Hoje vamos falar sobre um dos livros mais famosos da literatura brasileira: Helena, romance escrito por Machado de Assis e publicado em 1876. A história é simples e fácil de ser assimilada. Trata-se do amor, dito "impossível", entre um rapaz e uma moça que, em princípio, são irmãos, mas que depois descobrem não existir grau de parentesco entre eles.
Para ler a obra, sugiro que você vá "sem preconceito", ou seja, tem gente que torce o nariz quando ouve falar em Machado de Assis, diz que não entende nada e que a linguagem é difícil. Besteira! Aliás, santa ignorância! Quer aprender a escrever bem? Uma sugestão é ler esse escritor. A época é bem diferente da nossa, por isso, vale a pena ver como as pessoas se comportavam antigamente, como eram os costumes, a moral, as atitudes, como se dava a paixão entre os jovens, enfim, uma aula de curiosidade.
Eis um pequeno perfil da obra. Boa leitura!
Ficha Técnica
Helena, 1876
Autor: Machado de Assis (1839 - 1908)
Escola Literária: Romantismo
Gênero: Romance Urbano
Temática central: Amor impossível, sacrilégio
Local: Rio de Janeiro do século 19
Narração: 3ª pessoa, narrador onisciente
Personagens
Helena — A protagonista da história. É bonita, dócil, afável e inteligente. Tinha entre dezesseis e dezessete anos.
Estácio — Outro protagonista, o suposto irmão de Helena. Filho de família tradicional patriarcal, foi educado à maneira antiga. Tinha vinte e sete anos, era formado em matemática.
Conselheiro Vale — Pai de Estácio. Possuía uma fraqueza que deixava sua mulher doente: o adultério constante.
D. Úrsula — Irmã do Conselheiro, tia de Estácio. Tinha cinquenta e poucos anos, era solteira e vivera sempre com o irmão, cuja casa dirigia desde o falecimento da cunhada. Dr. Camargo — Médico e velho amigo da família.
Eugênia — Filha de Dr. Camargo, noiva de Estácio.
Padre Melchior — Conselheiro espiritual da família do Conselheiro.
Luís Mendonça — Melhor amigo de aula de Estácio.
Salvador — Pai legítimo de Helena.
O romance — síntese
Helena foi publicado originalmente sob a forma de folhetim, no jornal "O Globo", entre os anos de agosto e novembro de 1876. A obra possui 28 capítulos e seu enredo transcorre de maneira linear. O romance inicia com uma morte e termina com outra.
Após a morte do Conselheiro, dá-se início à abertura do seu testamento; nesse momento, toma-se conhecimento da existência de Helena. Helena vem morar com a nova família em Andaraí, ganha a simpatia dos moradores da casa; nasce a paixão entre Estácio e Helena; a verdade sobre Helena é descoberta; Helena morre.
O ciclo do romance é fechado, não só por iniciar e terminar com uma morte, mas também porque, com a morte de Helena, tudo volta ao estágio inicial, antes da abertura do testamento: Estácio é novamente filho único, possui a posse integral da fortuna deixada pelo pai e pode se casar com Eugênia, sua paixão da infância.
A narração
A história é narrada em terceira pessoa, por um narrador onisciente.
A temática
Machado de Assis utiliza em Helena um tema muito explorado pelos autores românticos da época: a obsessão pelo amor impossível e seu consequente sacrilégio, devido à obediência às leis morais e sociais.
Tempo e espaço
A história se passa entre os anos de 1850 e 1851, aproximadamente um ano de duração. O espaço em que se passa a ação é o Rio de Janeiro, em uma chácara na cidade de Andaraí.
Características do autor na obra
Joaquim Maria Machado de Assis nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 21 de junho de 1839, no Morro do Livramento. Desde pequeno, sempre teve a saúde muito frágil: era gago, epilético, possuía problemas intestinais e na visão. Em 1897 é eleito presidente da Academia Brasileira de Letras, fundada no ano anterior.
Morre no dia 29 de setembro de 1908, no Rio de Janeiro. A carreira literária de Machado de Assis é marcada pela variedade de sua escritura: foi cronista, dramaturgo, jornalista, poeta, novelista, romancista, crítico e ensaísta. Suas obras podem ser divididas em duas fases bem distintas: uma romântica e a outra, realista. Helena está inserida na fase romântica.
Em Helena, podemos encontrar os seguintes estilos do autor:
a) Análise psicológica das personagens.
b) O humor inglês (não é o humor escrachado, mas aquele humor sutil, irônico, pessimista, melancólico).
c) O homem aparece como um ser irremediavelmente corrompido e sem saída diante de forças que comandam seu destino.
d) A linguagem é muito trabalhada e culta.
e) Reflexão sobre a mesquinhez humana e a precariedade da sorte humana. f) O Rio de Janeiro como cenário da obra.
g) Os traços fortes das personagens femininas em suas obras.
DIÁRIO CATARINENSE
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