Rubens Queiroz de Almeida |
Edição nº 11 - Agosto 2002
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Na verdade o título deste artigo é um tanto quanto redundante. Se existe algo que nossa sociedade faz muito bem, da escola à universidade e daí para o mercado de trabalho, é sufocar a criatividade.
Criatividade diz respeito a criar coisas novas ou descobrir maneiras diferentes de fazer tarefas antigas. A pessoa criativa é considerada perigosa por muitos, porque elimina o conforto da estabilidade. Estabilidade, para um grande número de pessoas, significa segurança.
Eu me lembro de fato interessante que ocorreu em meu primeiro emprego como programador de computadores. Eu havia recebido a tarefa de aperfeiçoar um programa de computador, vital para o bom andamento das operações da empresa. Com as mudanças que fiz, o tempo de processamento dos dados caiu, de alguns dias para apenas umas poucas horas.
Quando a implantação final estava sendo programada, eu fui informado pelo chefe de operações que eu deveria ir embora e esquecer tudo. Conformado, juntei minhas coisas e fui me despedir do superintendente. Este, por sua vez, furioso, chamou o chefe de operações e reativou os trabalhos. Esta conversa eu não presenciei, mas certamente deve ter sido interessante.
O que o chefe de operações tentava preservar era a estabilidade. O novo, representado pelo conjunto de programas desenvolvidos, embora com resultados excelentes, representava uma ameaça à situação atual, onde tudo funcionava bem. Mais uma vez entrava em cena o velho ditado:
A pessoa criativa frequentemente é ridicularizada. No livro Idéias Criativas: Como Vencer Seus Bloqueios Mentais, de James L. Adams, encontra-se uma passagem bem ilustrativa deste fato.
O caso acima ilustra bem o que ocorre com freqüência em praticamente todos os lugares onde estudamos e trabalhamos. Infelizmente são poucas as pessoas que conseguem lidar com críticas negativas, incorporando-as às suas idéias e ganhando com isto.
A pessoa criativa geralmente é muito otimista e pensa que tudo pode ser feito facilmente. Já o pessimista pensa que nada vai dar certo, e é uma questão de tempo até tudo dar errado. Enxerga defeitos em tudo.
Entretanto, os dois são necessários. O otimista tende a ignorar os problemas e o pessimista pode ser uma ajuda valiosa neste caso, apontando as falhas. O gerente de bom senso deve empregar estes dois talentos com sabedoria. Nunca coloque o pessimista para trabalhar nas fases iniciais de um projeto. Ninguém vai conseguir sair do lugar. A hora de se chamar o pessimista é depois que a idéia já foi consolidada e o protótipo já está pronto.
Li recentemente sobre uma empresa que tomava cuidados para isolar o pessimista dos demais, neste caso um engenheiro de grande talento. Este engenheiro tinha uma sala privativa e não podia nem mesmo se encontrar com os projetistas antes da hora certa, para não contaminá-los com seu negativismo. Mas sua contribuição era fundamental, pois suas críticas contribuíam para eliminar falhas que poderiam comprometer o sucesso do projeto. Já ouviu a história, o otimista inventou o avião e o pessimista o para-quedas?
Não interprete as críticas às suas idéias como limitações pessoais. Se existe alguma coisa errada, o erro pode estar na idéia, mas nunca em nós mesmos. Idéias podem ser aperfeiçoadas mas se nos convencermos de que não somos criativos, que nunca conseguimos pensar em algo bom, o problema fica bem mais complicado. Encare as críticas tentando obter delas o que de bom elas contiverem e use-as para aperfeiçoar as suas idéias. Críticas destrutivas, que visam a destruir a sua auto-estima, devem ser ignoradas.
Muitas pessoas reclamam que não são criativas, que não conseguem ter idéias e assim por diante. Esquecem-se que a criatividade não é um raio luminoso que desce no céu, nos oferecendo soluções prontas. Thomas Edison fez mais de 10.000 experimentos até conseguir aperfeiçoar a sua lâmpada elétrica.
Igualmente importante, não somos todos iguais. Podemos desenvolver um nível de competência de bom nível em praticamente todas as atividades em que nos envolvermos, desde que para isto estejamos motivados. Existem algumas áreas, entretanto, em que possuimos um potencial maior. Se nos dedicarmos a desenvolver nossas habilidades naturais certamente teremos resultados excelentes.
A criatividade, e isto já foi provado cientificamente em diversos estudos, pode ser desenvolvida. Não é um presente divino que apenas alguns poucos recebem.
Não se esqueça, e isto também já foi provado cientificamente, os otimistas e criativos são pessoas mais saudáveis, vivem mais e melhor, e são mais prósperas.
A criatividade é um assunto amplo e apaixonante. Gostaria de recomendar dois livros excelentes sobre o assunto, ambos traduzidos para o português. O primeiro deles chama-se Idéias Criativas: Como Vencer Seus Bloqueios Mentais, escrito por James L. Adams, Ediouro e o segundo é o Espírito Criativo, de autoria de Daniel Goleman, Paul Kaufman e Michael Ray, Editora Cultrix. Para mais recomendações de livros veja a bibliografia em nosso site (http://www.idph.net/bibliografia).
Para encerrar, gostaria de citar alguns casos famosos de erros de julgamento quanto a produtos e idéias de sucesso. Felizmente para nós os criadores destas idéias seguiram em frente e marcaram o mundo com seus feitos.
Referências Adicionais
Referências adicionais sobre os assuntos abordados neste site podem ser encontradas em nossa Bibliografia
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segunda-feira, 6 de janeiro de 2014
Te Contei, não ? - A Criatividade e como acabar com ela
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