quinta-feira, 19 de março de 2015

Resenhando - De Donga a Diogo Nogueira - Um século de batuque

RIO — No primeiro dia de ensaio para o musical “Sambra”, nada estava decidido, claro, a não ser as intenções de Diogo Nogueira: “Quero fazer de tudo”, disse ele a Gustavo Gasparani, o autor e diretor da montagem que estreia hoje no Vivo Rio, às 21h30m, e cumpre quatro únicas sessões cariocas até domingo, antes de embarcar para São Paulo, onde terá sessões entre os dias 26 e 29.


Criado para homenagear os 100 anos do nascimento do samba, o musical apresenta Nogueira em seu primeiro trabalho como ator.

— Se ele quisesse só cantar, ok, mas ele queria descobrir o teatro — diz Gasparani, diretor de sucessos que misturam universos como “Otelo da Mangueira” (2005), “Opereta carioca” (2008) e “Samba Futebol Clube” (2014).

No palco, Diogo atua, dança, toca instrumentos de cordas e percussão, sai de cena, contracena com outros 16 atores e funciona menos como um protagonista e mais como um mestre de cerimônias, que apresenta as principais etapas do desenvolvimento do samba e os feitos de seus principais criadores e renovadores — numa obra composta por dois atos e 14 quadros, que abrigam 70 músicas cantadas e 25 recitadas. E entre um verso e outro, o cantor dá corpo e voz a ícones como Francisco Alves, Ataulfo Alves, Mário Reis e João Gilberto, assim como encarna, estilizado com chapéu e terno vermelho, o mítico Zé Pelintra, entidade da umbanda que, no Rio, filia-se principalmente à figura do malandro carioca.

— O Diogo é o grande expoente da nova geração do samba, e além disso surge dentro de uma linhagem marcante. É filho de João Nogueira e afilhado de Clara Nunes. Então é como se ele recebesse essa herança e, na peça, reconstruísse todo o caminho que tornou possível que chegasse até aqui — diz Gasparani.

E a passagem de bastão entre pai e filho é revelada numa mescla de versos falados, de obras como “Espelho” e “Além do espelho” (ambas de João Nogueira e Paulo César Pinheiro), e trechos cantados de “Morte de um poeta” (Totonho e Paulinho Rezende), “Minha missão”, “Súplica” e “Poder da criação” (todas de João Nogueira e Paulo César Pinheiro).

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— É emocionante porque é o ponto em que a história do samba se mistura à minha vida — diz o cantor.

Mas antes de Diogo há um rio inteiro. E tudo começa “mais ou menos em 1916”, diz Gasparani, referindo-se ao ano em que Donga registra “Pelo telefone”.

— Existiam outro sambas registrados, mas esse foi o primeiro sucesso — diz.

E a partir daí evoca o terreiro da Tia Ciata, as festas da Penha, os sambas de morro, as praças Onze e Tiradentes, a função do teatro de revista como ponte entre favela e cidade, a chegada do samba a Copacabana e aos EUA, sua transformação em bossa nova, sua politização em shows como Opinião e Rosas de Ouro, a moderna apropriação pela Tropicália, a sofisticada releitura de suas origens via Paulinho da Viola e por aí vai.

— Mostramos como o samba se relacionou como a ditadura e com a contracultura — diz Gasparani. — E depois disso há a sua volta ao lugar de origem, ao terreiro do clube Cacique de Ramos, nos anos 1980, e tudo o que surgiu daí e que o faz continuar vivo.

Serviço — “Sambra”

Onde: Vivo Rio — Avenida Infante Dom Henrique 85, Flamengo (2272-2900)

Quando: De hoje a sáb., 21h30m; dom., às 20h

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Quanto: De R$ 50 a R$ 200

Classificação: 16 anos



Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/cultura/teatro/de-donga-diogo-nogueira-100-anos-de-samba-15633431#ixzz3Ut3BNEIW

Um comentário:


  1. Diogo Nogueira é a nova revolução do samba. Grandes músicas como “Se gritar pega ladrão “ foram usadas como música tema no seriado “Vai Que Cola”. Além de interpretar a música para o programa ele também estrelou em um dos episódios .
    A música certamente está no seu sangue . João Nogueira ( pai de Diogo) foi um grande sambista dos anos 80 com várias sucessos ,como a música “Espelho” ,dedicada a seu pai depois de seu falecimento .
    Tão novo e cheio de cultura .Seguindo o caminho do pai virou um grande sucesso com a agenda cheia de shows e a letra de cada música na ponta da língua . Estrelando em vários palcos , vários programas , ele é presença constante em vários programas de televisão.
    Sua carreira de ator começou recentemente .Foi uma surpresa quando vi ele na tv atuando em uma série pois nunca pensei que ele pude-se ser um grande ator . Foi muito bom poder ver sua carreira crescendo e o numero de fãs aumentando .
    O samba na minha opinião é um modo de se expressar através da dança , do ritmo e da letra .
    Ele tem raízes africanas e é considerado uma das principais manifestações culturais brasileira . No carnaval do Rio de Janeiro o samba é a principal atração .
    Existem vários tipos de samba : o samba enredo , o pagode, o samba de raiz e o samba de breque. O samba é a grande paixão nacional,  que passa de pai para filho e continuará a conquistar gerações. Não deixe o samba morrer é o refrão de uma letra de que traduz a importância desse ritmo para a nossa cultura.

    Maria Antonia Rodrigues
    Turma 802

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