
         2. Taunay foi um autor além da maioria dos romancistas, entre os quais se incluíam alguns que, embora também usassem temas sertanistas, não tinham realmente muita experiência do interior brasileiro. Taunay, ao contrário, escrevia sobre o que conhecera. Aliás o próprio Taunay se manifestou sobre isso, embora não diminuísse de modo algum a importância e o valor dos outros romancistas.
         3. Nesse romance, o rigor do observador militar que percorreu os sertões mistura-se à capacidade imaginativa do ficcionista. O resultado é um belo equilíbrio entre a ficção e a realidade, raramente alcançado na literatura brasileira até então.
         4. Elabora diálogos com a coloquialidade graciosa e natural do novo sertanejo "Nocência", "Por que se tocou assim no quarto", "é bom não se canhar as-sim", "sestiando", "Nhor-sim", "quer mecê", mas também utiliza a linguagem culta.
         5. Reforça-se uma das principais características do Romantismo europeu: a concepção de um único e idealizado amor, cuja impossibilidade de realização leva os protagonistas à morte. (Inocência, era fiel ao seu princípio amoroso, foi capaz de morrer de tristeza em face da ausência definitiva do amado.
         6. Faz um retrato acurado de usos e hábitos do sertão mato-grossensse, que são identificados desde elementos do vocabulário até a indicação dos hábitos que o texto apresenta, na paisagem, nos tipos humanos e na linguagem.
         7. Deixa claro que considera "injuriosa" a opinião que os sertanejos têm sobre as mulheres.
         8. Deixa bem claro que Cirino não era um homem do sertão, o que nos faz perceber a diferença marcante entre o noivo e o homem por quem Inocência morre.

         9. No período da obra, o romantismo brasileiro entrava em declínio e o Realismo se aproximava, portanto, esta obra é de transição para o Naturalismo por causa de uma grande e infalível característica o homem é produto do meio ou seja, as pessoas agem de acordo com o tipo de vida que levam.
         10. Predomina a emoção sobre a razão, além da supervalorização do amor.

3. ANÁLISE PSICOLÓGICA DOS PERSONAGENS
· INOCÊNCIA:   Tem uma grande beleza e delicadeza de traços, nem parece moça do sertão. Isso vai ser fundamental no despertar da paixão entre ela e Cirino e também na compreensão da atitude que ela irá tomar posteriormente, afinal, de alguma forma, ela não era uma típica moça do sertão. Essas características são importantes para a compreensão do desenrolar da história.
· MANECÃO:     Homem rude, mas decente, trabalhador, sério e acumulou fortuna, era dotado também de uma certa macheza.
· PEREIRA:        Condensa em si desconfiança e ingenuidade, além de ser durão e conservador.
· TICO:         Anão que vivia na fazenda, mudo, mas que foi capaz de entregar Inocência ao pai. Ele a vigiava e detinha profundo respeito e admiração pela mesma.
· MEYER:         Um naturalista, que teve a sinceridade de elogiar Inocência, acabou por ser vigiado por Pereira, mas era muito dedicado a profissão que exercia, portanto viajava muito.
· PADRINHO:      Aparece no romance com a desculpa de ajudar, mas não chega a tempo de sal-var Cirino, era a única pessoa que poderia ter feito algo para ajudar o casal de apaixonados.

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