Parece história de humor negro. Não é. Aconteceu de verdade, é realmente um horror. Um amigo, médico dermatologista, foi fechado por um caminhão num dos acessos à Avenida 23 de Maio, em São Paulo. O carro saiu da pista, despencou pela ribanceira e colidiu com arbustos, pedras, desníveis de terreno. Meu amigo bateu a cabeça, ensanguentou-se. Primeiro horror: o caminhão fugiu. Sei que isso não surpreende ninguém. Nunca ouvi a história de um caminhão que parasse após provocar um acidente. Um funcionário meu recentemente foi fechado por um, em plena Via Dutra. Ele se machucou, o carro amassou em toda a lateral. O caminhoneiro acelerou, para se ver livre da responsabilidade. A história começa com esse horror com que me acostumei: caminhões não param nem para ver se a gente está vivo. Ainda dentro do carro, sangrando, meu amigo médico pegou o celular para pedir socorro. Estava sem bateria. Um Gol parou. Dois rapazes desceram e ofereceram ajuda. Auxiliaram-no a subir a rampa até uma empresa, cujo segurança, finalmente, chamou a polícia. O acidentado voltou para o carro. As duas “almas bondosas” haviam roubado tudo o que ele tinha. Sim, os rapazes do Gol levaram celular, carteira, cartões de crédito, bolsa. Tudo. E fugiram. É um segundo horror, que superdimensiona o outro. O pior é a conclusão do médico:
– Ainda bem que eu estava sem bateria e não fiquei no carro. E que não cheguei quando roubavam. Aí, teriam acabado comigo.
Verdade absoluta. Teria sido fácil, para roubar, acabar com o médico ensanguentado. Nem deixariam pistas, tudo seria debitado ao acidente.
Esse acontecimento me provoca um pavor profundo. Estou ficando velho. Sou de um tempo em que mesmo adolescente, às vezes, quando saía, amanhecia no ponto de ônibus esperando o primeiro da minha linha. Quantas vezes amigos e eu passamos o final da madrugada no banco de uma praça, batendo papo até o ônibus chegar? Também sou de um tempo em que, para viajar, ia para a estrada e pegava carona. Era fácil, sempre havia um carro que parava. De carona em carona, eu chegava ao meu destino. Nem sabia o que era pegar ônibus para viajar. Avião, menos ainda. Hoje, eu mesmo não paro quando alguém me pede carona. Tenho medo. Mesmo porque são inúmeros os casos em que a generosidade é recompensada com assaltos e agressões. Até assassinatos.
Assaltos sempre aconteceram. Psicopatas existem. O que me apavora é essa sensação disseminada de vale-tudo na nossa sociedade. Comecei a contar a história do médico a três outros amigos. Todos, antes de eu terminar, disseram:
– Aposto que os caras do Gol tinham roubado tudo.
A completa falta de ética já é esperada, tida como normal. É intrínseca à sociedade nacional. Não posso falar por todos os países do mundo. Costumo viajar, andar à noite pelas ruas, eventualmente ser ajudado por desconhecidos. Esse descaso com o outro, só vejo mesmo por aqui. Um ator conhecido certa vez viu uma mulher atropelada na rua, abandonada pelo autor do acidente. Botou no seu próprio carro e levou ao hospital. Não deu outra: mais tarde a dita-cuja o acusou de ser responsável pelo atropelamento. Exigiu indenização. Em vez de agradecer, deu um golpe. Soube também de donos de automóveis que instalam câmeras em seus veículos, porque há gente que se atira na frente, para mais tarde processar. A gravação serve para provar a má intenção da “vítima”. Resultado: se atropelar alguém, óbvio, socorrerei. Mas terei medo de pôr no meu carro alguém que encontre ferido, atropelado, precisando de ajuda, porque tudo pode se voltar contra mim.
Aí meu medo aumenta. Já não é mais relacionado a ser assaltado, sofrer alguma violência. É o que o medo do medo faz comigo, interiormente. Me sinto uma pessoa muito menos disposta a ser generosa. Sempre estranhei as recomendações do seguro: no caso de problema com o carro, chamar o socorro e ficar distante do veículo, até sua chegada. Depois do episódio com o médico, entendo. O ferido está mais exposto. Nem falo das mulheres assassinadas só por esboçar um gesto de defesa quando querem roubar suas bolsas. Só isso daria um livro.
O amor ao próximo, o sentimento pelo outro, foi eliminado de nossas relações sociais. Resta o medo, o mesmo que sinto dentro de mim. Não só do que me assusta. Mas que me transforma em alguém pior do que eu queria ser.
