quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Te Contei, não ? - Rugendas e o retrato do Brasil recém - independente

 

Livro reúne toda a obra do artista alemão sobre o Brasil e mostra como ele ajudou a construir a imagem do país recém-independente

Texto Marcus Lopes |
Muito do que conhecemos do Brasil do século 19 se deve à obra de artistas europeus que registraram em pinturas, gravuras e desenhos o cotidiano da população e a natureza exuberante dos trópicos. Um dos mais conhecidos é o alemão Johann Moritz Rugendas, cuja obra completa acaba de ser reunida no livro Rugendas e o Brasil. Em um álbum de 612 páginas, Pablo Diener e Maria de Fátima Costa reuniram mais de mil imagens. O conjunto aborda desde registros do cotidiano dos escravos na Corte até paisagens da Mata Atlântica, passando por cenas de cidades como Ouro Preto e Mariana, em Minas Gerais.


Nascido em 29 de março de 1802, Rugendas descende de uma família de artistas. Seu pai, Johann Lorenz, era um conhecido editor na cidade alemã de Augsburgo, onde nasceu. Formado pela Academia de Belas-Artes de Munique, o jovem pintor integrou a expedição do naturalista alemão Georg Heinrich von Langsdorff, então cônsul da Rússia no Rio de Janeiro, ao interior do país. O artista aportou no Rio de Janeiro em março de 1822. O grupo partiu em exploração dois anos depois.

Nos três anos em que permaneceu no país, registrou paisagens urbanas e rurais, matas nativas, bichos, escravos, índios e pessoas da alta-sociedade no litoral e no interior. O vasto trabalho resultou no álbum de gravuras Viagem Pitoresca Através do Brasil, publicado em Paris em 1835. Segundo Maria de Fátima, a riqueza do material não dispensa um olhar crítico sobre o trabalho na era pré-fotográfica. "O que o artista desenha ou pinta é uma versão daquilo que vê e vivencia. E a nós, como historiadores, cabe lê-las criticamente dentro do seu contexto".

A dupla de autores estuda Rugendas há 20 anos. As imagens foram garimpadas em acervos públicos e coleções particulares. "Publicamos tudo o que se conhece dele sobre o Brasil", diz Diener. "Rugendas, junto com Debret, é um dos mais importantes documentadores visuais do Brasil no início do período independente", afirma Maria de Fátima.

Saiba mais

Livro

Rugendas e o Brasil - Obra Completa, Pablo Diener e Maria de Fátima Costa, Editora Capivara, 612 páginas

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