sábado, 4 de janeiro de 2014

Artigo de Opinião - Camisinha contra sífilis, aids e HPV

Os casos de sífilis congênita, transmitida de mãe para filho na gestação, aumentaram 33% na última década no Rio de Janeiro, de acordo com a Secretaria da Saúde do Estado. Em alguns hospitais públicos fluminenses, a taxa de crianças que nascem infectadas chega a 10%. Um estudo de 2012, feito no centro da cidade de São Paulo, mostrou que quase um em cada cinco homens que fazem sexo com homens já se infectara com sífilis.

A sífilis aumenta as chances de transmissão do vírus HIV, causador da aids. Não é incomum detectar a infecção pelo HIV ao mesmo tempo que se diagnostica a sífilis. O risco de transmissão do HIV pelo sexo oral, considerado relativamente baixo, pode aumentar dez a 20 vezes quando algum dos envolvidos na prática tem sífilis.

O aumento nos casos de sífilis também revela o que já se desconfiava: o uso de preservativo tem caído, principalmente entre os mais jovens. Não é só a sífilis que eleva o risco de transmissão pelo HIV. A maior parte das doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) pode desencadear uma inflamação na região genital e abrir uma porta para o HIV.

A boa notícia na esfera da sexualidade, para as mulheres, vem de um artigo publicado na revista americana Cancer Prevention Research, em novembro. Ele mostra que uma dose da vacina contra o HPV (causador do câncer de colo do útero) pode conferir a mesma proteção contra o vírus que as três doses preconizadas atualmente. Isso traz uma importante redução no custo da prevenção da doença. É bom lembrar que, recentemente, o Ministério da Saúde garantiu para 2014 a vacinação contra o HPV para todas as jovens de 11 a 13 anos, com planos de expansão da faixa etária de cobertura já para 2015.

Além de proteger contra o câncer de colo do útero, a vacina pode, em teoria, proteger contra outros tipos de câncer relacionados ao HPV e, também, promover uma redução nas verrugas genitais, provocadas por outros subtipos do mesmo vírus. Novas pesquisas são necessárias para comprovar a eficácia da vacina única.

Em termos de tecnologias que podem ajudar na redução das DSTs, ainda é fundamental a vacina contra hepatite B, infecção viral hoje transmitida basicamente por via sexual. Ela está no calendário de vacinação oficial, mas nem todos os adolescentes brasileiros estão imunizados.

Mesmo com todas as novas tecnologias em saúde e prevenção, a melhor forma de garantir proteção mais ampla contra as novas e as velhas doenças sexualmente transmissíveis continua a ser o uso consistente da camisinha. O desafio é colocar essa ideia na cabeça de todos.
  
 
Jairo Bouer / Revista Época

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