Qual é a coisa certa a fazer? Ajudar a pessoa que está ferida? Falando que ajudaria é uma coisa, e colocando toda a culpa, responsabilidade e riso em si mesmo é outra. Claro que se me perguntasse, falaria que ajudaria a pessoa, mas realmente, não tenho certeza. Gostaria de falar com cem porcento de certeza que ajudarei qualquer um que precisasse, mas para falar a verdade, se um cara que parece estar bêbado no lado da rua, pedindo ajuda, meu primeiro instinto não seria correr para ajudar-lo. Acho que chamaria a polícia. Ou perguntasse qual era o problema. Talvez ele queria que me aproximasse para me roubar… ou pior. Sei que uma boa pessoa iria se aproximar, mas não sou boa, sou experta. Sei das milhões de possibilidades de coisas que poderiam dar errado, não sou ingênua, mas ainda veria se estava bem porque existe a possibilidade que realmente esteja machucado, nem se seja uma possibilidade pequena.
ResponderExcluirA história do médico me surpreendeu. Não esperava que os dois rapazes iriam o roubar. Acho que é porque achava que se fossem para roubar-lo, já iriam ter feito isso quando viram o cara, não esperar para ele chamar a polícia.
O mundo hoje em dia, como diz no texto, se mudou muito. Acho que nossas crianças nem imaginaram como que é um estrangeiro confiando outro estrangeiro, porque não se poderá confiar em ninguém. O texto também fala de medo. Claro, o instinto humano seria se preocupar dos impactos que as ações envolta de você fazem com si mesmo, não com outros. O caminhão indo embora, o homem poderia ter morrido de perda de sangue, morto ao impacto, concussão, paraplégico, e muitos outros que poderiam ter acabado em morte ou doença permanente. Os caras roubando ele, o médico poderia não ter seguro para acidente de carro, poderiam não darem os remédios necessários para ele, poderia ficar lá sem carro, esperando para alguém que nunca virá, e outros. O mundo está ficando com cada vez mais atalhos para as suas escolhas ruins que só da mal para os outros, e francamente, não tenho ideia de como vamos resolver.
Mariana Garcia
801
Costumo ver em filmes crianças brincando na rua sem nenhum problema, pessoas na estrada pedindo carona, um doente sendo ajudado na rua, porém, sabemos que isso não ocorre da mesma frequência que antigamente, e quando ocorre, a maioria das vezes é um golpe ou um assalto, ou coisa do tipo.
ResponderExcluirAs pessoas não tem mais bondade no coração ( claro que existem exceções ), estão sempre se aproveitando daqueles que tem fazem o bem ou que precisam de ajuda, como no caso do texto acima. Cometer um acidente no trânsito e não verificar se feriu alguém, "ajudar" mas levar tudo o que a pessoa tinha em seu carro, dar um golpe em uma pessoa em que a ajudou a levar para hospital. Para mim, quem faz não tem coração, não tem amor ao próximo.
Essas pessoas que não costumam ajudar e que estão sempre fazendo o mal para as outras, uma hora também irão precisar de ajuda, mas lembrando que exatamente o golpe que essa necessitada aplicou em uma pessoa pode ser aplicado nela. Eu chamo isso de ensinamentos da vida, pois todo mundo semeia o que quer, sendo bem ou mal, porém, colhe o que plantou, sendo isso bem ou mal. A nossa vida não é uma historinha que sempre tem um final feliz, ela é justa, fazendo com que quem merece um final feliz tenha-o, e quem não merece não o tenha.
O que essas pessoas não entendem é que o mundo está cada vez pior, mas quem está fazendo ele ficar pior são esses tipos de pessoas, que roubam, que assassinam, que aplicam golpes, que fazem qualquer tipo de coisa ruim.
Anna Carolina - 801
comentario 9/10
ResponderExcluirna minha opinião esse tipo de pessoa não percebe que o mundo so esta piorando , as vezes vejo em filmes pessoas ajudando os donos e os necessitados porem aqui no brasil isso não existe , quando viajei a Roma me lembro de quando estava no taxi a caminho do restaurante o taxista falou que ao havia necessidade de nos levar revolta ao hotel pois não aconteciam assaltos , de vez em quando andando la sempre via arquem ajudando um idosos ou necessitado , mesmo sendo para atravessar a rua ou ajudando-o a subir uma escada , nas joeirais ficavam uns vidros para fura expondo as joias , e ninguem o quebrava para roubar. Então pensei , por que isso não acontece no Brasil , e o que eles tem que nos não temos? A resposta e simples eles tem bom senso e um governo que ajuda os necessitados tentando diminuir a miséria e a necessidade de roubar ( não estou apoiando os ladroes brasileiros).
Lucas Gabrielli de Carvalho Santos 701
ATIVO
É uma pena que hoje em dia nós perdemos esse espírito de ajuda. Pelas ruas das cidades, só vemos egoísmo e ignorância entre as pessoas.
ResponderExcluirEssas práticas no nosso dia-a-dia estão ficando cada vez mais normais nos tempos de hoje. Não se dá mais um ''bom dia'' á uma senhorinha na rua.
Eu penso que esses maus costumes precisam ser mudados imediatamente, pois as nossas crianças estão crescendo com esse exemplo.
Se os adultos dessa geração não inverterem essa péssima situação, as gerações seguintes vão ficar ainda piores. E eu vou te contar hein...eu sinceramente não sei aonde isso vai parar.
Sabemos que a situação, pelo menos no nosso país, está muito ruim. A corrupção não tem mais fim e é exatamente isso que essa nova geração está absorvendo.
O texto vem nos trazendo vários exemplos de situações em que as pessoas simplesmente não têm compaixão uma da outra. E quando a coisa começa a ficar melhorzinha, acaba piorando.
Ontem eu vi no Fantástico, uma reportagem que afirmava que Tokyo é a cidade onde se vê mais honestidade no mundo. Eu chego à conclusão de que se uma informação dessas está sendo passada na televisão e sendo elogiada, é porque é uma coisa que surpreende. Porém, não deveria surpreender, pois pegar uma carteira no chão e entrega-la para a polícia achar o dono, deveria não ser mais do que a obrigação de uma pessoa. Não acha?
Que os nossos hábitos mudem hoje para vermos resultando amanhã! Não pense que você é pequeno demais para fazer a diferença.
Fique sabendo a partir de hoje (se ainda não sabe), que um simples ato bondoso de uma pessoa, pode originar outro, e mais outro, e mais outro! Aliás, gentileza gera gentileza! Não é o que o profeta vivia dizendo nas ruas?
Vamos fazer o nosso máximo, porque eu desejo parar de ficar vendo horrores por aí! E você?
Stella Strecht Santos-801
O medo
ResponderExcluirConcordo com o texto, hoje em dia acontecem muito essas coisas, muitas pessoas que não se importam nem ajudam o próximo, pessoas que são responsáveis pelo acontecido e nem ajudam, isso tem que parar o Brasil está ficando um lugar amargo de viver sem uma mão amiga para te ajudar nos piores momentos, as pessoas de hoje em dia sentem medo de ajudar ,pois em alguns casos a pessoa ajuda e se prejudica, as vezes acaba até levando a culpa pelo acontecido, isso tem que mudar, o Brasil precisa ser mais acolhedor e mais seguro, temos que parar de ter medo de fazer um bem, cativando pessoas que se faz a vida, uma pequena ajuda pode colocar um sorriso no rosto de alguém, pode até fazer um novo amigo. Pessoas com intenções ruins tem que parar de agir ou tomar uma atitude para o bem, a vida está cada vez se tornando mais solitária, vamos deixar as pessoas entrarem na nossa vida assim poderemos combater os nossos próprios medos com a ajuda de alguém querido, um amigo...
Lana Silva Shibasaki
Lucas Costa Bumaruf
ResponderExcluir702 ATIVO
A vários tipos de roubos, assaltos e mortes, que ocorrem de manha, a tarde ou a noite. Eu fico atento, como todo mundo deveria ficar, pois o mundo não esta tão confiável como antigamente, e desconfiar de quem te oferece ajuda, pois podem ser ladroes querendo te enganar. Acredito que os roubos mais frequentes sejam os da noite onde não ha muita gente andando nas calçadas e guardas vigiando as ruas, tornando a fuga do ladrão mais fácil. Sempre que saio a noite minha mãe fala para mim: ande rápido e olhe para os lados....não marque bobeira!
Eu concordo com o autor do texto que o mundo esta tão perigoso que, mesmo quando encontramos alguém precisando de ajuda, ficamos desconfiados e não oferecemos ajuda com medo de sermos engados. Os ladroes devem ser presos, mas, nem sempre são, ou devem perde o braço ou ate receberem pena de morte.